quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Um Milagre em sua Vida

Um Milagre em sua Vida

II Reis 4:1-7

Este é um texto bastante conhecido do Antigo Testamento e narra um momento muito difícil na vida de uma cristã. Sabemos que, Cristo tem um compromisso com cristãos quanto à Salvação ou a Vida Eterna, quanto à correspondência do nosso amor para com ele, mas em nenhum momento isto nos faz sobre humanos ou tão especiais a ponto de estarmos protegidos dos males que açoitam a terra. Continuamos falhos, sujeitos às leis humanas e a todas as adversidades.
O v.1 relata que esta mulher ficara viúva de um dos discípulos dos profetas; era pobre, estava endividada e ameaçada de ficar sem seus dois filhos que seriam levados como escravos por um credor. Naquela época, um devedor poderia entregar os filhos ao credor como pagamento da dívida. Nosso mundo atual também é arbitrário e injusto, mas legal. Nossa Constituição diz que “todos são iguais perante a Lei”, mas não é bem assim. Falta muito para os governantes atenderem aos direitos do cidadão como, moradia, educação, saúde, segurança,  etc. Porém, nem todos usam desta legalidade; no livro de  Deuteronômio 15: 1-18, Deus ordena aos ricos e aos credores que não aproveitassem da lei para oprimir os fracos e os pobres. Era uma ordem divina para que os que se encontravam numa posição privilegiada fossem compassivos e bondosos para com as pessoas em dificuldades.
O texto bíblico em estudo nos mostra a forma maravilhosa que Deus fez para socorrer uma cristã carente, mas confiante no socorro divino. Ao lermos a história, talvez não consigamos mensurar a dor dessa mulher, pois, a dor que mais dói é sempre a nossa, seja ela física ou emocional, mas o texto nos leva a refletir sobre uma situação que um dia poderemos estar vivendo e nossa dor, então, será real e não teórica. A mulher foi procurar o profeta, o homem de Deus e quase “erra o endereço” para receber a benção de que tanto precisava, pois demonstrava querer responsabilizá-lo pelo que estava acontecendo a ela e, que a solução deveria vir dele. Dizia: “Teu servo, meu marido, morreu e tu sabes que ele temia o Senhor. Eliseu então lhe pergunta: “como posso ajudá-la?”Isto nos faz ver que, quando nos encontramos numa situação difícil e que somente Deus pode nos socorrer, é com Deus que temos que falar; é em Deus que devemos esperar.
Num momento de dor, acabamos perdendo a noção da vida, “o rumo” e achamos que “qualquer remédio é bom”, “qualquer caminho serve”. Olhamos em coisas que parecem ser Deus – a igreja, o homem de Deus, o pregador, o profeta. Uma igreja é muito boa para nos levar à Deus, o pregador é somente um mensageiro que nos leva a crer em Deus, ou seja, todos os que falam e que vivem a serviço de Deus, são benção de Deus na nossa vida para nos conduzir à ele, mas não são Deus. Se acharmos que é nos lugares ou nas pessoas que esta a solução do problema, a nossa fé pode estacionar aqui. O profeta era a maior autoridade de Deus naquela época, estava no tempo do seu ministério, a unção de Deus era sobre ele, operava milagres, mas quando a mulher colocou a responsabilidade da situação sobre seus ombros, logo perguntou: “O que posso lhe fazer?” Como a dizer: “Sou culpado da sua viuvez, da sua dívida ou do que os credores querem fazer com você?” “Isto acontece com qualquer pessoa nesta terra”.
Se somente Deus pode nos ajudar em nossa necessidade, temos que achar o caminho; precisamos usar nossa fé, descobrir o fundamento de falarmos diretamente com Deus. Temos que saber como se fala com Deus, como se chega até Ele, como O tocamos, como e quando Deus pode nos ouvir, porque “qualquer coisa de Deus não é Deus. Deus se difere de tudo que criou e sustenta; Ele sempre tem um caminho diferente e que corresponde à fé. No texto bíblico, vemos que o profeta faz outra pergunta – “O que você tem em casa?”, ao que ela reponde: “Tua serva não tem nada...”(v. 2b), ou seja, nada aproveitável pois só tinha dor, medo, dívida, angústia, mas deu seqüência à resposta: “...nada além de uma vasilha de azeite”. Diante deste detalhe, o profeta deu-lhe uma palavra de Deus (leia vv. 3 e 4). Aquela mulher tinha um grande problema, mas  tinha acesso ao grande profeta Eliseu que não pode fazer nada por ela. Estava como a dizer-lhe: “você está crendo na pessoa errada”, “você está bebendo o remédio errado”, “você está andando no caminho errado”, “mas tenho uma pergunta a lhe fazer. Você tem alguma coisa em sua casa?”
Neste contexto, casa significa vida, então a pergunta era: “Há alguma coisa em sua vida que Deus pode usar para fazer um grande milagre?” Teria ela uma pequena fé como um grão de mostarda? Um pouquinho de esperança? Uma força de vontade? Um conhecimento de Deus, de seu poder e de como ele atua? Se a mulher respondesse “nada tenho”, provavelmente a sua petição findaria ali e ela perderia seus dois filhos, mas respondeu: “tenho uma vasilha de azeite”. Azeite em toda a Bíblia simboliza a presença do Espírito Santo. É como se Deus nos pergunta-se: “no meio de tanta adversidade, há dentro da sua vida alguma coisa que o Espírito Santo possa usar?” (leia I Co. 3:16; 6:19). Se dissermos “sim”, isto basta. O milagre parte do que temos em nossa vida e disponibilizamos para Deus.
No v.3 lemos: “Vá... a todos os vizinhos”, pois naquela época os vizinhos eram muitos amigos e socorriam um ao outro numa necessidade. Trazendo este relacionamento para nossos dias, seria como se o profeta nos dissesse: “procure seus amigos, as pessoas que querem o seu bem e peça-lhes muitas vasilhas vazias emprestadas”. É como se Deus nos falasse: “você tem fé? acredita que Deus faz milagres? então peça ajuda! Deus não trata as pessoas com parcialidade; para Ele todos são homens e pecadores, e se realizou um milagre na vida de alguém a ponto de transformá-lo é porque teve poder e prazer em fazê-lo, e pode fazer em nossa vida também. A recomendação “entre em sua casa com seus filhos e feche a porta” (v.4a) era para que a mulher não contasse aos vizinhos que ela entraria em sua casa com as vasilhas vazias e todas elas se encheriam de azeite. De imediato alguém roubaria a sua fé dizendo: “você está doida! Quem lhe disse para fazer isto?! Esse homem não é de Deus, está palavra não é coerente, isto não acontecerá nunca!”Depois de receber a palavra de Deus, ela não poderia dar ouvidos a mais ninguém. Há pessoas que procuram Deus, mas já estão cheias de tanta coisa que Deus não consegue por mais nada dentro delas. Ao nos aproximarmos de Deus, temos que “descer” do nosso ego, da nossa vaidade, abrir mão das coisas em que acreditamos e que não funcionaram, enfim, tirar os deuses e crenças da nossa vida, enche-la com a Palavra de Deus, para que nossa vida deixe de ser triste, falida, assolada. Para receber alguma coisa de Deus, precisamos nos esvaziar de tudo que não é de Deus ou é contra Ele, porque Deus jamais atuará contra sua palavra. Se recebermos alguma orientação que contraria a Palavra de Deus (vasilha cheia), devemos dispensá-la porque Deus não pode encher o que já está cheio.
Se, diante de um problema sem solução (do ponto de vista humano) tivermos um fio de esperança de que Deus tudo pode, então devemos procurar ajuda em pessoas que entendam a profundidade da nossa fé, da nossa esperança, que surge da dor, da perda, da angústia. Não nos preocupemos em explicar a algumas pessoas, nem achar uma aprovação familiar ou de amigos, ao que faremos após ouvirmos a palavra de Deus, que foi confirmada em nosso coração. Vamos praticá-la! Na carta aos Efésios 3:20, Paulo escreve que Deus é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo que pedimos ou pensamos; por isso não acharemos muitas pessoas que entenderão que Deus é Deus de milagres.
No v. 5 lemos: “Depois disso, ela foi embora e fechou-se em casa...”; ela saiu da presença do profeta, mas continuou crendo. Infelizmente muitos não conseguem ter essa fé contínua e Mateus 13, na parábola do semeador, Jesus nos mostra como isto acontece – a palavra ministrada encontra guarida num coração que ainda não está totalmente aberto, então vem o inimigo e a arrebata. É como a semente que caiu à beira do caminho, e as aves vieram e a comeram. A vida desta pessoa fica infrutífera. A palavra do profeta à mulher, era uma palavra difícil de ser cumprida; era irracional, mas milagre não é racional. Um milagre a gente vive e não explica, mas pode ser entendido e aceito pela fé.
Numa ocasião em que Jesus precisava pagar um imposto, ele pediu que Pedro pescasse e na boca do peixe tinha uma moeda que pagaria o imposto dos dois (Mt. 17:27). Por que Jesus fez um milagre tão pequeno quando tinha poder para fazer cair dos céus uma pedra valiosíssima cujo valor sobrepujava em muito o valor do imposto? Porque o milagre foi de acordo com a necessidade. O profeta disse à mulher que escolhesse a quantidade de vasilhas vazias emprestadas – poucas ou muitas. A palavra de Deus foi dada e se você tem “um pouco de azeite” ou “uma semente” que funcionam como matriz é a partir daí que Deus opera e continua até onde sua fé puder receber.
Depois de enchidas as vasilhas, o azeite parou porque não havia mais vasilhas vazias (v.5) o azeite não acabou porque a graça e o poder de Deus jamais deixarão de jorrar na terra; enquanto existir vasilhas vazias ele estará jorrando. A mulher  procurou o profeta e contou tudo o que aconteceu ao que ele lhe disse: “Vá, venda o azeite e pague suas dívidas. E você e seus filhos ainda poderão viver do que sobrar” (v.7). Este milagre tem certa semelhança com o milagre de Elias mencionado em I Reis 17:08-16. Quem deseja ter uma vida cheia de unção do Espírito de Deus (comparado ao azeite), precisa possuir as três qualidades que são as condições de receber esta unção. 1ª) desejo de saber (leia Tiago 1:06); 2ª) fé (leia Mateus 21:22); 3ª) obediência (leia João 14:15-16). A mulher recebera exatamente tanto azeite quanto a quantidade de vasilhas que possuía e também tantas vasilhas quanto ao seu desejo, sua fé e sua obediência a impulsionaram a tomar emprestadas. Houve uma mudança radical em sua vida que recebeu uma única palavra de Deus e a colocou no coração, praticando-a obedientemente. Já não havia escravidão, nem pobreza e nem insegurança.

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