domingo, 11 de outubro de 2015

O jovem cristão no plano divino.

O jovem cristão no plano divino.
 
Introdução


“Eu vos escrevi jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno”. (I João 2.14b).


A primeira carta do apóstolo João é uma das chamadas epístolas universais. Escrita cerca de 85 a 95 anos d.C, nela João trata de vários assuntos essencialmente importantes à igreja, tanto de sua época, como atual. Segundo o missionário Donald Stamps, autor das notas da Bíblia de Estudo Pentecostal, João tinha pelo menos dois objetivos em mente ao escrever esta carta:
•    Expor e rebater os erros doutrinários e éticos dos falsos mestres e,
•    Exortar seus filhos na fé a manter uma vida de santa comunhão com Deus, na verdade, na justiça, cheios de alegria (1.4) e de certeza da vida eterna (5.13) mediante a fé obediente em Jesus, o Filho de Deus... (notas I João. Introdução)

Mas, o que nos chama a atenção nesta carta, é que apesar da necessidade de ter que abordar tantos assuntos importantes, João ainda encontra espaço para trazer uma mensagem de ânimo ao coração dos jovens, e mais do que isso, João faz-nos uma declaração que parece bater de frente com o atual conceito da sociedade e até mesmo da igreja em relação aos jovens.
Visto que hoje, a fase da juventude parece ser vista quase como sinônimo de irresponsabilidade, descomprometimento, João ousa discordar. Em suas palavras:
   
“Os jovens são fortes, tem a Palavra de Deus e venceram o maligno”.

Diante de tal afirmação, creio que algumas questões já não tão lembradas voltam novamente a fazer sentido para a juventude cristã:
•    O que Deus pensa de nós?
•    Estamos incluídos nos propósitos de Deus, ou somos jovens demais para sermos usados por ele?
•    Em se tratando dos jovens, quem tem a opinião correta, a sociedade atual e até mesmo a igreja, ou a Bíblia?
É diante dessas questões que nesse humilde estudo queremos discorrer sobre o tema:


O Jovem Cristão no Plano Divino.

Aqui, analisaremos alguns aspectos da vida de pelo menos três jovens que foram em grande medida usados por Deus e que conseqüentemente marcaram sua geração.
Creio que a compreensão desses aspectos nos ajudará a entender a importância de encontrar o nosso lugar no plano de Deus.




I. OUSE SONHAR: JOSÉ

“Sonhou também José um sonho”... (Gn 37.5a)

Não há dúvidas de que todos os homens que agiram e fizeram algo para Deus em prol de seu reino, foram homens que ousaram sonhar.
No caso de José, o sonho ocorreu literalmente, visto que esta era (e ainda é) uma das maneiras usadas por Deus para falar ao coração dos homens. Exemplos: Abraão (Gn 15.12-16); Abimeleque (Gn 20.3); Jacó (Gn 28.10-16); Labão (Gn 31.24).
Na verdade, os dois sonhos de José, tratavam – se de uma revelação profética a respeito do seu futuro e de seus familiares.
A Bíblia diz o seguinte:
“Eis que estávamos atando molhos no meio do campo, e eis que o meu molho se levantava e também ficava em pé; e eis que os vossos molhos o rodeavam e se inclinavam ao meu molho...” (Gn 37.7)

E ainda:
“Eis que ainda sonhei um sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam a mim”.(Gn 37.9)

Estes sonhos lhe sobrevieram quando José tinha apenas 17 anos e era o mais jovem de todos os seus irmãos. Mediante o acompanhamento da história Bíblica, fica fácil compreender que aquela clara revelação profética, perfeitamente compreendida por seus irmãos (v. 8) e pelo seu próprio pai (v.10,11) passou a dominar a vida de José. O que para uma grande parte dos cristãos revela – se como precipitação e imaturidade da parte de José (característica um tanto comum entre os jovens), na verdade era a transparência incontrolável de alguém que agora compreendia que havia sido chamado por Deus para um propósito especial.
José estava feliz porque, mesmo sem compreender o que ainda estava por vir, sabia que Deus o havia chamado para fazer parte do seu plano divino. Por isso ele falava a todos a respeito dos seus sonhos (v.6, 7, 9,10) o que levou os seus irmãos, ao o avistarem de longe, declararem:
“Eis lá vem o sonhador” (v.19)

1.    A vida antes do sonho
a) Era um jovem que ajudava seus pais;
“Esta é a história de Jacó. Tendo José dezessete anos, apascentava os rebanhos com seus irmãos.” (Gn37. 2 a).

José demonstrou preocupação com os negócios do pai, assim como Cristo preocupava – se com a seara de Deus. (Lc 2.49; Jo 4.34)

b) Buscava um bom relacionamento com seus irmãos, porém não compactuava com as más obras que eles praticavam;
“Sendo ainda jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e trazia más notícias ao seu pai”.(Gn 37.2b)
O Fato de termos que nos relacionar com as pessoas do mundo e até mesmo da igreja, não significa que temos que compactuar com suas ações quando elas são más. O verdadeiro jovem de Deus, não sacrifica os valores e verdades espirituais para conseguir a amizade do mundo.
(ex: 1Co 5.9-13;2Co 6.14-18;Tg 4.4,5.)
c) Obedecia a seu pai independentemente de qual fosse o serviço, até mesmo levar alimento aos seus irmãos.
“E, como foram os irmãos apascentar o rebanho do seu pai em Siquém, perguntou Israel a José: Não apascenta teus irmãos em Siquém o rebanho? Vem enviar-te-ei a eles. Respondeu - lhe José: eis-me aqui.” (Gn 37.12,13)

    A questão da obediência é fundamental, quem não é submisso a autoridade dos seus pais ou a outra autoridade, dificilmente será submisso a Deus. (I Jo 4.20)

2.    Possíveis inimigos do sonho
a) Rejeição;
“Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos os seus irmãos, aborreceram - no e não podiam falar com ele pacificamente” (Gn 37.4)
(cap. 39.2a). Fortaleçamos o nosso coração com a verdade de que nem sempre seremos aceitos por todos.

b) Inveja;
“Seus irmãos, pois, o invejaram” (Gn 37.11a)

c) Injustiça;
“E o senhor de José o tomou e o entregou na casa do cárcere, no lugar onde os presos do rei estão presos; assim, esteve ali na casa do cárcere”. (Gn 39.20)
José foi punido injustamente mesmo fazendo o que era correto. O jovem cristão que sonha em fazer algo para Deus, deve estar preparado para a realidade de que nem sempre seremos ovacionados por fazer aquilo que é certo, porém, esta atitude, alem de ser louvável diante Deus, é a única maneira de nos mantermos dentro dos propósitos de Deus para as nossas vidas.

d) Esquecimento;
“O copeiro – mor, porém, não se lembrou de José; antes, se esqueceu dele” (Gn 40. 23).
Parece absurdo ter que encarar a realidade de que nossos sonhos possivelmente passarão por esses terríveis estágios, principalmente pelo fato de muitas pessoas hoje em dia verem o ministério cristão como uma porta que nos conduzirá à fama. O que aprenderemos mais cedo ou mais tarde - queiramos ou não - é que essa visão, totalmente extra-bíblica, bem ao contrário do que esperávamos, acabará nos levando a uma vida de decepções e frustração.
O Jovem Cristão precisa aprender que para vencermos esses inevitáveis períodos de provação e treinamento, precisamos firmemente confiar na fidelidade e nas promessas de Deus.
“Não te deixarei e nem te desampararei” (Hb 13. 5b)
(Gn 39.2,3, 21-23).

3 Todas as coisas contribuem para a realização do sonho

a) José reconhece que Deus operou em todas as coisas;
“Assim, não fostes vós que me enviaste para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito”. (Gn 45.8)

b) O nosso sonho é apenas parte do grande projeto de Deus;
“Porque já houve dois anos de fome no meio da terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura, nem sega. Pelo que Deus me enviou diante da vossa face, para conservar vossa sucessão na terra e para guardar-vos em vida por um grande livramento” (Gn 45.6,7).

c) O alvo do sonho não é a nossa exaltação, mas sim, a conservação da vida;
“Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa face”. (Gn 45.5)

d) Se formos fiéis, o sonho se cumprirá.
“Então, José lembrou-se dos sonhos que havia sonhado...” (cf. 42. 9a).



Duas lições a serem aprendidas

Todo aquele que sonha em ser usado por Deus, depois das aflições e provações deve gerar dois “filhos” assim como José:

Efraim     Deus me fez prosperar no meio das aflições; (Rm 8.28)
Manassés     Deus me fez esquecer o passado e o sofrimento.    

A história de José é uma prova bíblica de que o plano de Deus é implantado em nosso coração para se tornar o alvo e o sonho de nossas vidas e para que sua glória seja manifesta em toda terra.


Reflexão

“Foi pela perseverança que a lesma conseguiu chegar à arca de Noé.”


II – UM TEMPO DE DECISÃO: DANIEL

“E Daniel assentou no seu coração...” (Dn 1.8a)

É um fato notável na história da humanidade, que algumas pessoas resolveram passar pela vida e deixar sua marca, enquanto outros, tornaram – se apenas expectadores, enquanto vêem a vida passar por elas.
Não há como negar que uma das razões pela qual um grande número de jovens permanece ocioso ou indiferente ao plano divino, é o fato de terem se acomodado em relação aos seus sonhos; receberam o chamado, quem sabe através de um sonho, uma visão, uma palavra profética, etc, porém nunca decidiram lutar ou pagar o preço e, de uma vez por todas ver acontecer nas suas vidas aquilo que Deus lhes prometeu.
Em se tratando de poder de decisão, um dos maiores exemplos pode ser encontrado na história de Daniel. Em meio a milhares de jovens que haviam sido trazidos de Jerusalém para o cativeiro Babilônico, a Bíblia relata que apenas Daniel e seus companheiros decidiram não se contaminar com os manjares do rei, e assim permanecerem puros em relação ao Senhor Deus. Consequentemente, Daniel conseguiu revelar, mesmo vivendo em um ambiente inteiramente pagão, quem era de fato o verdadeiro e único Deus.



Características importantes na vida de Daniel.

a) Foi fiel mesmo sendo jovem (Dn 1.3,4a);

b) Tomou a decisão de permanecer puro (Dn 1.8a);

c) Conhecia realmente a Deus (Dn 2.27,28a);

d) Possuía grande confiança em Deus (Dn 6.10a);

e) Cultivava uma vida de oração (Dn 6.10c);

f) Possuía um alto padrão de integridade (Dn 6.4,5);

g) Era humilde (Dn 2.30);

h) Mesmo sendo estrangeiro, conservava no coração saudades de sua pátria (Dn 6.10b).



Reflexão
“Não gaste mais tempo conversando sobre como ser a pessoa certa. Seja essa pessoa”.



III – UM EXEMPLO DE CORAGEM: DAVI

“ ... teu servo irá e pelejará contra este filisteu” (I Sm 17.32b)


Personagem central de uma das narrativas mais interessantes da Bíblia, Davi foi um notável homem de Deus. Apesar de ter cometido vários erros e pecados, Davi tornou-se um exemplo de sinceridade e contrição para com Deus. Mas, o mais interessante, é que de tantos momentos emocionantes e extraordinárias experiências vividas é quase impossível ouvirmos falar seu nome, sem que imediatamente o associemos à imagem de um pequeno jovem segurando em suas mãos um cajado e uma funda enquanto se depara diante de um gigante de quase três metros de altura para pelejarem um contra o outro.
A luta entre Davi e Golias, marca de uma vez por todas sua entrada no cenário das escrituras como um homem segundo o coração de Deus.
E, sem dúvida nesse marcante episódio, encontraremos poderosas lições para as nossas vidas.

Características importantes na vida de Davi

a) Era um jovem que andava com Deus (I Sm 18.14);

b) A idade não foi desculpa para omissão (I Sm 17.42);

c) Foi escolhido por Deus por causa da pureza de seu coração (I Sm 16.12);

(O padrão usado por Deus para fazer essa escolha não era a beleza física ou as habilidades, mas sim, a postura do coração I Sm 16.7; Eliabe era mais formoso e mais experiente em batalhas, mas não possuía um coração como o de Davi.)

d) Era um jovem que possuía autoridade espiritual. (I Sm 16.23);

c) Possuía experiências com Deus, por isso, estava preparado para aproveitar a grande oportunidade quando ela surgiu. (I Sm 17.34-37);

d) Possuía zelo por Deus. (I Sm 17.26b e 36b);

e) Possuía grande confiança em Deus (I Sm 17.45);

f) Não aceitou ser barrado pelas críticas (I Sm 17.28-30);

g) Lutou com as armas que tinha porque era com elas que ele sabia lutar (I Sm 17.38-40);

h) Ouviu o chamado e não o rejeitou (I Sm 17.23);

i) Apressou-se a entrar na batalha (I Sm 17.48).


Reflexão

“Todos os gigantes de Deus foram homens fracos que fizeram grandes coisas para Deus, por que acreditavam que Deus estava com eles”.


Conclusão

João nunca esteve enganado, Deus usa jovens. Ele está à procura de um coração que ouse sonhar, que tenha poder para decidir e que com coragem e confiança entre na peleja em prol do seu Reino. Jovem, a seara está madura, Deus te chama para fazer parte de seu maravilhoso Plano Divino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário