quinta-feira, 7 de abril de 2016

A prisão de Paulo em Jerusalém

A prisão de Paulo em Jerusalém
REBELDIA OU PLANO DE DEUS? (ATOS 21; 22)

INTRODUÇÃO:
Gostaria nessa oportunidade, com a misericórdia do Espírito Santo, de estar esclarecendo este polêmico assunto que esse encontra no livro de Atos: a prisão do apóstolo Paulo em sua viagem a Jerusalém. Muitos afirmam ter sido uma grande rebeldia do apóstolo, pelo fato do mesmo receber uma série de advertências para não ir, em certa ocasião, a Israel, durante suas viagens missionárias entre os povos gentílicos. Outros, porém, afirmam dessa prisão estar incluída dentro dos propósitos de Deus para a vida de Paulo em sua missão de levar o Evangelho aos gentios e aos reis, conforme o próprio Senhor Jesus o revelara através do profeta Ananias (Atos 9:10-19). Do chamado do apóstolo Paulo não temos nenhuma dúvida, pois em Atos nós o vemos claramente, dispensando comentários. Mas agora vamos ver qual era a verdadeira vontade absoluta de Deus para sua vida.

O CHAMADO:
Desde o começo de sua conversão, Paulo já mostra o quão glorioso e terrível era o chamado tanto de levar o Evangelho aos gentios (povos não-judeus) e fundar Igrejas, quanto para pregar aos judeus e convencê-los de que Jesus Cristo, o Nazareno, era o Messias. Ao ponto de em sua primeira aparição no livro de Atos como discípulo de Cristo (Atos 9:19-30), já estar sendo perseguido em Damasco e depois sendo também ameaçado de morte por judeus em Jerusalém, e nas duas ocasiões tendo que se retirar em fuga.

OS FRUTOS:
A partir do capítulo 13 de Atos, o escritor e discípulo, Lucas, relata que o Espírito Santo do Senhor separa Paulo junto com Barnabé, a sua primeira viagem missionária de seu ministério apostólico. Ficando evidenciado os frutos e o quanto Deus contava com sua vida. Depois disso, Lucas começa a descrever a Glória de Deus manifesta na vida do apóstolo em suas diversas viagens, deixando por onde passava rastros de milagres, conversões, curas, terremoto para livrá-lo de prisão, fundações de Igrejas, livramentos, confrontos vitoriosos com Satanás, perseguições, ameaças, e etc. E em tudo isso a mão poderosa de Deus, fazendo com que fosse sendo cumprido cabalmente o seu ministério.

SEU AUGE:
Em Éfeso (Atos 19), Paulo estava em seu auge com o Espírito Santo operando maravilhas extraordinárias pela sua vida, fazendo até com que seus lenços e aventais curassem doenças e expulsassem demônios. E estando lá, resolve de livre e espontânea vontade ir para Jerusalém (Atos 19:21). Em Mileto, quando se despede dos anciãos de Éfeso, se diz constrangido em ir para Jerusalém, não sabendo o que ali acontecer-lhe-ia (Atos 20:22).

O PERCURSO ATÉ JERUSALÉM:
Depois disso, Paulo prossegue sua viagem rumo a Jerusalém; e passando por Tiro, é avisado pelos discípulos dali para não ir a Jerusalém (sendo eles movidos pelo Espírito Santo a lhe dizerem isto – Atos 21:4). Chegando a Cesaréia, foi avisado pelo profeta Ágabo que seria preso pelos judeus e entregue aos gentios (Atos 21:11). Os irmãos rogaram-no para que ele não fosse a Jerusalém, mas Paulo (levado por um forte “sentimento compatriota”, e isso fica claro em Romanos 9:3, quando ele próprio diz que desejaria ser anátema por amor aos judeus) insistiu em ir, pois dizia ele estar pronto a ser preso, e até a morrer pelo nome do Senhor Jesus.

A CHEGADA E A PRISÃO EM JERUSALÉM:
Chegando a Jerusalém, Paulo é convencido por Tiago e os anciãos de, junto com mais quatro homens, se purificar, raspar a cabeça e fazer oferta em favor de cada um deles para “mostrar” aos judeus que ele ainda guardava a lei. Mas isso não adiantou. Antes de findar os sete dias da purificação, os judeus agarram Paulo no templo para o mata-lo. Mas a guarda romana intervém e o leva à fortaleza a fim de livrá-lo da morte (Atos 21:17-36).

A DEFESA DE PAULO:
A partir de então, Paulo se defende diante de judeus e romanos (Atos, a partir do cap. 21:37), e revela que enquanto orava no templo, antes de sua prisão, o próprio Senhor Jesus falara com ele para se retirar de Jerusalém, pois não receberiam seu testemunho e que seria enviado aos gentios de longe. Mas Paulo “discute” com Jesus, e apresenta ao Senhor seus “fortes argumentos” de convencer os judeus a aceitá-Lo. Depois disso, Paulo continua preso, dando testemunhos ao sacerdócio judaico e às autoridades romanas até chegar a Roma, de onde não saiu mais e foi martirizado em 68 d.C..

CONCLUSÃO:
1) Em sua carta aos Romanos (escrita por volta de 57 d.C., período que corresponde aos capítulos 18 a 20 de Atos), Paulo relata ter uma viagem à Espanha (Rm 15:24), mas que primeiro vai a Jerusalém levar doações à Igreja. E que depois iria “visitar” a Igreja de Roma antes de ir à Espanha. Ele pede aos romanos para que “lutem” com ele em orações para ser livre dos rebeldes judeus em Jerusalém, e possa chegar a Roma na plenitude da benção do Evangelho de Cristo e em paz. Mas Paulo chega preso em Roma e não vai à Espanha.
Ora, quem luta em orações para que algo seja evitado, não está pronto a morrer como Paulo afirma em Atos 21:13. Suas “apelações” nos tribunais romanos provam isso. Logo, ele se contradiz.

2) Em sua carta aos Gálatas 2:18-19 (escrita em 49 d.C. – ou seja, nove anos antes de sua prisão), Paulo nos ensina: “... se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor.” E depois no cap. 5:4, ele afirma: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.” Vemos, então, em Atos 21:17-26, Paulo transgredindo o mandamento e caindo da graça por causa de um “sentimento compatriota”. Indo para uma “vontade permissiva” de Deus em sua vida. Mas o Senhor, com sua grande misericórdia, se manifesta a ele e diz que ainda conta com sua vida para testificar dEle em Roma (Atos 23:11).

LIÇÃO:
1) Uma das lições que ficam desse polêmico episódio é a que o próprio Paulo nos deixou em sua carta aos Filipenses 4:6-7: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.” A fim de que não sejamos traídos por nós mesmos, por nossos sentimentos, usando erradamente nosso livre arbítrio.
2) Outra lição que é a que Paulo também nos escreve em sua primeira carta aos Coríntios 10:12: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia.” E sem esquecermos de que “um abismo chama outro abismo” (Salmo 42:7). Pois de Deus ninguém zomba: tudo que o homem semear, isso também ceifará (Gálatas 6:7).

Diante disse tudo, só conseguimos ver perfeição em um único homem: Jesus Cristo, o Senhor da Igreja. Por isso Ele é Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Todos que apareceram antes e depois Dele, ainda que tenham suas virtudes e sejam usados por Deus, serão apenas Seus servos e nossos irmãos, sujeito as mesmas paixões que nós.

Obs.: Este estudo não visa em hipótese alguma tirar o brilho do grande ministério que Deus deu ao nosso amado irmão e apóstolo Paulo, e sim, como foi dito no início, esclarecer a polêmica criada em torno deste assunto ao longo do tempo. Isto é claro. Mas sempre é bom deixar um alerta aos indoutos e inconstantes que torcem ensinos, e igualmente as Escrituras para sua própria perdição (2 Pedro 3:16).

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