segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A disseminação do joio

A disseminação do joio
“Mas enquanto os homens dormiam, veio o seu inimigo, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se” (Mateus 13:25).

            Recentemente o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) divulgou dados referentes ao crescimento populacional brasileiro nos últimos 60 anos. Em relação à religião, a comparação realizada entre o Censo de 1940 e o do ano 2000 mostrou uma redução significativa de católicos e um aumento considerável de evangélicos (cresceram de 2,6 a 15,4%). Sinceramente, acredito que o número da população que se diz evangélica é muito maior que o apresentado, mesmo considerando que milhares de católicos e evangélicos ficaram de fora da pesquisa. Esse total, portanto, corresponde apenas ao percentual exato dos que foram ouvidos.

            Deixando de lado os números, um outro aspecto merece, no mínimo, uma reflexão: eu não era nascido em 1940, mas pelo que ouço dos mais antigos e por aquilo que leio, ser evangélico, naquela época, apesar das grandes perseguições e dos estreitos espaços de atuação, era um exemplo de princípios morais e valores espirituais.

            Há 60 anos, ser evangélico era motivo de orgulho e de alegria para muitos. Qualquer um gostava de receber em sua casa uma pessoa evangélica. As igrejas não eram tantas (ainda nem existiam infinitas denominações), mas os poucos cristãos tinham um profundo compromisso com a Palavra de DEUS. Um evangélico era reconhecido de longe pelo seu vestir e seus procedimentos de justiça. Ninguém, naquele tempo, imaginava evangélicos comumente envolvidos em escândalos, como também não serem disciplinados pelas igrejas. Os cargos eram distribuídos conforme o compromisso que cada um tinha com CRISTO e os respectivos chamados. E por causa da forte resistência que possuíam, os cristãos eram capazes de colocar a prêmio suas cabeças por Amor do Evangelho.

            Se alguém chegasse em casa, por exemplo, comentando que seu chefe é evangélico, tanto os familiares como o empregado se alegravam e tinham mais confiança numa relação pautada no Amor e na Justiça. Ou seja, o chefe evangélico cuidava prioritariamente em preservar um bom testemunho frente a uma sociedade ímpia e corrompida. Valorizava e tratava bem a todos no ambiente de trabalho. Pastores, presbíteros, diáconos, ministros, bispos eram referência de Amor e dedicação à Palavra de CRISTO. Foi assim que a igreja de CRISTO foi se formando aqui na terra, principalmente pelo testemunho cristão.

Atualmente e infelizmente, uma significativa parcela da igreja evangélica vive das lembranças e da saudade desses líderes e desse tempo, os quais deixaram exemplos maravilhosos de conduta cristã para nós. Olhando firmemente para CRISTO, tinha-se a certeza de que, na terra, havia líderes sinceros e zelosos. A imperfeição do homem era trabalhada para se obter a perfeição de DEUS. Hoje, infelizmente, com muita freqüência, estão a pisar “sobre as cabeças dos irmãos”, dispersar ovelhas, e a usar a imperfeição humana como justificativa pelas más condutas. Quando não é isso, atribuem todo relaxamento e omissão a satanás, como que desejando se eximir da culpa e da irresponsabilidade, como fez o primeiro homem no Édem.

            Alguém duvida de que a igreja evangélica de antigamente tinha muito mais compromisso com a Palavra de DEUS, bom testemunho, do que a igreja de hoje? Afinal, o que terá acontecido de errado no desenvolvimento da “igreja evangélica”, especialmente no Brasil? Errou-se quando tentou adaptar a igreja ao mundanismo com o propósito único de encher os templos? Será que muitos se acomodaram na velha premissa “sou salvo para sempre e nada mais tenho a fazer senão aguardar a volta de CRISTO”? Ou será que muitos líderes, fascinados pelo grande número de pessoas e pela possibilidade da autopromoção, fizeram-se donos das igrejas e quiseram ser maior do que DEUS? Afinal, há de nos deixar impressionados os números divulgados pelo IBGE ou devemos buscar qualidade espiritual? Quem sabe, todas essas possibilidades juntas tragam a resposta à condição de miséria espiritual que um grande número de “evangélicos” se encontra no momento.

            É certo que a mentira sempre esteve no meio da igreja de DEUS, desde sua mais primitiva formação, com um poder enorme de persuasão. Na Bíblia Sagrada, há inúmeras referências aos falsos líderes presentes no meio do povo de CRISTO como a que consta em Mateus 7: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (vers. 15). Paulo, ao escrever uma segunda Carta para a igreja em Corinto, advertiu: “Mas o que faço, isso farei, para cortar ocasião aos que a buscam a fim de que, naquilo em que se gloriam, sejam achados assim como nós. Pois os tais, são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é de se admirar, pois o próprio satanás se transforma em anjo de luz” (11:12-14). Ainda no livro de Mateus temos uma séria advertência: “Pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Prestai atenção, eu vo-lo tenho predito” (24:24-25). O próprio JESUS conclui dizendo “prestem atenção”. Em outras palavras, o Nosso Salvador JESUS pede para ninguém cochilar nem se desviar do alvo para o prêmio da soberana salvação, quando um destes falsos evangélicos se introduzirem no nosso meio. “Fiquem atentos e não os sigam”. A mentira sempre esteve ao nosso redor, introduzida em nosso meio, mas ela jamais pode fazer morada em nosso coração nem ser prática do nosso viver. Quando cito o termo mentira me refiro, sobretudo, a uma vida sem frutos, morta, deleitada no pecado, de puro farisaísmo; encoberta apenas com uma máscara da verdade, sem desejo algum de arrependimento. Há falsos cristãos tão mortos quanto a máscara que usam, que “professam conhecer a Deus, mas negam-no pelas suas obras, sendo abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra” (Tito 1:16).

            Claro que em pleno século XXI há ainda líderes comprometidos com o Evangelho de CRISTO, como, por exemplo, da estatura e humildade de um Silas Malafaia e de um Josué Yrion, pessoas imperfeitas como nós, mas que oferecem a face em defesa do Evangelho de CRISTO e em cujos corações há o desejo ardente de preservar o Nome do Filho de DEUS sem manchas, rugas ou coisa parecida. Há ministérios abençoados como o do Diante do Trono, digno de ser chamado “Luz desse mundo”. Como também há pastores, ministros, presbíteros, diáconos, embora desconhecidos, que se fortalecem pelo poder da oração e pelo compromisso com o Evangelho Santo. Há um povo que ora e jejua; um povo humilde que clama, não se acomoda, que traz na alma as marcas de CRISTO; que abomina o pecado; não se corrompe nem troca a Justiça de DEUS pelas injustiças do mundo... Veja, meu irmão, se você se identifica com esse povo, que não usa máscara, que possui marcas nos joelhos e olhos cansados, aspecto de abatido; desconhecido dos homens, mas bem conhecido de DEUS.

            Eu prefiro me regozijar na existência desse povo, o qual eu chamo de irmão meu e Filho de DEUS, cuja densidade do crescimento o IBGE não pode aferir. Esse povo, verdadeiramente de CRISTO, cresce a cada dia em temor a Palavra, em santificação, em testemunho, em resultados. Para DEUS não importa se são 200 ou 200 milhões; se fazem parte da denominação A ou B. Importa, para DEUS, é saber que esse povo O busca diariamente e tem aprendido com o próprio PAI que santificação não é marca de camisa nem carteirinha de igreja. Santificação é vida com CRISTO e em CRISTO, demonstrada cotidianamente através das boas ações...

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