segunda-feira, 19 de outubro de 2015

VISÕES E REVELAÇÕES DO SENHOR

VISÕES E REVELAÇÕES DO SENHOR

Leitura Bíblica: 2 Coríntios 12.1-4,7-10,12

"Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor" (2 Co 12.1).

INTRODUÇÃO
Dando prosseguimento à sequencia de aulas sobre a defesa do apostolado de Paulo, observamos que esse homem de Deus defende o seu ministério e mostra o quanto trabalhou e sofreu em prol do Reino de Deus. Além dos inimigos externos e interiores, ele enfrentou lutas renhidas que os outros apóstolos não experimentaram; para perceber isso basta ler os versículos 11-33 do capítulo 11. Apesar das lutas enfrentadas, Paulo partilhou de momentos que nenhum apóstolo participou, como ser arrebatado ao paraíso e conhecer coisas indizíveis desse lugar, que nenhum outro ser humano teve o privilégio de presenciar em vida. Um momento garboso como esse deixaria qualquer cristão numa posição de destaque e cheio de si, mas veremos nesta aula a intervenção de Deus para que o apóstolo não fosse uma pessoa soberba diante doas revelações que teve da parte do Senhor. Os falsos apóstolos, opositores de Paulo, se vangloriavam de possuírem um conhecimento divino e uma espiritualidade superior à dele. Paulo se viu obrigado a responder que tinha ainda mais razões do que eles para orgulhar-se, mas não fez isso. Preferiu gloriar-se em relação às suas fraquezas, as quais o poder de Deus havia convertido em experiências gloriosas (12.9,10).
I. A GLÓRIA PASSAGEIRA DE SUA BIOGRAFIA (11:11-33)Alguns indivíduos na igreja de Corinto haviam levantado dúvidas quanto à legitimidade do apostolado de Paulo. Acaso ele possuía credenciais que atestavam seu chamado por Deus? Ele podia provar, por exemplo, que estava no mesmo nível dos doze apóstolos? Paulo responde a esses questionamentos, mas talvez não da forma que seria de esperar. Ele não apresenta um diploma de seminário nem uma carta oficial assinada pelos irmãos de Jerusalém, declarando que ele havia sido ordenado para seu trabalho. Também não fala de suas realizações e aptidões pessoais. Antes, fornece uma comovente relação dos sofrimentos que havia suportado ao proclamar o evangelho.
Enquanto os pseudo-apóstolos se vangloriavam dos títulos auto-declarados, Paulo dava demonstração de que a glória maior que ele detinha não estava em sua biografia, mas no sofrimento padecido por causa do evangelho. Aquilo que os falsos apóstolos consideram uma vergonha, Paulo ostenta como triunfo. Enquanto eles se vangloriam de sua retórica, Paulo se gloria em suas fraquezas. Enquanto eles se ufanam de receber dinheiro da igreja, Paulo era esmagado pela preocupação com todas as igrejas. Enquanto mostram seus troféus, Paulo mostra o catálogo de seus sofrimentos por Cristo(11:23-33). Foi por causa da atitude dos seus opositores, que o apóstolo se vê obrigado a dar-lhes uma resposta, relatando suas experiências de sofrimento. A prova de que não há nenhuma postura de autoexaltação, é que no versículo 30, ele diz: "Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza".
Já que os falsos apóstolos estavam se exaltando ao se compararem com Paulo, dizendo que eram superiores a ele, Paulo aceita o desafio ainda que admita que essa era uma atitude insensata. Paulo demonstra como se sente mal ao gloriar-se:”falo como fora de mim”(11:23).
Paulo não concorda com a atitude dos falsos apóstolos de se gabarem de seus feitos. Na verdade, acha isso uma loucura(11:1) e uma insensatez(11:16). Paulo sabe que o auto-elogio conduz à destruição(Sl 12:13; Pv 16:18). Sabe que a vanglória rouba a Deus da honra que só a Ele merece(Sl 96:8; 97:6). Sabe que só Deus pode ser glorificado(1Co 10:31). Mas, Paulo tem de fazê-lo, não por si mesmo, mas pelo evangelho que estava pregando.
O auto-elogio já havia sido considerado por Paulo como algo reprovado(10:18). Mas tendo em vista que os corintios valorizavam os falsos apóstolos por esse critério e que o que estava em jogo não era sua reputação, mas o evangelho de Cristo, Paulo escreve: “Outra vez digo: ninguém me julgue insensato ou, então, recebei-me como insensato, para que também me glorie um pouco. O que digo, não o digo segundo o Senhor, mas, como por loucura, nesta confiança de gloriar-me. Pois que muitos se gloriam segundo a carne, eu também me gloriarei. Porque, sendo vós sensatos, de boa mente tolerais os insensatos”(11:16-19).
Paulo estava consciente de que o ato de gloriar-se, que estava prestes a cometer era um ato de insensatez, mas ele não quer que os corintios o considerem um insensato por fazê-lo. Se não fosse a ingenuidade deles em face das asserções dos falsos apóstolos, Paulo não precisaria gloriar-se(12:11).
Paulo reconhece que não fala segundo o Senhor, e sim como por loucura. Já que os falsos apóstolos batiam no peito e arrotavam suas vantagens pessoais e seus feitos portentosos, Paulo enumera também suas credenciais. O propósito do apóstolo era desbancar a arrogância desses obreiros fraudulentos e mostrar à igreja que nesse quesito seus adversários sofrem uma derrota fragorosa quando se comparam a ele.
Os falsos apóstolos davam grande valor à sua ancestralidade judaica(11:22). Afirmavam ser hebreus de sangue puro, israelitas e descendentes de Abraão. Ainda operavam sob a ilusão de que sua árvore genealógica lhes conferia favor aos olhos de Deus. Não percebiam que Israel, o povo de Deus do Antigo Testamento, havia sido colocado de lado por ter rejeitado o Messias. Eles não se davam conta de que, para Deus, não havia mais diferença entre judeus e gentios: todos eram pecadores e todos precisavam ser salvos pela fé exclusiva em Cristo.
Era inútil que se vangloriassem a esse respeito. Sua linhagem não os tornava superiores a Paulo, uma vez que ele também era hebreu, israelita e descendente de Abraão. Tais coisas, porém, não comprovavam que ele era um apóstolo de Cristo. Por esse motivo, ele se apressa em explicar o cerne de sua argumentação: havia um aspecto no qual eles não podiam superá-lo, a saber, nas dificuldades e sofrimentos.
No versículo 23, ele contesta aqueles falsos mestres, que se diziam "ministros de Cristo", ao declarar que tinha razões muito mais profundas para assim ser considerado. Eles eram ministros de Cristo por profissão, enquanto Paulo era servo do Senhor em devoção, trabalho e sofrimento. Paulo não se esquecia jamais de que seguia o Salvador sofredor. Sabia que o servo não estava acima do seu senhor, que o mundo não trataria um apóstolo melhor do que havia tratado o Senhor Jesus. Quanto mais fiel fosse seu serviço ao Senhor e mais semelhante a Cristo se tornasse, mais ele sofreria nas mãos dos homens. Para ele, o sofrimento era a marca ou insígnia dos servos de Cristo. Apesar de Paulo se sentir um insensato ao se gloriar desse modo, era necessário dizer a verdade, e a verdade era que os falsos apóstolos não se destacavam por seu sofrimento. Eles trilhavam o caminho fácil. Evitavam o opróbrio, a perseguição e a desonra. Por esse motivo, Paulo considerava que eles não estavam em condição de atacá-lo como servo de Cristo.
II. A GLÓRIA DAS REVELAÇÕES E VISÕES ESPIRITUAIS (12.1-4)Paulo continua desfraldando a bandeira de sua defesa. Os falsos apóstolos diziam que ele não tinha experiências tão arrebatadoras quanto eles, nem credenciais suficientes para o apostolado. Diziam que Paulo tinha interesses inconfessos em seu trabalho pastoral e não tinha estatura espiritual para confrontar os crentes face a face, como fazia em suas cartas. Paulo, então, responda a essas levianas acusações de forma contundente e firme. Ele sai da ostentação de suas tribulações apostólicas e entra nas visões e revelações. Ele relata uma experiência em que ele se viu arrebatado até o terceiro céu, no paraíso, onde ouviu coisas inefáveis, não permissíveis de serem reveladas.
1. Visões e revelações do Senhor (12.1). “Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor”.
Os crentes de Corinto tinham constrangido Paulo a usar um método que ele mesmo desaprovava: o método de gloriar-se, de contar suas vantagens(12:11). O apóstolo não gostaria de gloriar-se de nada. Sabe que sua atitude não convém, mas é necessário diante das circunstancias. Naquele momento estava em jogo o evangelho e não propriamente a reputação do apóstolo, por isso ele destaca suas próprias experiências e põe na mesa suas credenciais, desbancando, assim, as pretensões soberbas de seus opositores. Ele passa, então, a falar das “ visões e revelações do Senhor”. Não se trata de algum tipo de alucinação nem qualquer distúrbio emocional. São experiências sobrenaturais, advindas do Senhor, que permitem a um ser humano ver algo que outros não podem ver.
Quando lemos o Antigo Testamento, deparamos com várias ocorrências de visões e revelações advindas do Senhor, como forma dEle se relacionar com seu povo Israel. No Novo Testamento, também, as visões e revelações fazem parte do relacionamento de Deus com os cristãos. Por exemplo, Zacarias recebeu uma visão estando servindo no templo, e foi-lhe dito que suas orações haviam sido ouvidas e que sua esposa Isabel daria à luz um filho, cujo nome seria João(o Batista)(Lc 1:8-23). A transfiguração de Jesus foi uma visão dada a Pedro, Tiago e João(Mt 17:9). As mulheres que haviam ido ao túmulo de Jesus relataram que haviam tido uma visão de anjos, que lhe disseram que Jesus estava vivo(Lc 24:22-24). Estêvão, um pouco antes de morrer teve uma visão do “Filho do Homem” de pé ao lado direito de Deus(At 7:55,56). O Senhor falou a Ananias numa visão ao instruí-lo para procurar Saulo de Tarso, depois de este ter ficado cego na estrada de Damasco(At 9:10). Pedro tornou-se disposto a receber o chamado para que fosse visitar Cornélio, mediante uma visão tríplice de animais imundos que desciam do céu num lençol(At 10:17,19; 11:5). Noutra ocasião, ao ser liberto da prisão por um anjo, Pedro julgou estar tendo uma visão(At 12:9). O livro de Apocalipse é a descrição de revelações que chegaram ao autor na ilha de Patmos(Ap 1:1).
O próprio Paulo teve várias visões e revelações ao longo do seu ministério. A primeira delas foi no caminho de Damasco, onde viu o Cristo glorificado. Ali sua vida foi transformada(At 9:3; 22:6). Subsequentemente, Paulo teve a visão do homem da Macedônia chamando-o para que o ajudasse(At 16:9,10). Quando estava desenvolvendo o evangelismo pioneiro em Corinto, recebeu encorajamento da parte do Senhor através de uma visão(At 18:9-11). Paulo afirmava ter recebido seu evangelho por revelação(Gl 1:12), e que seu discernimento do mistério do evangelho, seu acesso à verdadeira sabedoria, e sua compreensão das verdades escatológicas particulares baseavam-se em revelações da parte de Deus(cf Ef 3:3-5; 1Co 2:9,10; 1Ts 4:15).
2. O "Paraíso" na teologia paulina (12.2-4). “Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos (se no corpo, não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sabe), foi arrebatado até ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe), foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito falar”.
Das muitas visões e revelações que havia recebido, Paulo agora seleciona uma, que lhe ocorrera quatorze anos antes. Isso significa que a experiência ocorrera vários anos depois de sua conversão, pelo que não pode ser considerada a mesma revelação de Cristo a Paulo no caminho de Damasco. Paulo foi arrebatado ao terceiro céu. O Céu não é uma imaginação fantasiosa, mas uma realidade inegável. Alguns estudiosos da Palavra de Deus dizem que o primeiro céu se refere à atmosfera; o segundo céu ao espaço(o céu das estrelas) e o terceiro céu à morada de Deus.
O Céu é o lugar onde está o trono de Deus (Sl 2.4); é o local onde o Senhor está presente na plenitude de sua glória, um local “fixado”, “estabelecido” para que Ele se revele tal como Ele é e não apenas pela expressão da suas obras, como o que ocorre com o Universo (Rm.1:20); é o lugar de sua presença, ao qual o Cristo glorificado retornou (At 1.11); e onde um dia o povo de Cristo estará com seu Salvador para sempre (Jo 17.5,24; 1 Ts 4.16,17). Ele é retratado como um lugar de descanso (Jo 14.2), uma cidade (Hb 11.10), e um país (Hb 11.16). Logo, pensar no Céu como um lugar é mais correto do que errado.
O versículo 4 diz que Paulo “foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito falar”. Esse lugar visitado por Paulo é o mesmo para o qual o Senhor Jesus levou o ladrão arrependido depois da morte deste último, ou seja, o lugar onde Deus habita. Neste lugar de glória indizível e sem par, Paulo ouviu a língua do paraíso e entendeu as palavras, mas foi proibido de repeti-las aqui na Terra. As palavras eram inefáveis no sentido de que eram sagradas demais para serem proferidas e, portanto, não deviam ser enunciadas.
Portanto, o “paraíso” é o lugar celestial onde os santos desfrutam da comunhão com Deus.É a habitação dos santos que morreram, tanto do Antigo como do Novo Testamento, e que aguardam a ressurreição de seus corpos (Lc 16.19-31; 23.43; 1 Co 15.51,52).
3. A atualidade das experiências espirituais
. Assim como aconteceu com muitos cristãos no princípio da Igreja, em que foram manifestadas revelações e visões com o objetivo de transmitir algo para o povo de Deus, no afã de edificar a igreja, atualmente isso pode também acontecer, desde que não venham de encontro com a revelação infalível das Escrituras Sagradas. É bom ressaltar que após a conclusão do cânon sagrado, as experiências de visões e revelações não podem serem manifestadas em detrimento da Palavra de Deus. Ela, sim, é a magnânima revelação de Deus aos homens. É a regra de fé e prática do cristão, e a bússola que orienta o pecador ao caminho certo a seguir.
O pr. Elienai Cabral diz que o crente não pode viver à mercê de visões e revelações para praticar o cristianismo. Nem a igreja, nem crente algum dependem exclusivamente de experiências sobrenaturais, como visões, revelações e arrebatamento de espírito para conhecer a vontade de Deus. Ainda que tais experiências não estejam proibidas, devemos levar em conta sempre a completa revelação da Palavra de Deus. É preciso ter cuidado com a presunção de alguns em fazer ‘viagens ao paraíso’, seja comandada por homens, seja por anjos, pois tais "experiências" na maioria das vezes constitui-se em fraudes espirituais.
Também é bom ressaltar que, na relação dos dons espirituais, não há o chamado “dom de revelação” ou “dom de visão”, “dons” que são constantemente mencionados e considerados no meio de alguns integrantes do povo de Deus que não têm o costume de ler e meditar na Palavra de Deus. Segundo o pr. Elienai Cabral, “visões e revelações são experiências do campo das manifestações espirituais que não se constituem em doutrinas, mas são possíveis à vida do crente desde que estejam em conformidade com a Bíblia”.
O “dom de revelação”, na verdade, é o dom da palavra da ciência, não podendo ser confundido, como já dissemos, com verdadeiras adivinhações que têm perturbado o povo de Deus nos nossos dias. Deus não tem qualquer propósito de fazer com que alguns de Seus servos sejam “adivinhos”, pois Ele abomina a adivinhação, que é típica operação maligna. A revelação de fatos ocultos tem tão somente o propósito de edificar o povo de Deus, jamais de envergonhar quem quer que seja.
Já o chamado “dom de visão” não tem qualquer respaldo bíblico. É verdade que existe a operação de visão, uma operação divina em que Deus mostra algo para algum servo Seu, mas também com o propósito de proporcionar a edificação de quem vê ou da igreja, jamais para devassar a intimidade ou envergonhar alguém.
III. A GLÓRIA DOS SOFRIMENTOS POR CAUSA DE CRISTO (12.7-10)
1. O espinho na carne (12.7,8). “E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor, para que se desviasse de mim”.
A vida de um servo de Deus não é constituída só de bonança. Há muito sofrimento. Deus sabe equilibrar em nossa vida, as bênçãos e os fardos, o sofrimento e a glória. Há um contraste gritante entre as duas experiências de Paulo! Ele passou do paraíso à dor, da glória ao sofrimento. Provou a bênção de Deus no Céu e sentiu os golpes de Satanás na Terra. Passou do êxtase à agonia.
O que era o espinho na carne de Paulo? Só podemos dizer com certeza que se tratava de uma provação física permitida por Deus em sua vida. Sem dúvida, a natureza exata desse espinho não é especificada propositadamente, para que santos atribulados e provados ao longo do tempo pudessem identificar-se de maneira mais próxima com o apóstolo em seus sofrimentos. Talvez se trate de uma doença dos olhos, talvez de uma dor de ouvido ou malária, talvez de enxaquecas ou algo ligado à fala. Pessoalmente, sou inclinado a acreditar que esse espinho na carne era um deficiência visual de Paulo(At 9:9; Gl 4:15; 6:11; Rm 16:22; At 23:5).
O apóstolo descreve o espinho na carne como um mensageiro de Satanás, para esbofeteá-lo. Em certo sentido, é representado como um a tentativa de Satanás de atrapalhar o serviço de Paulo ao Senhor. Mas Deus é maior do que Satanás e usou o espinho para levar a obra do Senhor adiante ao manter Paulo em uma posição de humildade. Esse espinho foi dado a Paulo para impedir que se orgulhasse a respeito das revelações que recebera. O espinho tornou Paulo mais dependente da graça divina(12:9).
2. Paulo reafirma que se gloria na fraqueza (12.10). “ Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte”.
Paulo considerava como maior glória para si os seus sofrimentos, enfermidades, prisões, açoites, fomes e perseguições. Em termos humanos, é quase impossível sentir prazer no tipo de experiência relacionado aqui. A chave para entender este versículo é a expressão por amor de Cristo. Aqui, Paulo obedece à instrução de Jesus em Mateus 5:11,12 e regozija-se ao ser injuriado e perseguido.
Ao perseverar na causa de Cristo e propagar o evangelho, devemos estar dispostos a suportar coisas que normalmente não suportaríamos por nós mesmos ou por algum ente querido. É quando tempos consciência de nossa fraqueza e inutilidade que nos tornamos mais dependentes do poder de Deus. E é quando nos entregamos a ele em total dependência que seu poder se manifesta em nós e somos verdadeiramente fortes.
3. A explicação do paradoxo do gloriar-se nas fraquezas (12.9,10). ”E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte”.
O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza, é o que diz o versículo 9. Quando somos fracos, aí é que somos fortes. Esse é o grande paradoxo do cristianismo. A força ao dizer que é forte, na verdade, é fraqueza; mas a fraqueza ao dizer que é fraca, na verdade, é força. O poder de Deus revela-se nos fracos. Paulo pediu para Deus substituição, mas Deus lhe deu transformação. Deus não removeu sua aflição, mas lhe deu capacitação para enfrentá-la vitoriosamente. Deus não deu explicações para Paulo, fez-lhe promessas:”A minha graça de basta”. Não vivemos de explicações, vivemos de promessas. Nossos sentimentos mudam, mas as promessas de Deus são sempre as mesmas.
O apóstolo se contenta com a resposta do Senhor e declara: “De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”. Em vez de murmurar e se queixar do espinho na carne, ele se gloriaria nas fraquezas. Dobraria os joelhos e agradeceria ao Senhor por elas. Suportaria de bom grado, desde que o poder de Cristo repousasse sobre ele.
CONCLUSÃO
O sofrimento do tempo presente não é para se comparar com as glórias por vir a serem reveladas em nós(Rm 8:18). A nossa leve e momentânea tribulação produz, para nós, eterno peso de glória(2Co 4:17). Aqueles que tem a visão do Céu são os que triunfam diante do sofrimento. Aqueles que ouvem as palavras inefáveis do paraíso são aqueles que não se intimidam com o rugido do leão. O sofrimento é por breve tempo, o consolo é eterno. A dor vai passar; o Céu jamais! A caminhada pode ser difícil. O caminho pode ser estreito. Os inimigos podem ser muitos. O espinho na carne pode doer. Mas a graça de Cristo nos basta. Só mais um pouco e nós estaremos para sempre com o Senhor. Então, o espinho será tirado, as lágrimas serão enxugadas, e não haverá mais pranto, nem luto e nem dor. Glórias ao nome do Senhor Jesus!!!

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