Para onde caminha a Igreja hodierna?
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Pra dizer a verdade não sabemos para onde caminha a igreja cristã do jeito que vai. Ela se tornou objeto de negócios. Muitas igrejas hoje se confundem com empresas. Os clientes principais são os crentes. O objeto de venda é a bíblia fragmentada em pacotes e, digam-se de passagem, muito caros. O lema agora é “Desenvolva uma Estratégia de Mercado”, “Cuidadosamente, Selecione os Melhores Vendedores”. Esses vendedores acabam sendo os pastores ou dirigentes que estão abaixo na estrutura hierárquica. Estamos diante de uma apostasia com propósito de mercado. Está distorcido o ensino de Jesus. Essas práticas da igreja fazem surgir vários conceitos sobre ela, sejam dados por seus membros, sejam por aqueles que as observam. Muitas igrejas já se perderam, outras estão a caminho. Uns dizem ser a igreja constituída de irmãos em comunhão e em obediência cega ao pastor líder, o anjo da igreja, intermediário entre Jesus Cristo e os crentes. Outros dizem que a igreja é a comunidade dos santos que não fala com “o povo do mundo”, “obedecem” os costumes da sua congregação nas vestes, ofertas, dízimos e atendem as convocações com humildes diante das “práticas santas” dos “homens de Deus”. Os que não aprovam esses conceitos rebatem, dizendo: Não! A igreja é uma comunidade dos que já estão predestinados à salvação. Já os de linha mais carismática retrucam: Não! A igreja é o corpo de Cristo em movimento onde há línguas estranhas, sapateado, profecias, sonhos, visões, revelações, idas no céu, muito fogo e contribuição para ampliar o patrimônio da empresa do ministério. A igreja é o local onde se deve buscar cura interior, saúde física, saúde financeira, prosperidade, tirar os encostos; lugar de terapia do amor e de sociedade com Deus. Dessas práticas nasce o conceito do crente dos nossos dias: é aquele que cumpre fielmente o manual de sua denominação ou congregação, fazendo tudo direitinho consumindo seus produtos do jeito que vem sem questionar ou criticar. Seria isso que Jesus chama na bíblia de igreja? Ele disse: “...edificarei a minha igreja...”(Mt16.18). depois diz: “...sereis minhas testemunhas. ..” (At1.8). Aqui nasce o conceito de igreja, como sendo um grupo de pessoas convertidas ao evangelho que dão testemunho de Jesus, que faz o que ele fez, que ensina o que ele ensinou e ordenou. “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13.15). Sobre o testemunho da igreja relatado em atos dos apóstolos (At 2.42-47) é nos dito que: Perseveravam na doutrina, na comunhão, no partir do pão e nas orações. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Os apóstolos faziam muitos milagres e maravilhas e as pessoas ficavam admiradas e com temor. Quando havia necessidade, vendiam suas propriedades em prol da causa do evangelho. Louvavam a Deus e caiam na graça de todo o povo. E ainda: “Com muitas outras palavras deu testemunho...” (At 2.40). “Jesus nos mandou anunciar o evangelho ao povo e testemunhar que ele foi posto por Deus como Juiz dos vivos e dos mortos” (At.10.42). “Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor...” (2Tm 1.8). Em termos de realidade seria utopia querer que a igreja viva como viveu a igreja primitiva, entretanto, convém-nos seguirmos os exemplos deles. Senão estaremos perdidos enquanto alimentamos nossos interesses materialistas e mercantilistas, mergulhados nos deleites do mar da hipocrisia dos que proclamam paz quando não há paz. Alardeiam avivamento quando há apenas emoções e anúncios de bênçãos para arrancar alguma vantagem dos fiéis . Por favor, só mais uma pergunta: “...quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18.8). Deus, Tenha misericórdia dos que enganam, misericórdia dos enganados e misericórdia de mim que muitas vezes silencio quando vejo a tua palavra sendo deturpada!. Nos nossos dias em nossas igrejas também têm atraído pessoas com diferentes motivações: algumas querem ouvir uma palavra para mudar suas vidas (Hb 4.12) e depois de terem suas vidas transformadas ajudam a proclamar o verdadeiro evangelho (Jo 4.28-30), outras estão interessadas nas bênçãos materiais (carro, casa, dinheiro $), afetivas e curas; e também ainda há as que conhecem as escrituras e não vivem, mas estão prontos a apontar erros e problemas nos outros. Devido às diferentes motivações podemos observar que há três tipos de crentes atualmente: os "bem suados", os abençoados e os que são uma bênção. Os crentes “bem suados” são aqueles que correm atrás das bênçãos, mas não querem o Deus da bênção. Vivem atrás de movimentos, de pregadores, cantores e sinais. Gostam de apontarem defeitos e problemas em outros irmãos, mas não olham para si próprios (Mt 7.3-5). Os crentes abençoados (Dt 28.2) são aqueles que vivem uma vida regrada conhecem as escrituras passam por provas e tribulações e louvam ao SENHOR mesmo assim (Jó 1.21), e a cada dia crescem na fé, na esperança e no amor. (1 Co 13.13) Os crentes que são uma bênção são aqueles além de serem abençoados é canal de bênção para suas famílias, trabalho, escola e igreja. São os exemplos dos fiéis (1 Tm 4.12), pessoas zelosas por obras excelentes e suas vidas são para servir ao SENHOR normalmente são humildes, pois sabem que toda glória e toda honra pertence ao SENHOR(Is 42.8). Não precisamos correr atrás das bênçãos, pois se andarmos nos caminhos do SENHOR elas nos alcançarão (Dt 28.2), não precisamos correr atrás dos sinais, pois na verdade os sinais seguiram os que crêem e não o contrário (Mc 16.17). Seremos abençoados se tememos e andarmos firmemente nos caminhos do SENHOR (Js 1.7-9;Sl 128) e seremos um canal de bênção para todos se compreendermos e vivermos os ensinamentos de Jesus (Mt 5-7) Ser crente era motivo de críticas e perseguições. Nós não éramos muitos, e geralmente éramos considerados ignorantes, analfabetos, massa de manobra ou gente de segunda categoria. Os colegas da escola nos marginalizavam. Os patrões zombavam de nós. A sociedade criticava um povo que cria num Deus moral, ético, decente, que fazia de seus seguidores pessoas diferentes, amorosas, verdadeiras e puras. Não era fácil. Mas nós sobrevivemos e vencemos. Sinto falta daquela perseguição, pois ela denunciava que a nossa luz era de qualidade, e ofuscava a visão conturbada de quem não era liberto. E, por causa dessa luz, muitos incrédulos foram conduzidos ao arrependimento e à salvação. Mas hoje é diferente. Ainda sou do tempo em que os crentes não tinham imagens em suas casas, em seus carros ou como adereços de seus corpos. Nós não tatuávamos os nossos corpos e nem colocávamos "piercings" em nossa pele. Críamos que os nossos corpos eram sacrifícios ao Senhor, e que não nos era lícito maculá-los com os sinais de um mundo decadente, um deus mundano e uma cultura corrompida. Dizíamos que tatuar o corpo era pecado. Não tínhamos objetos de culto em nossas igrejas. Aliás, esse era um de nossos diferenciais: nós éramos aqueles que não admitiam imagens em lugar algum. Mas hoje é diferente. Nós, os adolescentes, deixávamos os namoros e os relacionamentos orientados pelos filmes mundanos, e primávamos por ser como José do Egito, que foi puro, ou o apóstolo Paulo, que foi decente. Mas hoje é diferente. Ainda sou do tempo em que nos vestíamos adequadamente para o culto. Aliás, além do nosso testemunho moral, nós nos identificávamos pelas roupas. Se pentecostais, usávamos roupas sociais bastante formais, e éramos conhecidos aonde quer que íamos, pois ninguém mais se vestia tão formalmente assim em pleno domingo à tarde. Se de outras denominações, como eu, não chegávamos a esse extremo, mas nos trajávamos socialmente, com o melhor que tínhamos, dentro de nossas possibilidades, porque críamos que, se íamos prestar um culto a Deus, a ocasião nos exigia o melhor, e buscávamos dar o melhor para Deus. Era a famosa "roupa de missa", "roupa de igreja". Mesmo pobres, tínhamos o melhor para Deus. E sempre algo decente: camisas sociais, calças bem passadas, um sapato melhor conservado, um blazer ou uma blusa bem alinhada. As mulheres usavam seus melhores vestidos, suas melhores saias e seus conjuntos mais femininos. Mas hoje é diferente. Ainda sou do tempo em que nossos hinos falavam de Cristo e da salvação. Cantávamos muito, e nossas músicas não eram tão complexas como as de hoje. Mas todos acabávamos por decorá-las. Suas mensagens eram simples e evangelísticas: "foi na cruz, foi na cruz", "andam procurando a razão de viver"; "Porque Ele vive, posso crer no amanhã", "Feliz serás, jamais verás tua vida em pranto se findar", "O Senhor da ceifa está chamando"; "Jesus, Senhor, me achego a ti", "Santo Espírito, enche a minha vida", "Foi Cristo quem me salvou, quebrou as cadeias e me libertou". Não copiávamos os "hits" estrangeiros, ou as danças mundanas, mas buscávamos algo clássico, alegre, porém, solene. E dançar o louvor? Jamais! Não ousávamos, nem queríamos; nunca soubéramos que o louvor era "dançante"; as danças deixamos em nossas velhas vidas mundanas. Porém, mesmo não as tendo, éramos alegres e motivados. Mas hoje é diferente. Ainda sou do tempo em que as denominações e igrejas tinham personalidade. As denominações eram poucas e bastante homogêneas. Sabíamos que a Assembléia de Deus era pentecostal e usava indumentária formal; os presbiterianos eram os melhores coristas que existiam; os adventistas tinham uma fé estranha, numa profetisa semi-contemporânea, mas tinham os melhores quartetos masculinos; os melhores solistas eram batistas. Nossas liturgias eram bastante diferentes: os conservadores eram formais, seus cultos silenciosos, enquanto um orava, os outros diziam amém. Já os pentecostais oravam todos ao mesmo tempo e cantavam a Harpa Cristã. Nós nos considerávamos irmãos, não há dúvida. Mas tínhamos personalidade. Hoje tudo é diferente. E eu não sou velho! Isso tudo não tem 26 anos ainda! Na década de 80 ser crente era ser assim! Meu Deus, como o mundo mudou! Como a chamada Igreja Evangélica se deteriorou! Hoje eu sinto vergonha de ser considerado evangélico! Hoje é moda ser crente, ou melhor, "gospel". Você é artista pornô, mas é crente. Você é do forró pé-de-serra, mas é crente. Você é ladrão, mas é crente. Você é homossexual assumido, mas é crente. Não importa a profissão, o comportamento, a moral, a índole, ser crente é apenas um detalhe. Aliás, dá cartaz ser crente: hoje muitos cantores "viram crentes" pra vender seus CD‘s encalhados, pois o "povo de Deus" compra qualquer coisa. Não há diferença entre o santo e o profano, o consagrado e o amaldiçoado, o lícito e o proibido, o justo e o injusto. Qualquer coisa serve. O púlpito pode ser uma prancha de surf, uma cama de motel ou um palanque eleitoral; a forma não importa. Ser crente é apenas um detalhe, uma simples nomenclatura religiosa. Hoje os crentes tatuam as suas peles, mesmo sabendo que a Bíblia condena o uso de símbolos e marcas no corpo de quem se consagra a Deus. Criamos nossos próprios símbolos, nossos próprios estigmas e nossas próprias tribos. Hoje há denominações que dão opções de símbolos para que seus jovens se tatuem. O "piercing" deixou de ser pecado, e passou a ser "fashion", e está pendurado na pele flácida de roqueiros evangélicos e "levitas" das igrejas, maculando a pureza de um corpo dedicado ao Deus libertador. Mulheres há que enchem seus umbigos e outras partes de pequenas ferragens, repletas de vaidade e erotismo mundano, destruindo, assim, qualquer padrão cristão de consagração corporal. Meninos tingem seus cabelos de laranja, e mocinhas destroem seus rostos com produtos, pois agora todo mundo faz, e "Deus não olha a aparência". (Ainda bem, pois se olhasse, teria ânsia de vômito...) Hoje ir à igreja é como ir ao mercado ou às barracas de feira e de artesanato: um evento efêmero, informal, meramente turístico. Não há mais cuidado algum no trajo cultuante. Rapazes vão de bermudas, calções (e, pasmem os senhores, de sungas!), até sem camisa, porque Deus não é "bitolado, babaca ou retrógrado". Garotas usam suas mini-saias dos "rebeldes" e exibem umbigos cheios de "piercings", estrelinhas e purpurinas pingando dos cabelos e roupas, numa passarela contínua do modismo eclesiástico. Se alguém ainda vai modestamente ao culto, seja jovem, seja velho, ou é "novo convertido", ou é "beato". É típico encontrarmos pastores dizendo aos "engravatados": "Pra que isso, irmão? Vai fazer exame laboratorial?" E, continuamente, vão demolindo qualquer alicerce de reverência e solenidade para o ato do culto. Hoje as nossas músicas pouco falam de Cristo. Somos bitolados por um amontoado de "glórias", "aleluias", "no trono", "te exaltamos", "o teu poder", etc. Misturamos essas expressões, colocamos uma pitada de emoções, imitamos os ícones dos megaeventos de louvores, e gravamos o nosso próprio cd, que, de diferente, tem a capa e o timbre de algumas vozes, talvez alguns instrumentos, mas, no mais, não passam de cópias das cópias das cópias. E Jesus? Ah, quase nunca o mencionamos, e, quando o fazemos, não apresentamos qualquer noção do que Ele é ou representa para o nosso louvor. Não falamos mais que Ele é o caminho, a verdade e a vida, não o apresentamos como Senhor e Salvador, não informamos ao ouvinte o que se deve fazer para tê-lo no coração, apenas citamos seu nome ou dizemos um aleluia para ele. Hoje, entrar em uma igreja é como ter entrado em todas: é tudo igual. O mesmo sistema, as mesmas cantorias, a seqüência de eventos, os rituais emocionais, as pregações da prosperidade, de libertação de maldições ou de mega-sonhos "de Deus" (como se Deus precisasse sonhar, como se fosse impotente ou dependente da vontade humana). Transformamos nossas igrejas em filiais de uma matriz que não sabemos nem aonde fica, mas que se representa nas comunidades da moda. Não há mais corais, não há mais solistas, não há mais escolas dominicais fortes, não há mais denominações com características sólidas, não há mais nada. Tudo é a mesma coisa: uma hora e meia de "louvor", meia hora de "ofertas" e quinze minutos de "pregação", ou meia hora de "palavra profética e apostólica". Que desgraça! Hoje trouxemos os ídolos de volta aos templos: são castiçais, bandeiras de Israel, candelabros, reproduções de peças do tabernáculo do velho testamento, bugigangas e quinquilharias que vendemos, similares aos escapulários católicos que tanto criticávamos. Hoje não nos atemos a uma cruz sem Cristo, simbólica apenas. Hoje temos anjinhos, Moisés abrindo o Mar Vermelho, Cristo no sermão da Montanha. O que nos falta ainda? Nossas bíblias, para serem boas, têm que ser do "Pastor fulano", com dicas de moda, culinária, negócios e guia turístico. Hoje temos bíblias para mulheres, para homens, para crianças, para jovens, para velhos, só falta inventarmos a bíblia gay, a bíblia erótica, a bíblia do ladrão, a bíblia do desviado. Bíblias puras não prestam mais. E, mesmo tendo essas bíblias direcionadas, QUASE NINGUÉM AS LÊ! Trazemos rosas para consagrar, rosas murchas para abençoar e virar incenso em casa, sal groso para purificar, arruda para encantar, folhas de oliveira de Israel e água do Rio Jordão (Tietê?) para abençoar, vara de Arão, de Moisés, e sabe lá de quem mais! Voltamos às origens idólatras! Parece o povo de Israel, que, ao morrer um rei justo, emporcalhavam o país com suas idolatrias e prostitutas cultuais. E se alguém ousa ser autêntico, é taxado de retrógrado. Com isso, surgem os terríveis fundamentalistas, que abominam tudo, ou os neopentecostais, que são capazes de transformar a igreja num circo, fazendo o povo rirem sem parar ou grunir como animais. Meu Deus, o que será daqui a alguns anos? Será que teremos que inventar um nome novo para ser evangélico à moda antiga? Parece que batista, assembleiano, presbiteriano, luterano ou metodista não define muita coisa mais! Será que ainda haverá púlpitos que prestem pastores que pastoreiem louvores que louvem a Deus? Será que seremos obrigados a usar "piercings" para nos filiarmos a alguma igreja? Será que nossos cultos serão naturistas? Será que ainda haverá Deus em nosso sistema religioso? Além de tudo o que foi mencionado agrega-se a isso: A teologia da prosperidade. Pessoas que anteriormente se dizia ser sério, mas, agora de olho na concorrência aderiram a essa heresia. Cantores gospel, destituídos de Deus e de suas Igrejas e aliançados com o estado e a mídia que as pagam com um dinheiro advinda de tudo o que não provém de Deus. O mundanismo tomou conta das Igrejas que já não possui na sua maioria toda e qualquer doutrina de usos e costumes cujas vestimentas já não diferenciam dos não cristãos. Depois de toda esta exposição, eu pergunto a você, Para onde caminha a Igreja hodierna? Que Deus na sua infinita misericórdia queira nos ajudara se arrepender bastante de tal apostasia a ponto de entendermos que aos poucos estamos errando alvo de agradar a Deus. Voltemos às nossas origens! Amém. |
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
Para onde caminha a Igreja hodierna?
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