quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Guardando-se Do Fogo Amigo

Guardando-se Do Fogo Amigo 

    (Marcos 9:38-48) 
                     Ao refletirmos neste texto, verificamos que ele nos alerta contra o fogo amigo. Nenhum conflito se justifica, principalmente nos dias de hoje e seus motivos são egoístas, territoriais, políticos, religiosos, onde alguns decidem que outros devem morrer, assumindo assim a posição de Deus. E na estupidez da guerra, existe uma estupidez maior chamada de “fogo amigo”. Os soldados estão em guerra, com o risco da própria vida, para defender um ideal, uma causa e de repente são mortos pelos próprios companheiros. Pode ser uma aeronave em combate, que tranqüilamente sobrevoa uma determinada tropa e de repente são abatidos por ela, ou o inverso pode acontecer – uma tropa está em terra e vendo um avião de guerra que se aproxima, se tranqüiliza e diz: “é amigo”, mas este avião joga uma bomba destruindo aquela tropa.
                            Numa ocasião, ouvindo um noticiário sobre a guerra no Iraque, soube que morrem muito mais pessoas com o fogo amigo do que com o fogo inimigo. Os soldados são preparados para se guardarem do fogo inimigo e de repente perdem a vida com o fogo amigo. Que tragédia! Que estupidez!
                            No v.38 de Marcos 9, vemos João, o discípulo amado, dizendo a Jesus que havia um homem expulsando demônios em Seu nome e que procurou impedi-lo, já que não era companheiro deles, entendendo assim que ele era inimigo. Jesus diz então que não o impedissem e continuou: “Ninguém que faça um milagre em meu nome, pode falar mal de mim logo em seguida, pois quem não é contra nós está a favor” (vv 39 e 40). Vemos que Jesus tinha bem definido na sua vida, na sua compreensão, no seu ministério, quem era amigo e quem era inimigo. Na carta aos Efésios, capítulo 6, versículos de 10 a 20, o apóstolo Paulo nos mostra claramente qual deve ser nossa armadura para que possamos estar firmes contra as ciladas do Diabo, pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra “os poderes e autoridades, ..., contra as forças espirituais do mal...”. Se morrermos nesta luta, sendo uma baixa de guerra, não importa como vivemos a nossa vida, se lutamos bravamente, se éramos “bom caráter”, se éramos amigos; o fato é que tombamos, perdemos a vida, mas se sobrevivermos, mesmo mutilados, isto é o que importa. A vida é o maior bem da humanidade e depois da vida física, no v.41, entendemos que Jesus falava da vida eterna; fazia referência ao episódio ocorrido num povoado samaritano (leia Lucas 9: 51-56) onde Jesus novamente tenta mostra-lhes que deveriam ter bem definidos quem eram e quem não eram seus inimigos. Enganamos-nos ao pensar que não há ninguém contra nós, que não temos inimigos, que não há pessoas que gostariam de nos ver como uma baixa de guerra. Qualquer pessoa que está dentro do Reino de Deus e tem o seu nome escrito no Livro da Vida, tem um adversário poderoso que está focado nesta vida, pois ele não mata mortos, mas tenta matar os vivos, ou mesmo fazer com que desistam da batalha, todos aqueles que estão no exército inimigo.
                             A partir do v.42, Jesus vai mostrando-nos que é muito melhor renunciarmos a algumas coisas na vida, que julgamos ser muito boas, e entrarmos no céu, do que não abrirmos mão de nada e não entrarmos no céu. Ele não se refere à morte física e sim à eterna quando diz: “... ir para o inferno, onde o fogo nunca se apaga e o seu verme não morre” (vv 44,46,48).Infelizmente encontramos muita gente sendo morta espiritualmente pelo fogo amigo. São pessoas que por um momento deixaram de vigiar e deram ouvidos a conversas, a conselhos, ficaram desatentas e aquilo que não imaginavam ser um perigo para a vida, repentinamente foi a sua ruína, a sua queda. Jesus está nos alertando sobre este perigo que chamamos de “fogo amigo”, por se mostrar inofensivo e até um nosso aliado. No v.42: “Se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, seria melhor que fosse lançado ao mar com uma grande pedra de moinho...” (esta pedra era tão grande que só poderia ser movida por um jumento), está prevenindo-nos sobre a indução ao pecado que fazemos ao provocar o afastamento dos “pequeninos crentes” (os novos convertidos e os fracos na fé) da fé salvadora, ou seja, quando nossos conselhos, nossa orientação, nosso procedimento, nossa vida acabam sendo instrumentos para “matar” um filho do Reino. Jesus afirma que “melhor seria que você não tivesse nascido”... Isto é muito sério!
                            Matar alguém vem se tornando algo corriqueiro. É só uma baixa de guerra... Afinal o trânsito, as drogas, a violência, matam mais do que uma guerra; estas mortes enriquecem as estatísticas diariamente. Aqui se morre e se esquece, mas “do outro lado” existe morte eterna, sofrimento eterno e Jesus está dizendo que no Juízo, alguém dará conta daquela alma perdida, independentemente dela ter sido morta pelo “fogo amigo” ou “fogo inimigo”. No v.41 Jesus afirma: “Quem lhes der (aos “pequeninos”) um copo de água em meu nome...”, quem abençoá-los “não perderá a sua recompensa”; está nos dizendo que se vermos uma pessoa cambaleando, ou desatenta, ou ferida, uma pessoa prestes a morrer e dermos a ela algum tipo de ajuda em amor e por amor a aquela vida, sabendo do seu valor e o que é ter uma vida na eternidade, de modo algum perderemos o nosso galardão. Muitas pessoas são salvas da eternidade sem Deus por pequenos gestos, porém nobres.
                            Jesus também viu muita gente colocando embaraço na vida de outrem, muita gente se dizendo amiga, mas “atirando e matando”, talvez por não ser idealista ou não saber que está sendo usado pelo inimigo para provocar uma tragédia na vida do próximo, e nos diz: ”Não faça isto!” Se alguém assim proceder, seria melhor que não tivesse nascido... No v.42, o perigo é de provocar a perdição de outrem; a partir do v.43, o perigo em vista é de o próprio cristão tropeçar na sua maneira de ver a vida, sendo assim vítima do fogo amigo que ele mesmo lança contra sua vida. Nossa vida é única e pessoal e viver neste mundo, nesta batalha, é um desafio diário. Não é simples viver, portanto não podemos ter a postura de simplesmente aguardar o próximo dia e ver o que ele nos trará. Um soldado que não tem consciência da batalha, é um alvo fácil. Às vezes nos preocupamos muito como Inimigo, como um soldado que vai para a guerra e todo o seu treinamento foi dado visando eliminar o inimigo. Ele aprendeu sondar sua força, sua tática, seu caminho e sabe qual é a sua posição, pondo-se em alerta contra o inimigo. Mas temos que nos prevenir do fogo amigo, aquele que vem de uma distância e de um lugar de onde não esperamos, como uma tropa que não pega nas armas porque quem a está sobrevoando é uma aeronave amiga e repentinamente é incendiada ou explodida. De nada adianta lamentar dizendo: “foram inocentes!” Eles perderam a vida!
                            Levando esta ilustração para a vida espiritual, encontramos Jesus dizendo que na outra morte, que é eterna, “o fogo nunca se apaga, o seu (nosso) verme não morre...”, portanto não existe nada nesta vida, pretexto algum que nos faça declarar: “por isto vale a pena perder a vida eterna!” No v.43 lemos: “Se a sua mão o fizer tropeçar, corte-a”. Mão na Bíblia se refere a trabalho, produção, atividade e está sempre relacionada com aquilo que fazemos. Muitos milhares de pessoas perderão a salvação por causa do trabalho de suas mãos. São pessoas que dizem para Deus: “eu tenho o que fazer e o que faço impede-me de servi-Lo, de adorá-Lo”, quase querendo justificar-se e continua: “sabe Deus, se eu for uma baixa de guerra, serei uma baixa pelo fogo amigo porque o meu trabalho não é meu inimigo; afinal ele me proporciona um salário que me sustenta!” Mas Jesus está nos mostrando – de que adianta ter uma grande produção e entrar na perdição? É melhor não produzirmos tanto e salvar a nossa alma, pois esta vida terrena tem um século de duração e a outra é para sempre. Muita gente que vê no trabalho “um amigo”, não percebe que o fogo amigo também mata. Esta palavra pode nos parecer muito dura, mas ela é abençoadora porque ainda está em tempo; é uma palavra de aviso para não nos tornarmos uma baixa de guerra do fogo amigo.
                            Seguindo, o v.45 diz: “E se o seu pé o fizer tropeçar, corte-o.” Na Bíblia,  se refere a caminho, a ideal, a projeto de vida; à postura que a pessoa resolveu assumir, ao modo como se conduz na vida. Então, é melhor que analisemos estas coisas em nossa vida para que não percamos o caminho dos céus. O v.47 diz: “E se o seu olho o fizer tropeçar, arranque-o.” Olho na palavra de Deus, se refere adesejo; desejos do coração, da carne, da vida. Se os nossos desejos nos fazem ser uma baixa de guerra, temos que tirar os olhos de onde estamos olhando e que desagrada ao Senhor. É melhor dizermos “não” para os nossos olhos, em muitas ocasiões, do que agradar aos olhos e perder a vida eterna. Todo este ensino de Jesus é muito abençoador, pois jamais veremos nosso trabalho, nossos sonhos e nossos desejos como inimigos. Quando uma pessoa começa a se tornar uma baixa de guerra na vida espiritual, ela sempre procura ajuda dizendo: “o inimigo está querendo destruir-me!”, e quando vamos verificar qual é o inimigo, encontramos o fogo amigo. Na verdade, quem a está matando é a “sua mão”, ou o “seu pé” ou mesmo os “seus olhos”.
                             Um soldado de Cristo, valoroso, vitorioso, tem seu procedimento como o descrito em II Timóteo 2:4: “Nenhum soldado se deixa envolver pelos negócios da vida civil, já que deseja agradar aquele que o alistou.” Ao aceitarmos Jesus Cristo como nosso Salvador e passamos a ter nosso nome escrito no Livro da Vida, não podemos mais perder esta batalha. Se tivermos que renunciar a algumas coisas na vida, são coisas passageiras, menores, temporais e não são para comparar com as coisas que Deus tem para nos dar. Ao final de nossa vida (não sabemos se no início, no meio ou no fim da vida terrena) seremos julgados; seremos condenados ou salvos. Se formos condenados, seremos avaliados se fomos fogo amigo na vida de alguém, ou se fomos vítima do fogo amigo de alguém. Se formos um ou outro, de nada adianta, pois estamos condenados. Assim somos avisados por Deus para que não façamos alguém tropeçar e tampouco tropecemos em alguém, ou algo que seja nosso amigo. No texto bíblico, Jesus estava mostrando que conhecemos os amigos e os inimigos pelo seu ideal, pelo modo como guerreiam, para onde apontam sua arma, e não pela conversa ou aparência. Se uma pessoa estava expulsando demônios em Seu nome, era d’Ele, mesmo não estando na companhia deles. Alguém está atirando contra o reino do inimigo, ele é nosso, mas estando em nosso meio e atira contra o exército de Deus, não é nosso, é contra nós.
                            É melhor entrarmos na Glória, sermos salvos, chegarmos ao outro lado renunciando a algumas coisas da vida, do que ganhando ou fazendo tudo que desejamos, tudo que o mundo nos oferece, percorrendo todos os caminhos que sonhamos e depois perder a vida eterna. Por isso dizia Jesus: “É melhor entrar no Reino de Deus sem uma mão, sem um pé, sem um olho, do que tendo os dois de cada um deles e ser lançado no inferno, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.”

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