segunda-feira, 9 de abril de 2018

O silêncio de Deus

O silêncio de Deus 

Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio (Lm 3.26)

Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus a Paz do Senhor.

Nesta Matéria estaremos enfocando a vida de dois personagens bíblicos que se submeteram ao silêncio de Deus, que foram Jó e Habacuque, mas, que finalmente Deus lhes deu a vitória. Vamos acompanhar.

Quando alguém se silencia é porque alguma coisa aconteceu, será que Deus pode ficar em silêncio será que o silêncio de Deus não quer dizer algo para nós?

1. Quando você tem orado muito - e não tem uma resposta isso é silêncio de Deus ( Note bem o silêncio não é sintoma de que Ele não está vendo 2 Cr 16.9 , Pv 15.3 , Hb 4.13 )
Às vezes derramamos nossa vida em pranto e Ele se cala A resposta não chega.

2. Quando você é provado - na moinha é duro de entender o silenciar de Deus, sofrimento, desespero, lutas que parece não ter fim e Deus em silêncio, você pergunta Ele não responde faz SILÊNCIO

Seu Silêncio dói

Seu Silêncio prova

Seu Silêncio machuca

Seu Silêncio traz angústia

Seu Silêncio fere

Mas então o que fazer?

1. Entender que até no silêncio Ele está trabalhando ( Is 64.4 )

2. Ter confiança e fé que Ele está em silêncio, mas está do teu lado ( Mt 28.20 ) e jamais vai deixar você perecer

3. Descansar no silêncio - I Pe 5.7

Para tudo tem um fim

Para tudo tem um novo começo

Para tudo há solução

Para tudo tem um tempo

Entenda uma coisa as vezes é no silêncio que se chegamos mais a Deus.

Ás vezes as palavras só atrapalham. A Bíblia diz em Jó 2:13 “E ficaram sentados com ele na terra sete dias e sete noites; e nenhum deles lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande.” 

Em silêncio podemos mostrar respeito a Deus. A Bíblia diz em Sl 46:10 “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra.” O silêncio é parte da reverência. A Bíblia diz em Hb 2:20 “Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra; cale-se diante dele toda a terra.”

Deus passeava pelo jardim à tardinha. Era possível ouvir sua voz. Ele gostava de conversar com o homem e com a mulher. Mas hoje é distância, é separação, hoje impera o silêncio.

Nunca mais Deus se comunicou com tanta liberdade assim com as pessoas. Talvez Moisés seja quem mais chegou perto do que Adão e Eva experimentaram. Ele ouvia diretamente a voz de Deus e até viu sua canela uma vez.

Os profetas no Antigo Testamento ouviram de Deus apenas as revelações e direções para a vida do povo hebreu. Já não era um bate-papo de amizade.

Com o Pentecostes — e todo o movimento pentecostal dos nossos dias — as pessoas podem experimentar ouvir a voz de Deus, às vezes no seu interior por meio do Espírito Santo, às vezes em “voz audível” como relatam alguns cristãos. Eu não duvido de nada, até porque eu sei bem do que eu já vivi.

Mas por que será que nunca mais foi como no Éden? Por que se instalou o silêncio de Deus?

Misteriosa coisa é o silêncio de Deus.
Por vezes tantas estranhamos os motivos pelos quais Deus não reage à fúria dos violentos, à arrogância dos opressores, à ganância dos corruptos.

Até quando - indagamos perplexos - os ímpios, do alto da sua soberba, continuarão a zombar os fracos, a ridicularizar a justiça e a alardear aos quatro cantos: "nada me abalará, desgraça alguma me atingirá, nem a mim nem aos meus descendentes"?
Por que Deus permanece em silêncio? Por que não responde à oração dos aflitos?


O salmista fêz a si mesmo perguntas idênticas. E só encontrou uma resposta: é preciso continuar confiando no Amor e na Justiça de Deus, ainda que não se manifestem quando queremos ou esperamos. Continuar confiando que o Senhor não se esquece dos necessitados ouve a súplica dos oprimidos, reanima e atende aqueles que clamam por justiça.

A resposta divina virá. Nenhum opressor permanecerá seguro em sua torre. Porque a mão de Deus é mais forte e poderoso do que qualquer fortaleza humana.
Melhor é, pois, buscarmos refúgio na fortaleza divina.

Ah Deus. Mais uma vez eu venho diante de Ti. Deus, o Senhor sabe há quanto tempo tenho esperado respostas que venham de Ti.

O Senhor sabe que tenho confiado e aguardado por Ti. Mas Deus, porque o Senhor continua em silêncio? Porque o Senhor não me responde? Eu preciso tanto de respostas e o Senhor insiste em continuar em silêncio. Por quê?

Você já deve ter feito uma oração assim a Deus, talvez não exatamente a mesma, mas pelo menos uma parecida. A nossa tendência, como humanos é questionar a Deus.
Questionar a Sua sabedoria, o Seu tempo e o Seu silêncio.

Em meio à lágrimas, dores, inquietações, angústia, clamamos a Deus por resposta. Mas Ele permanece em silêncio.

Eu sei de alguém que fez essa oração. Alguém que não agüentava mais o silêncio de Deus. Alguém que não entendia o porquê de tanto sofrimento, de tanta dor, de tanta angústia.

I. Deus fica em silêncio com o Patriarca Jó.

"Eu ainda estou revoltado e me queixo de Deus; não posso parar de gemer. Gostaria de saber onde encontrá-lo; gostaria de ir até o lugar onde ele está para levar a ele a minha causa e apresentar todas as razões que tenho a meu favor." Jó 23:1 e 2

Muitas vezes, nos sentimos como Jó. Revoltados. Cansados. Achando que não merecemos passar pelo que estamos passando. Somos "bons" demais para tal situação. E queremos levar uma lista de queixas diante de Deus. Gostaríamos de perguntar-Lhe o porquê dessa situação? Por quê?

E ai vem duas grandes lições. Primeiro, a resposta do amigo de Jó:

“Mas eu lhe digo que você não tem razão, pois Deus é maior do que as criaturas humanas. Por que você acusa Deus, afirmando que ele não dá atenção às nossas queixas? Deus fala de várias maneiras, porém nós não lhe damos atenção.” Jó 33:12-14

E como fala! Ele fala de várias maneiras! Deus usa a Palavra dEle para falar com você. De diversas formas. Ele usa pessoas ao seu redor para falar com você. Ele usa seu pastor, seus líderes, Ele usa músicas, sua família e se tudo isso não bastar, Ele sempre vai achar uma forma de falar ao seu coração.

"Antigamente, por meio dos profetas, Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos nossos antepassados, mas, nestes últimos tempos ele nos falou por meio do seu Filho. Foi ele quem Deus escolheu para possuir todas as coisas e foi por meio dele que Deus criou o Universo." (Hb 1.1 , 2)

- Deus sempre fala, mas muitas vezes somos nós que não queremos ouvir. Não Lhe damos atenção, como diz o versículo. Sabe por quê? Porque Ele não nos dá a resposta que queremos ouvir, e continuamos achando que Ele não fala.

- Deus fala mesmo no silêncio. Quando você acha que Deus não te ouve; você já cansou de chegar até Ele e parece que Ele está tão distante. Ele está falando.

E no silêncio de Deus, Ele pode estar te falando duas coisas: -Espere, aguarde, confie, descansem Mim. Ou - Você pode estar em algum pecado. E Ele até ta te mostrando isso, mas você finge que não vê. Ele está esperando que você corra até Ele para pedir perdão e verdadeiramente se arrepender.
O que aconteceu com Jó então?

"O Senhor disse-lhe: Notaste o meu servo Jó? Não há ninguém igual a ele na terra: íntegro, reto, temente a Deus, afastado do mal." Jó 1: 8
"Jó não cometeu pecado algum..." Jó 1:22
Notamos pelo contexto, que ele não estava em pecado nenhum. E as desgraças sobre a sua vida já começam a acontecer no capítulo 1. Então porque o silêncio de Deus? Deus só responde a Jó 37 capítulos depois. No capítulo 38. E é aqui que tiramos a nossa segunda lição.

Quando Deus, em meio a uma tempestade responde a Jó, sabe o que Ele responde? Deus não responde assim: - Olha Jó, isso aconteceu com você porque… por causa disso e disso.
Não.

“As suas palavras só mostram a sua ignorância; quem é você para pôr em dúvida a minha sabedoria? Mostre agora que é valente e responda às perguntas que lhe vou fazer. Onde é que você estava quando criei o mundo? Se você é tão inteligente, explique isso.

Você sabe quem resolveu qual seria o tamanho do mundo e quem foi que fez as medições? Em cima de que estão firmadas as colunas que sustentam a terra? Quem foi que assentou a pedra principal do alicerce do mundo?

Na manhã da criação, as estrelas cantavam em coro, e os servidores celestiais soltavam gritos de alegria. Quando o Mar jorrou do ventre da terra, quem foi que fechou os portões para segurá-lo? Fui eu que cobri o Mar com as nuvens e o envolvi com a escuridão.

Marquei os seus limites e fechei com trancas as suas portas. E eu lhe disse: "Você chegará até este ponto e daqui não passará. As suas altas ondas pararão aqui." Jó, alguma vez na sua vida você ordenou que viesse a madrugada e assim começasse um novo dia? Jó 38: 2-12 (E sugiro a leitura do restante do capítulo, que só nos mostra o maravilhoso poder de Deus.)

Não temos o direito de questionar a Deus. Não temos o direito de questionar a Sua sabedoria, o Seu poder e o Seu tempo. Não temos o direito de questionar sobre a forma como Ele age. Apenas temos o dever de ficar quietos.

E no fim de tudo isso, Jó aprendeu a sua lição. E nos deixa uma das declarações mais lindas de toda a Bíblia.
Declaração esta, que deveria ser a de todo cristão.

"Antes eu Te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos." Jó 42:5

II. Habacuque fica à espera de respostas

"Por-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza, e vigiarei para ver o que Deus me dirá, e que resposta eu terei à minha queixa " (Hb 2.1)
Habacuque foi um homem de muitas perguntas. Fez muito mais perguntas do que obteve respostas.

E mais: ele viveu num tempo no qual questões eram realidades que floresciam na alma humana como a erva no campo depois de uma noite de chuva. Isso porque no tempo da perplexidade a alma produz mais perguntas do que respostas.

Pergunta é uma incontrolável coceira que dá na alma em tempo de agonias sem solução. A coceira da pergunta é comichão incontrolável que se nega a parar de coçar enquanto o nervo mais sensível da alma ainda não está exposto. Habacuque estava com essa comichão existencial.

O Deus que não responde as orações
Primeiramente Habacuque queria saber o "por que" de suas orações não estarem sendo respondidas. Ele orava pelo país e buscava em Deus uma solução para a situação de calamidade na qual a nação se encontrava, mas Deus não lhe dizia nada:

"Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei; violência! e não salvarás?"

Poucas coisas são mais angustiantes do que orações não respondidas. Às vezes a gente chega a pensar que é melhor deixar de orar do que orar correndo o risco de não ser respondido.

Orar é profundamente comprometedor pelo simples fato de que coloca em cheque nossa fé em Deus. Isso porque quando Deus não responde nos vemos obrigados a arranjar uma resposta para o silêncio de Deus. Dessa forma, para muitos ao invés da opção pela oração é melhor qualquer outra opção na qual nem eles nem Deus sejam checados diante do silêncio divino.

Assim eles evitam terem que achar uma resposta ao silêncio de Deus e evitam a tentação de raiva de Deus. Esta é também a razão por que os cristãos que desistem de esperar em Deus, decidem que eles mesmos são, através de seus atos políticos, as respostas do homem ao silêncio de Deus na história.

Saber disso deveria nos levar a uma avaliação do projeto político da maioria dos cristãos em volta de nós, a fim de sabermos se a resposta política deles à realidade que os circunda, é um ato de revolta diante da demora de Deus ou uma sadia expressão de fé no Deus da história. Qualquer das duas situações é possível.

Em minha maneira de ver, a maioria daqueles que estimulam A Igreja à ação política como prioridade sobre as outras dimensões da vida, são pessoas que não oram e não esperam mais em Deus na perspectiva da mais profunda expressão de MARANATA: Ora vem Senhor Jesus. Digo isso porque observo atônito a morte da fé no Deus que age na história independentemente das "mediações políticas humanas".

Verifico tal realidade através do desaparecimento quase total do desejo de orar na vida da maioria daqueles que vivem a política como expressão máxima do poder humano de fazer história. Quando a oração não está presente é porque de fato já não cremos no Deus que intervém; cremos apenas nas intervenções do homem.

Habacuque não partiu para a ação que prescinde da oração: Habacuque correu o risco de ter como resposta à sua oração o ensurdecedor silêncio de Deus. Mas tal situação pode fazer o intercessor cair em profunda agonia de alma caso Deus não responda logo.

O Deus que não intervém

Esse sentimento de se sentir um intercessor mal-sucedido levou Habacuque a perguntar a Deus qual era o propósito que Ele tinha em mente quando revelava a tremenda contradição existente entre o Seu caráter santo e a pecaminosidade da sociedade (1.3,4).

Isso porque a revelação de Deus parecia não corresponder à intervenção de Deus na história concreta. Em outras palavras: Habacuque diz que havia muita Palavra de Deus e pouca ação de Deus na história.

"Por que me mostras a iniqüidade, e me fazes ver a opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim: há contenda, e o litígio se suscita. Por esta causa a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta: porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida." (3, 4.)

A pergunta - resposta-acusação do profeta parece indicar que ele queria um Deus que "revelasse" menos e "agisse" mais. Ou pelo menos que ele queria uma teologia mais horizontal, mais concreta, mais prática em seus resultados.

A tentação de Habacuque era agir em nome de Deus na certeza de que quando Deus não fala é a vez do homem falar, e quando Deus não age é a vez do homem agir. Mas isso parece bastante diferente da afirmação de Moisés quando disse que se Deus não fosse com ele e com o povo, que ele preferia não sair do lugar.

Moisés valorizava mais a presença de Deus do que ações em nome de Deus. Moisés sabia que não há ações de Deus que sejam sempre as mesmas. Dessa forma, a presença de Deus é que é indispensável, a fim de evidenciar ao povo de Deus se este conta ou não com a parceria divina na caminhada.

Uma olhada simples no cenário evangélico que nos circunda me leva a afirmar que muito do nosso ativismo profético-político não tem quase nada de preocupação relacionada se Deus está junto ou não na ação feita por nós em Seu nome.

Afinal, nem os mais esclarecidos e ilustrados cristãos estão livres do terrível equívoco de pensar que tudo que eles falam em nome de Deus tem li chancela de Deus. Esse era também o equívoco dos falsos profetas.

Eles falavam em nome de Deus e por isso pensavam que aquela teologia que eles tinham "produzido", era a própria Palavra de Deus. Mas Deus não fala sempre que falamos em nome d’Ele.

E nem se revela sempre que produzimos teologias. E não há nenhuma causa que seja sempre a causa de Deus. Eu nunca tenho a garantia de que estou falando em nome de Deus apenas porque a causa que eu estou defendendo hoje foi um dia a causa que Deus defendeu.

O Deus que nem sempre defende as mesmas causas

Deus nem sempre defende as mesmas causas. No Egito Deus estava interessado em libertar um povo; Israel. Mas na campanha militar de Josué em Canaã não há dúvida de que Deus estava agindo na perspectiva de eliminar alguns povos: os jubuseus, os herzeus.

Qualquer leitura despreconceituosa da Bíblia nos põe cara a cara com essa terrível e repugnante verdade: Deus nem sempre defende as mesmas causas.

Nunca vemos Deus a priori comprometido com uma causa. Deus nem sempre é visto fazendo justiça de acordo com nossos padrões de direito.

Ele é sempre visto realizando justiça de acordo com Sua santidade. E isso é totalmente estranho ao nosso senso de justiça na modernidade, porque nosso senso de justiça não se baseia no caráter do Deus santo, mas fundamenta-se na declaração dos direitos humanos.

Para nós, hoje em dia, a coisa mais preciosa na existência é a vida humana. Já a leitura do Decálogo nos mostra que o referencia! De julgamento divino tem duas dimensões: horizontal e vertical.

Na perspectiva vertical se diz que Deus requer ser visto como o Único Deus, o que implica em que a idolatria não é admitida e em que Deus tem que ser o único objeto do nosso culto. Esta última é a idéia implícita no mandamento do sábado.

Na perspectiva horizontal. Deus estabelece o respeito pelos direitos do homem também como expressão do Seu mais profundo desejo para a vida: honrar pai e mãe, não matar, não adulterar, não roubar, não dar falso testemunho, não cobiçar o que é do próximo.

Por causa dessa dupla dimensão (vertical e horizontal) da justiça de Deus que temos que entender que a vida humana não é um fim em si mesma.

O ser humano foi criado para Deus e para ser o reflexo da santidade e da graça do Criador. Assim a finalidade do ser humano não é a liberdade e nem a libertação. A finalidade humano é ser em e para Deus à medida que vive também em amor e respeito para com seu próximo.

Ora, tudo que estamos dizendo tem ainda relação com minha afirmação de que Deus nem sempre defende as mesmas causas na história. E como eu não estou certo de ter sido compreendido, vou tentar dar mais um exemplo.

Quando Jeremias disse aos profetas nacionalistas de Israel que não profetizassem libertação para o povo (conceito esse amplamente defendido pelos profetas em outras ocasiões) - ele entendia que o opressor poderia ser um instrumento de Deus para trazer juízo -, os falsos profetas consideraram-no um traidor do povo, vendido ao opressor e inimigo do sonho de libertação de Israel.

Mas Jeremias sabia que conquanto Israel estivesse sendo oprimido pelos babilônios, Deus não estava apenas preocupado com a realidade de Israel como povo oprimido. Deus também estava preocupado com a realidade de Israel como povo id6latra.

E parece, a julgar pela hist6ria, que Deus estava mais interessado em curar Israel do estado de idolatria, a poupar Israel de ser oprimido. Foi o exílio que curou a doença idolátrica de Israel.

Tudo isso serve para nos mostrar que nós vivemos num mundo ainda mais ambíguo do que imaginamos. Isso porque além das naturais ambigüidades da vida. Ainda há aquelas relacionadas à vontade de Deus.

Deus têm planos e projetos que extrapolam todas as nossas certezas políticas e que, muitas vezes, transcendem nosso bom senso e normas de conduta. Apenas para tornar o que estou dizendo um pouco mais claro.

Pense o seguinte; se fôssemos julgar a situação de Jeremias hoje, sem sabermos que Jeremias era Jeremias e os falsos profetas os falsos profetas, quem seriam, em sua opinião, os que estariam falando a Palavra de Deus? Obviamente que julgarmos pela nossa tendência sempre nacionalista e poética de certas perspectivas libertacionistas que se tornaram sagradamente inquestionáveis em nosso meio, que Jeremias seria julgado como traidor e os falsos profetas seriam os homens de Deus comprometidos com as causas populares daqueles dias.

Esse exemplo entre inúmeros outros na Escritura, serve para nos mostrar que não há regras ou fórmulas teológicas para serem aplicadas ao silêncio de Deus. Quando Deus não me falou o melhor que faço é estar calado.

Ou então ter coragem de falar apenas em meu próprio nome. No silêncio de Deus é melhor falar como ateu sensato do que como um profeta devoto que põe na boca de Deus lindas palavras que Ele não disse.

No silêncio de Deus o homem tem total direito à palavra. Mas tal direito deve ser exercido em nome do homem. Correndo tal pessoa o risco de ser julgada pela história como homem. O problema é quando no silêncio de Deus falamos em nome d‘Ele, ainda que digamos o melhor das nossas sistematizações teológicas.

Nossas generalidades de sabedoria teológica não podem ser aplicadas em nome de Deus, da Bíblia, da Igreja ou da fé à especificidades de situações totalmente novas. Em tais casos o melhor a fazer é falar apenas como homem que sonha e ousa ter opinião.

Deixando de lado todos os possíveis elementos de vinculação entre aquilo que digo e Deus. Mesmo as nossas melhores exegeses da Bíblia não nos ajudam quando nos defrontamos com tais situações. Como discernir, por exemplo, em nome de Deus e da Bíblia, em quem votar nas eleições presidenciais? Eu realmente não sei.

Sei como fazer isso em nome do homem, mas tenho muita dificuldade de sugerir qualquer coisa em nome de Deus, da Igreja ou da fé neste particular. Isso porque a Palavra de Deus é tão dinâmica como são as mudanças reais na sociedade em volta de nós.

O que Deus disse a um profeta ontem pode não ser o que Deus diria hoje a mim, apesar de as circunstâncias parecerem idênticas. É por isso que toda ação política em nome de Deus - seja de direita, esquerda ou centro - corre sempre o risco de ser o resultado de ações proféticas sem a Palavra de Deus.

Desse ponto em diante, Habacuque passa a confrontar as "incoerências de Deus". E a aflição filosófica básica que o assola é a mesma que o leva a perguntar como um Deus santo pode conviver tão "pacientemente" com o pecado:

"Não és tu desde a eternidade, Ó Senhor meu Deus, o meu Santo?.. Por que... tolera os que procedem perfidamente, e te calas quando o perverso devora aquele que é mais justo do que ele?" (1.12,13.)

Mais uma vez o silêncio de Deus conduz Habacuque a exigir de Deus respostas práticas na história.

Afinal, Deus tem que servir para alguma coisa. Desde sempre que se tem em mente a idéia de que a fé tem que ter implicações práticas na história. Eu creio que a Bíblia nos autoriza a crer nisto.

No entanto, o problema básico é que nem sempre nós estamos dispostos a aceitar as imprevisíveis ações e instrumentos de Deus na história. Nós estamos quase sempre condicionados ideologicamente quando tentamos ler nos horizontes da história os sinais da ação de Deus. Por isso só aceitamos um tipo de sinal de Deus.

O sinal que tem congruência com a ideologia que nós a priori abraçamos. É por isso que mesmo é ideologicamente julgado por nós quando Ele responde. Então, se a resposta divina não "bate" com nossa opção ideológica nó preferimos continuar pensando que Deus ainda não respondeu.

Ele respondeu, mas Sua resposta foi ideologicamente censurada por nós. Este é o caso de Habacuque. Ele faz uma pergunta a Deus. Deus responde. Mas a resposta de Deus era inaceitável do ponto de vista ideológico. Se não, vejamos:

"Pois eis que suscito os caldeus (o opressor como instrumento de cura e libertação do pecado e idolatria) nação amarga e impetuosa, que marcha pela largura da terra, para apoderar-se de moradas não suas (imperialismo expansionista).

Ela é pavorosa e terrível, cria ela mesma o seu direito e a sua dignidade... (super-potência auto-colocada acima da ética).

"Eles todos vêm para fazer violência (agressor e invasor); os seus rastos suspiram por seguir avante {expansionismo}; eles reúnem os cativos como areia (exploradores}.

"Eles escarnecem dos reis, os príncipes são objeto do seu riso; riem-se de todas as fortalezas, porque, amontoando terra, as tomam." (1.5-10.)

Ora, é verdade que Deus sempre julga o opressor como prometera a Habacuque: "Fazem-se culpados esses, cujo poder é seu deus." (1.11).

No entanto, Deus estava respondendo à oração de Habacuque e o profeta não estava conseguindo enxergar os sinais da ação-resposta de Deus na história, pelo fato de que ele estava ideologicamente condicionado a ver no seu povo oprimido sempre uma vítima do domínio dos caldeus.

Deus é realmente Deus?

Neste momento de conflito Habacuque passa do questionamento que pergunta a Deus a razão de Sua divina passividade e começa a pensar que o problema de Deus não é passividade, mas atividade impensada, o que em Deus seria perversidade, já que alguém que seja Deus não é capaz do impensado. O impensado é perverso em Deus:

"Por que fazem os homens como os peixes do mar, como os répteis que não têm quem os governe?" (1.14.)

A conclusão a que Habacuque estava chegando era que o mal social e o estado de desgoverno do país eram da inteira responsabilidade divina.

A final fora Ele aquele que fizera os seres humanos como os peixes e os répteis: sem ter quem os governe. A revolta contra Deus começa a ficar mais explícita. A queixa do profeta torna-se mais objetiva. Cada vez mais ele intima os céus a dar urna resposta.

Até esse ponto parece que o que se observa é um emaranhado gradual de Habacuque num cipoal de questões sem resposta e que cada vez mais o dirigem para um questionamento radical da Realidade de Deus.

Em outras palavras: Habacuque parece estar na iminência de perguntar se Deus é realmente o Deus que ele pensara que Deus fosse.

O profeta parecia estar na iminência de fazer mais uma pergunta a Deus. Mas é justamente ai que somos enganados completamente pela reação da alma diante dos grandes dilemas filosóficos.

Ao invés de dizer "chega de Deus", Habacuque diz: "Eu quero Deus." Então ele afirma:

"Por-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza, e vigiarei para ver o que Deus me dirá, e que resposta eu terei à minha queixa. " (2.1.)
Fé - A Descoberta Revolucionária

Essa é a diferença essencial entre o ateu revoltado e o crente perplexo e confuso. O ateu declara seu ódio a Deus pela negação que o faz auto-excluir-se de Deus.

Já o crente perplexo se queixa de Deus a Deus. Ou seja, quando ele se queixa de Deus a Deus ele está, ainda assim, "confessando" a Deus como existente. Ele confessa que o Deus do qual ele se quebra é também o Deus ao qual ele se queixa.

É por isso que na alma daquele que um dia provou Deus como realidade-realidade e não como realidade-conceito, a angústia, ao invés de emudecer, faz orar. E isso nos remete outra vez para o tema da oração.

É minha particular convicção que só estão aptos para o enfrentamento da realidade de dor que rodeia a vida humana aqueles que mesmo desejando blasfemar vêem-se surpreendidos pela resposta da alma, que no caminho da queixa-blasfêmia faz da queixa uma prece e da blasfêmia uma declaração de fé no Deus que ouve.

Habacuque então vai para a torre da oração e da perplexidade espera por Deus. Não se diz de quanto tempo foi o "atraso" divino. De repente Deus falou. O profeta então diz:

"O Senhor me respondeu, e disse: o justo viverá pela fé." (2.4.)

Do ponto de vista filosófico nada podia ser mais frustrante do que essa encenação de Deus para no fim dar uma resposta tão simplista. Hoje em dia tal resposta seria idiota Dir-se-ia: "Tal resposta é evasiva.

Não gera as condições de enfrentamento das forças opressoras da história. Cria uma esperança histórica. Não passa necessariamente pelo inexorável caminho da opção política. “É, portanto, ingênua demais para fazer frente às complexidades sociais, políticas e econômicas da história”.

Deus disse: "Escreve a visão... grava em tábuas... a visão está para cumprir se... não falhará. ... "Aí então vem a resposta: "O justo viverá pela fé..”.

No entanto, essa foi a "descoberta" mais revolucionária da história!

Desse ponto em diante aprende-se que Deus não existe para o ser humano. É o ser humano que existe para Deus. E, sendo assim, Deus reserva para si o direito de ser Deus, cabendo a nós o direito de crer n‘Ele.

Habacuque nos ensina que nossa fé em Deus é fé para nada, é apenas fé para viver. Não é fé para conseguir. É fé para ser.

A fé adulta e que nos faz viver não é aquela que se baseia em argumentos muito bem fundamentados sobre quem é Deus, mas é a fé daqueles que conhecem a Deus e que estão dispostos a servi-lo em troca de nada.

É a fé daqueles cuja recompensa na vida está em que lhes foi dado crer.

Essa fé não ajudou Abraão a entender quais eram as razões de Deus quando o ordenou que imolasse seu filho Isaque sobre o altar.

Mas foi essa fé que o levou a levantar-se de madrugada, a pegar o menino, o cutelo, a lenha e o fogo e a partir para Moriá.

Tal fé serve a Deus por nada. Serve a Deus apenas por Deus. E é essa fé que se constitui na maior resposta quando o nosso mundo está como o mundo de Habacuque: caótico e idiota.

Essa fé faz o justo. Essa fé justifica o justo. Essa fé crê apesar do apesar mais pesaroso.

Desse ponto em diante Habacuque estava liberto do cipoal de perplexidades no qual se enrolara. As certezas sobre a justiça de Deus voltaram à sua mente, ainda que sem qualquer agenda detalhada respeito dos acontecimentos.

No entanto, não havia mais qualquer dúvida de que os caldeus receberiam de Deus a sua própria medida de julgamento (2.6-20).

Mas na atual conjuntura Habacuque via-se pronto para esperar a chegada de tal dia sem nenhum sentimento semelhante àqueles que anteriormente o haviam possuído.

Habacuque decidira que em qualquer situação ele serviria Deus por nada. E mais: a declaração final de Habacuque nos ensina que conquanto a fé tenha um poder literário em si mesmo, ela deve ser fé para além da própria finalidade histórico-libertacionista.

Ela tem de ser fé que mesmo quando opera mudanças na história está fazendo isso por nada, pelo simples fato de que a fé bíblica não é nunca um fato histórico. Ela está sempre em algo além.

Ela sempre se relaciona com o invisível ou com o futuro. É por isso que a verdadeira fé sempre serve a Deus por nada. Nem no futuro da história o homem de fé encontrará sua recompensa. O futuro da fé nunca chega porque a fé é sempre futuro.

‘"Ainda que a figueira não floresça, nem há fruto na vide: o produto da oliveira mente, e os campos não produzem mantimento: as ovelhas foram arrebatadas do aprisco e nos currais não há gado, todavia eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação”.

Como Cristão não estamos imunes de enfrentar adversidades e dias difíceis; mas podemos estar certos que se buscarmos ao Senhor, e confiarmos em Sua Palavra, Ele nos dará forças e condições de vencermos os dias maus e as adversidades.

Que Deus nos abençoe e nos guarde no seu grandioso amor, em nome de Jesus. Amém!

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