domingo, 7 de maio de 2017

Quando os gigantes retornam

Quando os gigantes retornam 


Quando Davi chega no arraial naquele dia, em que a batalha inflamava contra os filisteus, ele pode compreender o tamanho do problema que Israel enfrentava. Um monstruoso homem chamado Golias, com quase três metros de altura, desafiava as hostes do povo de Deus, clamando por um homem que lutasse de igual para igual com ele.

Qualquer tolo sabia que entrar numa dessas seria uma "fria", ou uma tremenda roubada. Seria uma lute desigual. Ninguém seria capaz de humanamente falando vencer o gigante. Era uma situação complexa e completamente desafiadora para qualquer um. Seria o mesmo que eu, desprovido de qualquer treinamento e conhecimentos de boxe, desafiar campeões mundiais como Hollyfield ou Mike Tyson, ou até mesmo nosso Maguila.

Mas Davi estava lá. Deus iria transforma-lo de um entregador de "quentinhas" de seus irmãos, em um guerreiro ousado e corajoso. Para isso ele teria que vencer várias resistências. Primeiro internamente. Seus irmãos não tinham confiança nele. Principalmente Eliabe, o primogênito, que quem sabe, não se conformava por haver perdido para o mais novo o direito a unção real que Samuel lhe deu: "...Bem conheço a tua presunção e a maldade do teu coração, que desceste para ver a peleja" (I Sam.17:28). A unção causa revolta e inveja em quem não a tem, mas propicia coragem, valentia e arrojo a quem tem.

Depois externamente: O desviado rei Saul não entendia mais nada de unção, por isso, havia perdido o discernimento de reconhecer que por trás do aspecto gentil e cavalheiresco de Davi, estava um intrépido e valoroso soldado. Davi precisou usar de toda sua perspicácia espiritual para convence-lo (I Sam.17:32a37).

Para eles Davi era o homem errado, na hora errada no momento errado. Para Deus, Davi era o homem certo, na hora certa no lugar certo. Aleluias...A unção sempre fará a diferença, em qualquer circunstância.

O combate se dá. O resultado, todos sabem. Davi venceu com méritos, e uma atuação gloriosa do Espirito de Deus, que o guiou. Após feri-lo com uma pedrada frontal, "...correu Davi, e pôs-se em pé sobre o filisteu, e tomou a sua espada... e o matou..." (I Sam.17:51).

Ato contínuo Davi "...tomou a cabeça do filisteu e a trouxe a Jerusalém, porém, pôs as armas dele na sua tenda" (I Sam.17:54). Guarde na sua memória essas armas que lá na frente elas serão úteis nesse estudo.

O restante da história é do conhecimento de todos. Davi despertou no rei Saul a ira e a inveja, que o tentou matar por diversas vezes. Davi tornou-se um nômade, fugindo da ira real. Consegue porém arregimentar alguns descontentes, e forma um pequeno, mas valente e bem treinado exército.

Finalmente, Deus cumpri suas promessas nele e ele se torna rei de Israel, não sem antes, ser ungido três vezes: Por Samuel (I Sam.16:13), pelo povo de Judá (II Sam.2:4), e finalmente sobre todo Israel (II Sam.5:3). Davi ficou perito em "unção". E isso fez a diferença em sua vida, mesmo nos amargos dias de sua trajetória.

Israel teve momentos prósperos nas mãos de Davi. Deus fazia coisas lindas entre o povo. A nação estava num êxtase espiritual, e o Senhor se agradava profundamente no rei, até chegar ao ponto de dizer: "Achei a Davi, meu servo, com o meu santo óleo o ungi" (Sal.89:20). Até que...

QUANDO CHEGA A CRISE

O rei fracassa. E arrasta atrás de si, uma crise sem precedentes. Por causa de seu erro (adultério e assassinato), ele, sua família, e o próprio reino sofre terríveis conseqüências. A nação mergulha numa grave instabilidade governamental e seu reino quase vai a nocaute.

Primeiro morre o filho, fruto do pecado oculto com Bete-Seba. Depois, um caso de incesto dentro de seu lar detona outra crise: Amnom defrauda sua irmã Tamar. A escalada da crise continua: Absalão toma as dores da irmã desvirginada e mata Amnom. Fazendo jús ao dito que desgraça pouca é bobagem, o filho rebelia contra o próprio pai, no afã de tomar-lhe o reino. Um abismo chama outro, e Davi se vê obrigado a deixar o reino e fugir da fúria do próprio filho Absalão. Meu Deus, nunca vi um erro custar tão caro assim.

Davi finalmente se recupera da crise. Mas jamais seria o mesmo homem. Quando tudo parecia que finalmente a paz voltaria, eis que eles reaparecem.

OS GIGANTES VOLTAM

1o) ISBINI BENONE - Uma volta ao passado

Foi matando o gigante Golias que Davi teve seu nome e unção reconhecidos pelo povo (I Sam.18:7e8), e quando ele nem se lembrava mais de Golias e nem mesmo dos filisteus, eis que eles reaparecem: "Tiveram mais os filisteus uma peleja contra Israel, e desceu Davi e com ele seus servos, e tanto pelejaram contra os filisteus, que Davi se cansou" (II Sam.21:15).

Era um momento crítico. Davi havia lutado tanto que desfaleceu. Suas forças foram minadas, e estava exausto, e nesse momento, quem reaparece? "E Isbi Benone, que era dos filhos dos gigantes, e o peso de cuja lança tinha trezentos ciclos de cobre, e que cingia uma espada nova, este intentou ferir Davi" (II Sam.21:16). (O grifo é meu).

Na adolescência, com todo vigor e graça, Davi vencera, agora, já com a idade avançada, e cansado da batalha, reaparece um Isbi Benone, outro gigante filisteu, tentando vingar a morte de Golias, o herói nacional, e tinha todas as chances para isso. É interessante notar que a Bíblia diz que ele veio com uma espada nova.

Era costume dos heróis passados passar as mãos de seus sucessores as armas que eles usavam enquanto estavam na ativa. O herdeiro continuava usando a arma de seu antecessor. Ele estava de arma nova, pois a arma antiga Davi havia tomado de Golias, e deixado com o sacerdote Aimeleque em Nobe (I Sam.21:9). Davi a retomou e a usou como defesa no exílio que Saul lhe impôs. Por direito seria do gigante, mas por dever, ela estava com Davi.

Ao ser atacado pelo gigante e já estando a mercê do mesmo, o rei foi socorrido por Abisai, que o matou, defendendo o combalido Davi.
Prezado leitor, aquele gigante simbolizava a volta ao passado. Ao vir a Davi, portando uma espada nova, ele estava relembrando o rei que ele tinha uma dívida com ele, e isso veio ser cobrado. É bom que se diga que Golias já tinha morrido, o passado já era, mas sempre virá gigantes tentando lembrar o passado.

Talvez, você esteja assim hoje, assustado com a sombra do terrível gigante do passado que tenta te injuriar e acusar. Tenta dizer a você que existe uma dívida lá do passado que precisa ser saldada, mas tenha certeza, o "Abisai" divino (Jesus) te justifica e paga a dívida para você.
Tenha certeza, que ele já está despojado de suas armas, e se ele vem com armas novas, acredite, elas são insuficientes para derrota-lo. Maior é aquele que está conosco do que o que está com o gigante.

2o) SAFE - Nossas imperfeições e impotências

Mal aquele combate acabou, com a vitória de Davi e a derrota de outro gigante, outro gigante aparece. É sempre assim, o mal tem uma força de superação incrível. Quando voltam, vem com força total. Outro gigante filisteu; "E aconteceu depois disto, que houve em Gobe ainda outra peleja contra os filisteus, então Sibecai, o husatita, feriu a Safe, que era dos filhos do gigante" (II Sam.21:18).

O nome desse gigante Safe, significa Limiar, ou Limites, e fala de nossa limitada capacidade humana. Davi cansado, com suas capacidades esvaídas, seria presa fácil para Safe, mas eis que Sibecai, outro guerreiro do rei o mata. Isso nos mostra que nossa incapacidade, precisa de ser amparada por alguém. Nunca podemos abrir mão de ajuda mútua. Sozinho ninguém é nada.

Nossa capacidade vem de Deus. Ninguém é auto-suficiente a ponto de não depender de Deus e do próximo. Na batalha espiritual contra os gigantes filisteus, precisamos de auxílio. Golias foi vencido sozinho, agora as circunstâncias exigiam auxílio, socorro de outros. Ai de nós se não for o auxílio do próximo. Nunca abra mão disso.

3o) GOLIAS - Vingança pessoal e justiça com as próprias mãos

"Houve mais outra peleja contra os filisteus em Gobe, e El-Hanã, filho de Jaaré-Oregim, o belemita, matou o giteu, de cuja lança era a haste como órgão de tecelão" (II Sam.21:19).

Outro Golias. Era só o que faltava, Golias voltar. Em I Cron.20:5, está escrito que esse gigante era Lami, irmão de Golias. Talvez, a Bíblia faz uso de uma tradição passada, de colocar os mesmos nomes nos descendentes e ascendentes das pessoas. O fato é que esse gigante era irmão do antigo Golias.

Esse talvez tenha sido o pior inimigo que Davi tenha enfrentado. Talvez, desde a infância ele foi preparado especialmente para lutar com Davi. Era uma questão pessoal de vingança. Era a honra da família que estava em jogo. A família chorava a ausência do grande campeão, morto tragicamente, por um adolescente despreparado, que mais tarde virou rei. E essa vingança, coube a Lami, irmão de Golias.

Esse gigante, fala de nossas vinganças pessoais. Justiça com as próprias mãos. Nosso desejo de vingarmos os inimigos. Nosso desejo de vingarmos os inimigos. É engraçado que esse sentimento é o mais comum quando estamos revoltados com certas situações. Nunca queremos esperar o agir divino, antes queremos fazer justiça com nossas próprias mãos. Qualquer vingança ou retribuição, vem de Deus, deixe nas mãos Dele:"Não vos vingueis vós mesmos, amados, mais daí lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor" (Rom.12:19).

4o) ANÔNIMO, ALEIJADO - A vitória na própria família

"Houve ainda também outra peleja em Gate, onde estava um homem de alta estatura, que tinha em cada mão seis dedos e em cada pé outros seis, vinte e quatro por todos, e também este nascera do gigante, e injuriava a Israel, porém Jônatas, filho de Simei, irmão de Davi, o feriu" (II Sam.21:20e21).
O último gigante que veio a Davi, era anônimo, pelo menos o texto não diz seu nome, apenas diz que ele era de alta estatura e tinha uma característica física incomum: Era aleijado, com quatro dedos a mais no seu corpo. Esse era violento e feroz: "...e injuriava a Israel...", tentava vencer no grito, com desaforos e violência verbal.

É interessante que enquanto os outros gigantes, eram os guerreiros do exército de Davi que os venceu, esse foi diferente: quem o venceu e o matou, foi Jonatas, irmão do próprio Davi. Cabe aqui uma lição:

Davi é reconhecido como um dos maiores reis de toda a história judaica, mas como um exemplo negativo de chefe de família. Teve vários desgostos pessoais com seus filhos, por não dedicar tempo a eles, nem ouvi-los em momentos difíceis de suas vidas, mas pelo menos uma virtude tem que ser destacada na vida dele: Ele ensinou seu irmão a vencer gigantes.

Enquanto o irmão mais velho Eliabe, nutria um sentimento de inveja e rancor pessoal contra ele, Jonatas tratou de aprender matar gigantes e defender o rei seu irmão da fúria dos mesmos.

Querido leitor, temos que ensinar nossos semelhantes, nossa própria família que os gigantes retornam, e precisamos vence-los também. Abençoe o seu lar com esses ensinos também. Existe vitória para sua família.

Tenha certeza também que os gigantes sempre vão voltar. Golias morto, sempre tem seus adeptos, que querem a todo custo levar adiante suas idéias, projetos, conceitos e preconceitos contra o povo de Deus.
Ele jamais vai aceitar passivamente a derrota, e aqui e acolá, tentará ressurgir com seus asseclas, para tomar nossa vitória. O mal sempre virá com força máxima. Um abismo chama outro, e sempre ele tentará voltar para vencer-nos.

Entenda também que sozinhos se tornará difícil vence-lo, precisamos da ajuda e consolação dos irmãos, amigos, família, para vencermos juntos os gigantes. Em nome do Senhor Jesus.

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