Soberania, responsabilidade e liberdade
Texto Básico: Daniel 5.22-23
Introdução
Como compreender a relação entre a soberania de Deus e a nossa responsabilidade? De onde deriva nossa responsabilidade? Se Deus decretou tudo e sua soberania estende-se a todas as suas criaturas, inclusive o homem, será que somos verdadeiramente livres? O plano de Deus abrange também as nossas decisões morais, como o pecado? Nesta lição buscaremos compreender essa relação entre liberdade, responsabilidade e a soberania de Deus, sempre submissos às Escrituras.
I. Em busca de autonomia
O que o pecador mais deseja é ter autonomia e desvencilhar-se do senhorio de Deus sobre sua vida. Mesmo encarando um Deus que se revela absoluto e soberano, o pecado leva o ser humano a não querer nem a presença, nem o controle de Deus sobre a sua vida. O caso de Adão e Eva, no Éden, revela nossa insatisfação quanto à soberania de Deus em nossas decisões.
A promessa que Satanás fez ao primeiro casal foi de torná-los autônomos em relação a Deus. O pecado nos faz rejeitar o senhorio de Cristo sobre nós, ele nos leva para longe da presença do Senhor para que permaneçamos fora de seu domínio. A autonomia é uma ilusão criada pelo pecado para dar-nos um tipo de status que nos faz crer que podemos ser iguais a Deus. Ao mesmo tempo, esse cenário havia sido decretado e planejado por Deus:
“A onipotência, a sabedoria inescrutável e a bondade infinita de Deus, de tal maneira se manifestam na sua providência, que esta se estende até à primeira Queda e a todos os outros pecados dos anjos e dos homens, e isto não por uma mera permissão, mas por uma permissão tal que, para os seus próprios e santos desígnios, sábia e poderosamente os limita, regula e governa em uma múltipla dispensação; mas essa permissão é tal, que a pecaminosidade dessas transgres¬sões procede tão somente da criatura e não de Deus, que, sendo santíssimo e justíssimo, não pode ser o autor do pecado e nem pode aprová-lo” (Confissão de Fé de Westminster V.IV).
A permissão de Deus será tratada em uma lição específica. Nesta abordaremos a realidade da providência de Deus que se estende a tudo, da Queda até o pecado. Podem criaturas livres ser tão controladas e continuarem responsáveis por seus atos?
II. Liberdade e responsabilidade
Considerando o que temos visto, podemos nos perguntar: Adão e Eva não ti¬nham liberdade de escolher? E eu? Tenho liberdade de escolher fazer o que quiser? De fato, o homem tem o que chamamos de liberdade criada, mas ele não tem o que desejaria ter: liberdade autônoma. A liberdade criada foi instituída por Deus e pertence aos seus agentes livres. Isso se harmoniza com as Escrituras na medida em que entendemos que nossa responsabilidade não deriva de uma suposta liberdade autônoma. Normalmente associamos a nossa res¬ponsabilidade com a liberdade que temos de agir. No entanto, nenhuma criatura de Deus teve essa liberdade, uma liberdade que a tornasse livre de todas as influências possíveis, principalmente do próprio Deus. A ideia de responsabilidade é a de sermos chamados diante de Deus para prestar contas das nossas ações, omissões, intenções, pensamentos e palavras. A Bíblia baseia nossa responsabilidade em quatro pontos.
1) Somos responsáveis diante de Deus porque somos suas criaturas.
Como Senhor soberano e dono de suas criaturas, Deus tem a prerrogativa de chamar qualquer uma delas, a qualquer momento, para responder diante dele sobre suas atitudes. O caso de Jó é um exemplo retumbante. Ele e seus amigos passaram um tempo arrazoando a respeito de sua situação, então, diz o texto que “Depois disto, o Senhor, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó: Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge, pois, os lombos como homem, pois eu te perguntarei, e tu me farás saber” (Jó 38.1-3). O profeta Isaías registra “Por que, pois, dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu direito passa despercebido ao meu Deus? Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra não se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento” (Is 40.27-28). Somos como vasos de barro nas mãos do oleiro, e ele tem o direito de fazer o que desejar com a massa (cf. Is 29.16; 45.9; 64.8; Jr 18.1-6; Rm 9.21).
Como Senhor soberano e dono de suas criaturas, Deus tem a prerrogativa de chamar qualquer uma delas, a qualquer momento, para responder diante dele sobre suas atitudes. O caso de Jó é um exemplo retumbante. Ele e seus amigos passaram um tempo arrazoando a respeito de sua situação, então, diz o texto que “Depois disto, o Senhor, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó: Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge, pois, os lombos como homem, pois eu te perguntarei, e tu me farás saber” (Jó 38.1-3). O profeta Isaías registra “Por que, pois, dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu direito passa despercebido ao meu Deus? Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra não se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento” (Is 40.27-28). Somos como vasos de barro nas mãos do oleiro, e ele tem o direito de fazer o que desejar com a massa (cf. Is 29.16; 45.9; 64.8; Jr 18.1-6; Rm 9.21).
2) Somos responsáveis porque Deus é o nosso ponto de referência moral.
Quem regula e delimita o que devemos ser e/ou fazer é o Senhor por meio de sua Palavra. Quando ele diz que somos responsáveis por nossos atos, não há meios de escapar, temos de nos conformar à sua vontade revelada. “Disse mais o Senhor a Jó: Acaso, quem usa de censuras contenderá com o Todo-Poderoso? Quem assim argui a Deus que responda” (Jó 40.1-2). Tiago ainda revela: “… qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém, matas, vens a ser transgressor da lei” (2.10-11).
Quem regula e delimita o que devemos ser e/ou fazer é o Senhor por meio de sua Palavra. Quando ele diz que somos responsáveis por nossos atos, não há meios de escapar, temos de nos conformar à sua vontade revelada. “Disse mais o Senhor a Jó: Acaso, quem usa de censuras contenderá com o Todo-Poderoso? Quem assim argui a Deus que responda” (Jó 40.1-2). Tiago ainda revela: “… qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém, matas, vens a ser transgressor da lei” (2.10-11).
3) Somos responsáveis pelo conhecimento que temos de Deus.
Embora nem todos os homens tenham conhecimento do evangelho, todos têm um conheci¬mento revelado e inato de Deus. O apóstolo Paulo trabalha com essas questões na epístola aos Romanos: “… o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou” (Rm 1.19). Ele diz que os atributos invisíveis de Deus, o seu eterno poder e divindade são claramente vistos na criação (Rm 1.20-23). Isso torna todos os homens in¬desculpáveis. Mas Paulo também diz, no capítulo dois, que os homens têm uma lei gravada no coração, que dá testemunho da existência de Deus, e o Senhor Jesus os julgará através disso também (Rm 2.12-16). A ideia é que quanto mais conhecimento temos de Deus, mais responsáveis nos tornamos diante dele.
Embora nem todos os homens tenham conhecimento do evangelho, todos têm um conheci¬mento revelado e inato de Deus. O apóstolo Paulo trabalha com essas questões na epístola aos Romanos: “… o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou” (Rm 1.19). Ele diz que os atributos invisíveis de Deus, o seu eterno poder e divindade são claramente vistos na criação (Rm 1.20-23). Isso torna todos os homens in¬desculpáveis. Mas Paulo também diz, no capítulo dois, que os homens têm uma lei gravada no coração, que dá testemunho da existência de Deus, e o Senhor Jesus os julgará através disso também (Rm 2.12-16). A ideia é que quanto mais conhecimento temos de Deus, mais responsáveis nos tornamos diante dele.
4) Somos responsáveis porque o propósito de nossa vida é a glória de Deus.
A primeira pergunta do Catecismo Maior de Westminster é: “Qual é o fim supremo e principal do homem?”. A resposta: “O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e alegrar-se nele para sempre”. Na verdade, somos responsáveis, somos mordomos das bênçãos que Deus nos dá para cumprirmos o fim para o qual fomos criados (Rm 11.36; 1Co 10.31). Quando visamos somente a glória de Deus no que fazemos, estamos cumprindo o importante papel que nos foi legado.
A primeira pergunta do Catecismo Maior de Westminster é: “Qual é o fim supremo e principal do homem?”. A resposta: “O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e alegrar-se nele para sempre”. Na verdade, somos responsáveis, somos mordomos das bênçãos que Deus nos dá para cumprirmos o fim para o qual fomos criados (Rm 11.36; 1Co 10.31). Quando visamos somente a glória de Deus no que fazemos, estamos cumprindo o importante papel que nos foi legado.
III. Liberdade real
Talvez você esteja pensando que ser responsável dessa maneira não nos dá uma liberdade real, verdadeira. Como pode essa liberdade criada ser, de fato, liber¬dade? Como pode Deus controlar todos os eventos da História, nos seus mínimos detalhes, e ainda assim nos dar liberdade? Há duas respostas para essa questão.
Primeira, poderíamos usar o argumento da complexidade dos caminhos de Deus. Nem tudo o que Deus faz é revelado. Ele também não precisa dar satisfação aos homens, por que faz ou deixa de fazer, ou como faz. A nós pertencem as coisas reveladas (Dt 29.29). Devemos nos esforçar e estudar diligentemente a Palavra para compreender as coisas que Deus quis nos revelar, no entanto, Deus nunca disse que compreenderíamos alguma coisa plenamente. Pelo contrário, várias vezes somos advertidos que os caminhos do Altíssimo são inescrutáveis, mas melhores (Jó 5.9; Is 55.8-9; Rm 8.28; 11.33). É sobre essa complexidade, mas relacionada à eleição e predestinação, que o apóstolo Paulo diz: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?” (Rm 9.20).
Segunda, poderíamos enfatizar aqueles textos das Escrituras em que o homem faz o que deseja, segundo a inclinação do seu coração. Já estudamos a respeito da livre-agência, e como vimos a Bíblia nos ensina claramente que homens maus praticam maldades porque amam mais as paixões de sua carne do que a vontade Deus. Existem vários exemplos nas Escrituras, mas escolhemos lembrar o que aconteceu com o rei Belsazar. O livro de Daniel descreve que o rei Belsazar, neto de Nabucodonosor, deu um banquete aos seus príncipes e decidiu utilizar os utensílios de ouro retirados da Casa de Deus (cf. Dn 5.1-4). Então “… apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam, defronte do candeeiro, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via os dedos que estavam escrevendo” (Dn 5.5). A inscrição na parede condenava Belsazar porque ele sabia o que Deus havia feito com o seu avô Nabucodonosor, mas mesmo assim não se humilhou e nem reconheceu a soberania do Deus de Israel (Dn 5.13-23; cf Dn 4.1-37).
É assim que a Palavra apresenta a relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade. Jamais poderemos afirmar que nosso pecado não é culpa nossa, pois a verdade é que desejamos praticá-lo e temos liberdade para recusá-lo, “… eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn 4.7).
Conclusão
O homem criado por Deus foi seduzido pelo diabo, que o fez duvidar da Palavra do Senhor prometendo-lhe uma liberdade autônoma, livre da soberania do Altíssimo. Na verdade, Deus nos fez e nos deu uma liberdade criada por ele mesmo, mas esta não anula nossa responsabilidade, pois está fundamentada em outros fatores bíblicos. Embora criada, a liberdade é real e deve ser usada para obedecer e glorificar o Senhor.
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