segunda-feira, 16 de abril de 2018

COLECIONAR PECADOS - O hobby não vale a pena

COLECIONAR PECADOS - O hobby não vale a pena

1.    INTRODUÇÃO


Vocês se lembram da parábola do bom samaritano?

Nela Jesus relatou a história de um homem ferido e caído numa estrada, que precisava urgentemente de socorro. O sacerdote que ali passou apertou o passo e não prestou socorro. A omissão foi um erro, não há dúvida, e tal conduta mereceria reprovação de qualquer homem com apurado senso de justiça. A omissão na prestação de socorro, inclusive, é matéria tratada no nosso Código Penal, artigo 135:

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Mas a avaliação sobre o que é ou não justo encerra a idéia do que é PECADO? Afinal, todos nós erramos, até de forma automática, no convívio do dia-a-dia, nas relações amorosas, nos contatos no trabalho, no trato com os filhos e também falhamos, muitas vezes, em relação a Deus.

E daí vêm várias perguntas: O que é pecado? Eu tenho pecado? Existe pecado pior ou “melhor”?

Embora não seja do feitio do homem assumir suas falhas, temos que admitir que a preocupação em “atender” às divindades, ou seja, não agir no sentido contrário do interesse dos deuses, remonta à Antigüidade.

Não é sem motivo que sacrifícios humanos ou de animais eram feitos no sentido de evitar calamidades naturais como: não ser atingido pelos raios e vulcões, ter boas colheitas, ou manter a fertilidade.

Paulo, ao visitar o Aerópago, deparou-se exatamente com esse conceito, pois ali existiam altares para uma série de deuses, e, por via das dúvidas, um para O DEUS DESCONHECIDO.

Talvez por isso, qualquer pessoa que tenha um senso de espiritualidade, e não esteja envolvida na falsa idéia de que tudo acaba aqui (Sl 53:1), já meditou sobre o que é pecado... e tal preocupação faz sentido.

O profeta Isaías avalia a posição divina em relação ao homem e afirma que os pecados são a única “barreira” que pode ser interposta entre o humano e o Eterno (Isa 59:1-2).

Esta mesma posição é reafirmada em outros textos (Nm 11:23; Isa 50:2) e o pecado é qualificado no Novo Testamento como o que possui um salário indesejável por qualquer pessoa: “a morte”. (Rm 6:23).

Sendo então o pecado tão devastador, é importante considerar as palavras do sábio Salomão que desafia alguém a “guardar no seu peito o fogo consumidor do pecado” (Pv 6:27-28).

A idéia seria lançar para longe tal entidade peçonhenta, como faríamos com qualquer cobra, escorpião, ou outro ser mortal e venenoso.

Mas será que temos avaliado corretamente como ele é, se comporta e nos afeta?


2.    A AVALIAÇÃO HUMANA DO PECADO


A avaliação do homem quanto à realidade do pecado tem variado ao longo dos séculos, e também oscila nas diferentes regiões do globo, de tal modo que coisas consideradas erradas, tempos atrás, não têm hoje o mesmo peso, e há práticas ocidentais e orientais que se chocam, dependendo do povo que as cultiva ou repele.

Por essa razão, a opinião do homem sobre como Deus vê o seu comportamento é, via de regra, equivocada, envolvendo muitos erros conceituais.

Tendo como base os mandamentos da lei divina, poderíamos lançar em um quadro sintético algumas determinações que fazem parte do mesmo conceito, mas que são vistas de modo diferenciado por nós, seres humanos:




NÍVEIS DE RESISTÊNCIA, REVOLTA E REPÚDIO DO HOMEM PARA DIFERENTES TIPOS DE PECADOS.



RESISTÊNCIA ALTA

Homicídio Ex 20:13
Praticar atos imorais Ex 20:14
Roubar do próximo Ex 20:15

RESISTÊNCIA MEDIANA

Aborrecer ao próximo I Jo 3:15
Pensar imoralidades Jd 23; Cl 3:2; Mt 5:27-28.
Enganar ao próximo II Tm 3:13; I Ts 4:6.


RESISTÊNCIA BAIXA

Odiar ao próximo
IJo 4:20; 2:11; Hb 12:9-15.
Usar palavras torpes Cl 3:8; Ef 4:29.
Cobiçar o que é do outro Ex 20:17; At 20:33.
Ser invejoso e soberbo Tg 3:14-16; 4:2; I Cr 3:3; I Pe 2:1.
Ser mentiroso I Jo 2: 21; Ef 4:25; Ap.



3.    SELECIONANDO PECADOS

Provavelmente diante da dificuldade em entender as coisas espirituais, pois o homem natural não as discerne (I Cor 2:14), as religiões definiram suas próprias regras de conduta.

A Igreja Católica, sem dúvida originária daquela primitiva de Atos dos Apóstolos, foi, ao longo dos séculos, “criando algumas normas” lançadas no “catecismo”, definidas como verdadeiras “leis” para seus fiéis.

Observe quer se um catecismo repete a Bíblia, ele é praticamente desnecessário, pois não possui conteúdo explicativo e, se diverge da Bíblia, torna-se nulo em sua utilidade (Gl 1:8).

Essas adaptações continuam a surgir em todas as organizações religiosas e, infelizmente, fogem da doutrina pura, algo registrado, inclusive, em relação às sete igrejas do Apocalipse, onde a de Éfeso havia deixado seu “primeiro amor” (Ap 2:1-(4)-7).

Dentre as “inovações” introduzidas está a “seleção de pecados” em dois grupos: os veniais e os mortais.

Embora exista alguma polêmica sobre a descrição dos pecados “mortais”, incluindo alguns a ausência à missa ou a não-confissão de erros cometidos ao sacerdote em seu escopo, a listagem clássica envolve os seguintes itens:

LUXÚRIA, ORGULHO, AVAREZA, INVEJA, GULA, RAIVA, PREGUIÇA.

Em absoluto defendemos que tais pecados sejam de menor importância, isentos de resultados de morte eterna, mas entendemos, claramente, que eles podem ser desdobrados, de acordo com a Palavra, formando uma lista bem maior, e que a presente relação possui omissões importantes:

Vamos situar estes pecados no contexto bíblico e verificar seus fundamentos e reflexos:

LUXÚRIA: Identifica-se com uma parte dos frutos da carne, envolvendo os sentidos do homem agindo de forma livre, sem o controle divino, moderação, pureza ou santidade (Prostituição, impureza, lascívia: Gl 5:19). Como a santidade é algo que precisa ser levada à prática para se chegar ao Senhor (sem santidade não se pode: Hb 12:14), isso pode constituir sério entrave.

ORGULHO: Uma outra denominação para a “soberba” uma das “pernas” do “tripé” que sustenta a relação do homem com o mundo, juntamente com a concupiscência dos olhos e aquela da carne (I João 2:16). Como amar o mundo representa não amar a Deus (I João 2:15), certamente se está fazendo uma escolha errada ao se prender ao orgulho.

AVAREZA: O amor ao dinheiro (e não o dinheiro em si mesmo) é a raiz de todos os males (I Tm 6:10), e Jesus nos explicou que não é fácil para alguém cheio de bens estar disposto a deixar tudo e segui-lo, não sendo, contudo, permitido servir, ao mesmo tempo, a Deus e às riquezas (Mt 6: 24; Lc 16:13). Parece que estamos mais diante de um complicador na liberalidade de buscar as coisas eternas do que diante de um pecado mortal.

INVEJA: Boa parte do decálogo trata de não se cobiçar aquilo que pertence ao próximo e isso nada mais é que a inveja (Ex 20:17), sendo que o Novo Testamento também recomenda a não-existência de inveja em nosso coração (Gl 5:21-26; I Cor 12:20; Tg 3:14). Estamos falando, então, de algo que permeia todo nosso agir e tem relação com o estado de espírito do homem, que terá seu coração onde tiver seu tesouro (Mt 6:12).

GULA: Quando os homens não têm expectativas eternas, se firmam absolutamente no que é presente, e, por isso, surge a máxima: “comamos e bebamos porque amanhã morreremos” (I Cor 15:32), sendo inadmissível pensar que “não somente de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra que procede de Deus” (Mt 4:4). Isso nos mostra que a moderação é resultado de pensarmos nas coisas lá de cima (Cl 3:22) e não um regime alimentar apropriado, embora a glutonaria seja mencionada por Paulo (Gl 5:21).

RAIVA: A ira, diferentemente do ódio, é uma reação instintiva do ser humano, e, por essa razão, sequer é qualificada como um pecado pela Palavra, que nos orienta: “irai-vos, mas não pequeis, não se ponha o sol sobre a vossa ira (raiz de amargura: Hb 12:15)” (Ef 4:26).

PREGUIÇA: Existem claras recomendações do sábio Salomão a respeito da preguiça, mas não é ela indicada como um pecado direto contra Deus que pudesse levar para a morte eterna, mas sim como algo que gera a pobreza (Pv 6: 1-1).

Se quisermos colocar, lado a lado, dois tipos de situações espirituais, não seria adequado fazê-lo com grandes e médios pecados, mas sim com os frutos da carne e o fruto do Espírito (Gl 5:19-22). FRUTOS DA CARNE versus FRUTOS DO ESPÍRITO.

Interessante seria a comparação de tal listagem com as informações trazidas pelas Escrituras, de modo especial aquelas contidas no texto final da Bíblia, no livro do Apocalipse:

“Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos. E aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicários, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda morte.” (Ap 21:8).

“Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus?”
“Não erreis, nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus”. (I Cor 6:9-10).

Gal 5:19-21; Ef 5:5; I Tm 1:9

É possível, mesmo à primeira vista, notar que estão faltando alguns itens na lista de pecados cuja conseqüência seria a morte eterna.

Podemos perguntar onde estão:

A MENTIRA
A IDOLATRIA
A FEITIÇARIA
O MEDO POR INCREDULIDADE
A BEBEDICE

Na realidade, as instruções trazidas pelo apóstolo que presenciou a visão     do livro do Apocalipse, em sua primeira carta, não apresentam suporte para uma relação de pecados, mas simplesmente identificam um único pecado “para a morte”, que já havia sido apresentado por Jesus:

“Qualquer que comete pecado, também comete iniqüidade, porque o pecado é iniqüidade.” (I Jo 3:4).

“Toda a iniqüidade é pecado: e há pecado que não é para a morte”. (I Jo 5:17)

“Portanto eu vos digo: Todo pecado de blasfêmia se perdoará ao homem; mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada aos homens” (Mt 12:31).

I Jo 5:16; Mc 3:28-30; Lc 12:10; At 7:51; Hb 6: 4-6

Sobre o pecado para a morte (aquele para o qual não há perdão), voltaremos a tecer considerações, mas cabe aqui o registro de que as palavras do apóstolo nos remetem à síntese feito por Jesus sobre o cumprimento da lei entregue por Deus a Moisés, quando questionado a esse respeito pelos religiosos da época:

...“Mestre, qual é o grande mandamento da lei?”
“E Jesus disse-lhes: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.”
“Este é o primeiro e grande mandamento”.
“E o segundo semelhante a este é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”... (Mt 22:34-40).

Mc 12: 28-34; Lc 10:25-27

INIQUIDADE = MALDADE (FAZER MAL) = PECADO = FALTA DE AMOR AO PRÓXIMO = FALTA DE AMOR A DEUS

Amar a Deus passa pelo amor ao próximo, pois ninguém pode dizer que tem um sentimento por Deus, a quem não viu, se não o nutre pelo irmão a quem vê: I João 2: 3-11 e 4:21 e 5:1-2; II João 5.

De certa forma, estamos concluindo que não existem pecados “mortais” e “veniais”, mas que todo pecado implica morte (Rm 6:23).

Tiago nos apresenta uma figura que pode se assemelhar àquela de um ‘jogo de palitos”, onde a pessoa se esforça, mas a falha em pegar uma das peças e destrói o conjunto todo, levando à derrota:

“Porque qualquer que guardar toda aa lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.” (Tg 2:10)

4. O SOFISTICADO PENSAMENTO DIVINO

    Os homens, com sua mente natural, e envoltos em formalidades religiosas, parecem estar fazendo uma conta de “chegar”, mediante a qual avaliam boas e más ações buscando um resultado final que lhes seja favorável.

    Mas veja que este método matemático respeita somente o que é material e visível e não alcança a mentalidade do Senhor do Universo (Isa 55:6-11), cuja relação para conosco se situa na base da fé (Hb 11:1-6; João 20:29), e cuja perspectiva não aquela da aparência, mas do sentimento interior do coração do homem (I Sm 16:7).

    Deus trabalha de uma forma que pode ser considerada surpreendente, e foi em função disto que Jesus “atualizou” as normas vigentes na Lei Mosaica:

1.    Ele advertiu sobre as “palavras ociosas” (Mt 12:33-37).
2.    Falou sobre conseqüências dos “escândalos” que poderiam deixar alguém fora do Reino de Deus, valendo a pena arrancar um membro para que isso não acontecesse (Mc 9:42-50).
3.    Transformou as “falhas do agir” em “falhas do pensar”, com os mesmos níveis de gravidade diante de Deus (Mt 5: 17-48).

É fácil entender que existem muitas formas de cometermos falhas diante de um Deus que é perfeito e Santo, Santo, Santo (Isa 6:3):

Falhamos por:

a-    Incredulidade (tudo que não é de fé é pecado: Rm 14:23)
b-    Desobediência (exemplo do erro inicial de Adão: Gn 3:1-24).
c-    Desrespeito às ordens diretas de Deus para nós (como agiu Saul sobre os inimigos: I Sm 15: 1-31).
d-    Pretensão e cobiça de poder e fortuna (Acã: Jos 7: 1-26; Eli e seus filhos: I Sm 2:1-36 e 4: 18-22).
e-    Omissão (saber o bem e não fazer é pecado): Tg 4:17, como nos mostra a parábola do bom samaritano, onde os religiosos viram o homem ferido, e passaram ao largo: Lc 10: 25-37).
f-    Descaso ou imprudência com as coisas de Deus (Sansão se deixou levar, mais de uma vez, e acabou derrotado: Jz 16).
g-    Descaso e concupiscência (atingiram Davi, que deixou de sair à guerra com seus homens e acabou por ser levado a dois erros importantes: II Sm 11: 1-26; II Sm 15:24; II Sm 24: 10; Jô 7: 20-21; Pv 28:13; Mq 7:18).
h-    Desobediência e incredulidade (A morte de Uza ao tocar a arca do Senhor foi um ato de incredulidade que seguiu a uma forma de transporte não proposta por Deus, que determinara que a arca seria levada às costas de homens e não em carros, não podendo ser tocada: II Sm 6; Nm 7:9 e 4: 6-15).

Temos que levar em consideração que todos nós erramos de forma automática, induzidos por nossa natureza carnal, conforme enfatiza o apóstolo Paulo (Rm 7: 7-25).

Muitas vezes, consideramos os erros que cometemos de forma comparativa com os dos outros. Se todos mentem, eu minto, se todos são imorais serei imoral, se todos são desonestos serei desonesto.

Tal atitude contraria a ordem direta do Senhor, apresentada não hoje, mas há milhares de anos, quando determinava que ninguém deveria “seguir a multidão para pecar” (Ex 23:2).

5. A AMPLITUDE DO ERRO.

De nada adianta ao homem apresentar um álibi sobre a questão do pecado original, ponderando que não havia nascido quando da falha de Adão e Eva:

“Pelo que, como por um homem (Adão) entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram”. (I Cor 15:22-45).

A Palavra especifica que por um homem o pecado atingiu a todos de forma que, diante de Deus, todos pecaram (Rm 3:23).

    Neste instante, poderíamos perguntar: È possível “zerar” pecados? E a resposta seria “NÃO”, uma vez que nada existe na posse do homem que lhe permita “pagar o preço de sua alma” (Sl 49:8).
   
6. PODERIA HAVER UMA SEGUNDA ÉPOCA?
   
    Diante de uma situação tão complexa, é lógico que pretendamos uma segunda chance, como havia na escola antigamente, chamada segunda época, ou hoje denominada “recuperação”.

    A teoria de um purgatório já se apresenta desde a antiguidade, com Platão falando de um lugar subterrâneo de sofrimento pós-morte, Roma admitindo um local de penúria depois da morte, mas sem esperança, e os egípcios realizando procedimentos religiosos pelos mortos de forma bem ligada ao chamado purgatório.

    No “Catecismo”, o mencionado “Purgatório” se apresenta nos seguintes termos:

    “Todos que morrerem     na graça e comunhão com Deus, mas ainda imperfeitamente purificados, têm a garantia da salvação eterna; mas após a morte passam por uma purificação, de forma a obter a santidade necessária para entrar no gozo dos céus. A Igrejas dá o nome de Purgatório a esta purificação final....” (Catecismo pg 268 parágrafo 1030, 1031).

    A teoria do purgatório buscou respaldo na Bíblia utilizando um livro que nem mesmo os católicos aceitam como inspirado, o apócrifo Macabeus.

    Essa concepção de um lugar onde as pessoas irão receber uma “última demão de polimento”, para se santificarem, apoiados, inclusive, por missas solenes e orações dos parentes e amigos vivos, não encontra respaldo na Palavra.

    No Apocalipse, com a aproximação do tempo do fim e a conseqüente apresentação dos habitantes da terra diante de Deus, está registrada uma colocação que mostra não ser possível fazer ajustes de última hora:

    “Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se”. Ap 22:11

    A idéia do purgatório volta a fazer aquela conta de “chegar a tanto”, na idéia de que os pecados são pagos por práticas dos que estão na terra, para assegurar a “salvação eterna”.

    Infelizmente, para aqueles que pensam poder levar a busca da salvação para uma outra vida, a mensagem da palavra de Deus fala outra linguagem:

A-    A salvação é ato de fé, que até gera obras corretas, mas que não pode ser contabilizadas a favor da eternidade do homem (Ef 2:8-9).
B-    Não é o sofrimento humano que propicia a sua redenção, uma vez que “fomos sarados pelos sofrimentos de Jesus” (Isa 53:5).
C-    Para entrar no reino de Deus de forma correta, ou seja, pelas portas, precisamos ter “nossos vestidos lavados no sangue de Cristo” (Ap 22:14).
D-    Os que estão em Cristo, ou em comunhão com Deus, estão completamente “livres de condenação”, grande, média ou pequena (Rm 8:1).
E-    Ao homem compete viver uma única vez e depois disso não vem uma purificação, mas sim o juízo eterno (Hb 9:27).
F-    O lugar dos mortos que dormiram em “graça e comunhão com Deus” é de descanso e nunca um lugar para purgar pecados (Ap 14:13),
G-    Na parábola do rico e do Lázaro, que simboliza a vida após a morte de um ímpio e de um justo, são mostrados dois lugares distintos, de repouso e de punição, sem que exista um alternativo e intermediário (Lc 16: 19-31).
H-    Conforme declara o rei Davi, não há como obter redenção ou perdão para os parentes mediante ações humanas depois de sua morte (Sl 49:7-9).

Não estamos aqui fazendo críticas aos procedimentos da Igreja Católica, cabe aos seus líderes responder sobre isso diante de Deus (Rm 14:12), mas é nossa responsabilidade esclarecer qual a realidade que pode influenciar a salvação da minha e da sua alma.

Esta teoria de se “viver a vida terrena de qualquer modo” e depois, por uma confissão ouricular feita a homens, contrição, e, se não for suficiente, um purgar de pecados na eternidade, é um verdadeiro salto no abismo, do qual ninguém voltará.

A Bíblia Sagrada nos afirma que a salvação não está nos céus, ou em um futuro distante, mas em nossos lábios e presente hoje (Rm 10:8):

“Temamos, por que, por ventura deixada à promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás...”

“Se hoje ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações” (Hb 4:1-7)


7. E AGORA JOSÉ?

    Esta breve análise da questão dos pecados e de sua possível remissão nos leva a admitir que:

1, O pecado nasce de Adão, pois sua desobediência ao Senhor trouxe como que um efeito genético sobre nós e todos ficaram sob a ação do pecado (Rm 5:14).
3.    O pecado passou a integrar a natureza do homem, de tal modo que ele tem desejo de agir na contra-mão da vontade divina (Gn 6:1-12).
4.    O resultado do pecado é nada mais, nada menos, do que a MORTE (Rm 6:23).
5.    Não há providências materiais do homem que possam lhe garantir superar seus erros (Gl 2:16; Ef 2:9; Rm 3:20).
6.    A questão da remissão da alma tem que ser resolvida agora e não após a morte (At 16:31; Jo 3:18; Mc 16:16; Jo 4: 42).

Este conjunto parece nos levar para um “beco sem saída”, mas, para a nossa felicidade, essa não é a verdade, uma vez que o único que era rico o bastante para comprar nossa redenção, Deus, já tomou a iniciativa.       

Voltando ao texto que nos trouxe a figura de Adão temos as seguintes palavras do apóstolo Paulo:

“Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que receberam a abundancia da graça, e o dom da justiça, reinarão em vida por um só – Jesus Cristo”.(Rm 5: 17-19).;

A atitude divina foi em tudo original e espontânea, não resultado de nosso “bom comportamento”:

“Nisto está a caridade, não em que nós tenhamos a amado a Deus, mas em que Ele nos amou anos, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados”. (I João 4:9-10).

A esta altura, se alguém considera que seus pecados são muito complexos e impossíveis de serem revertidos meramente pela graça divina, esta pessoa deve ouvir a promessa trazida por Deus ao profeta Isaías:

“Vinde então, e argüi-me. Diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”. (Isa 1:18) (Isa 43:25).

João nos fala sobre a condição de quem anda diante de Deus, por fé, em Jesus Cristo:

“Mas se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todos os pecados”. (I João 1: 7).

Note que não estamos falando de sermos perfeitos, religiosos, ou de purgarmos pecados por sofrimento, mas de andar na luz, ou seja, diante de Jesus, que é a “luz do mundo” (João 8:12).


8. A NOSSA PARTE.

    Se a iniciativa é de Deus, e a Ele cabe o planejar e o realizar (Fp 2:13), não sendo as nossas “boas obras” ou “sacrifícios” algo suficiente. Então, o que nos resta para fazer?

    Na realidade, Deus não impõe qualquer ação ao homem, mas lhe confere o “livre arbítrio” de escolher, aqui e agora. Por essa razão, você deve adotar os seguintes passos básicos:


1.    Não ocultar erros, mas reconhecê-los (Sl 32: 1-4; Isa 29:15).
2.    Confessar erros e pecados a Deus (Sl 32: 5; I João 1:9; Pv 28:13).
3.    Crer em Jesus de coração, confirmando tal fato com a afirmação dos lábios (Rm 10:9-11).
4.    Deixar a ação do Espírito nos guiar por um caminho novo, pois ao crer em Jesus, somos “novas criaturas” (João 3: 3-6; II Cor 5:17; Gl 6:15).

Deus o ama muito.

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