segunda-feira, 6 de junho de 2016

A comparação da Igreja primitiva com a hodierna

A comparação da Igreja primitiva com a hodierna 
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. (Ap 3:16)

Estamos aqui diante de um versículo que nos faz refletir sobre o que nós somos e o que nós queremos e devemos ser.

Observando o contexto veremos que a igreja dos tempos apostólicos não estava livre da tão famosa mornidão espiritual, que diremos nós que vivemos tempos tão trabalhosos (2 Tm 3.1).

A mornidão espiritual é uma das mazelas que corrompem a Igreja hodierna, mas do que se trata essa “doença” que faz com que Deus nos vomite de sua boca?

Essa carta, escrita pelo Apóstolo João, foi endereçada à igreja de Laodicéia, uma igreja que se situava numa região próspera e, portanto, seus membros gozavam de uma vida abastada. O nome “Laodicéia“ vem do grego e significa democracia, ou seja, o poder do povo.

Já era de se esperar que os crentes laodicenses tivessem uma mentalidade de auto-suficiência e que impunham isso até mesmo ao governo de Deus na igreja, para eles estava tudo bem, achavam que já não precisavam de nada (Ap 3.17a), porém estavam enganados, haja vista a resposta de Deus a essa atitude antropocêntrica e materialista: "e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;" (Ap 3.17b).

A Bíblia fala de prosperidade com muito equilíbrio, não existe nela a chamada “Teologia da Prosperidade”, que afirma que todo crente deve ser rico e que a pobreza é uma maldição, entre outras inverdades, mas também não revela a tão defendida “Teologia da Miséria” que afirma, segundo seus adeptos e de forma errônea, que a miséria é uma dádiva de Deus. O que a Bíblia afirma é que o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males (1 Tm 6.10 a), portanto, não devemos colocar o nosso coração nas riquezas, mas sim naquele que pode nos dar, segundo a sua vontade, tudo o que nos é necessário (Sl 23; Mt 6.19ss). A igreja de Laodicéia estava enfrentando este mesmo problema, estava com seu coração nas coisas corruptíveis e não nas que são eternas (Cl 3.2,3; 2 Co 4.8).

Uma Igreja focada em Cristo busca em primeiro lugar pregar a Palavra de Deus acompanhada das manifestações do Espírito Santo em forma de dons espirituais para que a Igreja seja edificada e os descrentes convertidos.

A igreja que despreza esses valores com certeza se desviará da sã doutrina e Jesus já não será o seu Senhor. Que contradição nós vemos quando, ao passarmos por certos templos “evangélicos”, lemos a frase: “Jesus Cristo é o Senhor!”, e tristemente lamentamos por observarmos que essas igrejas estão caindo no mesmo erro da igreja de Laodicéia.

A mornidão espiritual na igreja de Laodicéia se manifestava no fato de que ela estava dividida entre Cristo e as riquezas, entre a Vontade de Deus e a vontade do homem. A Bíblia revela que não podemos servir a dois senhores (Mt 6.24), um coração dividido nunca agradará ao Senhor, precisamos ter certeza do que queremos, pois o verdadeiro Evangelho consiste, entre outras coisas, na renúncia do mundo com suas paixões e concupiscências (1 Jo 2.15), amar ao mundo é o mesmo que ser inimigo do Deus da Bíblia (Tg 4.4), por isso Jesus já se encontrava do lado de fora da igreja de Laodicéia (Ap 3.20).

No livro de Atos dos Apóstolos encontramos uma narrativa de como foi o início da Igreja de Jesus Cristo aqui na terra, o exemplo deixado pelos apóstolos e um padrão permanente para a igreja.

Quem quiser seguir a Cristo deve levar em conta os exemplos dos apóstolos vistos neste livro. Exemplos de santidade, ousadia, sofrimento, oração, fraternidade e união.

As principais características da igreja primitiva, narrada no livro de Atos dos Apóstolos são:

As últimas instruções de Jesus e a ordenança de evangelizar as nações;
A Igreja estava constantemente em oração;
A Igreja supria os necessitados;

Curas e maravilhas eram realizadas pelos apóstolos, dando seqüência ao que Jesus tinha feito;
Diversas citações de batismo com o Espírito Santo;
Grandes pregações e muitas conversões;
Os primeiros mártires: Estevão apedrejado; Tiago teve a cabeça cortada;
Prisões e sofrimento fizeram parte da vida dos apóstolos;

Grande expansão missionária da igreja;
A ação do Espírito Santo em favor da Igreja.
Com a leitura do livro de Atos dos Apóstolos devemos compreender que servir a Deus está acima de todas as coisas e mesmo em meio às dificuldades e sofrimentos é necessário mantermos o padrão bíblico de obediência a Deus.

Fazendo uma comparação da igreja primitiva com o cristianismo atual, iremos encontrar diferenças discrepantes. Veja algumas coisas que ocorre na Igreja atual e não encontramos em Atos dos Apóstolos.

Muitas pessoas têm procurado as igrejas evangélicas para obter benefícios materiais apenas e esquecem-se do que é de fato a Igreja;
A Igreja tem sido usada por muitos apenas para cobrar bênçãos de Deus;
O relativismo é tolerado como normal por muitos. A idéia de pecado passa ser algo muito vago, depende;

A mensagem pregada é mista, ora Jesus, ora Maria. Sobre isto Paulo escreveu aos Coríntios:


Quero dizer, com isso, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo.

Está Cristo dividido? Foi Paulo crucificado por vós? Ou fostes vós batizados em nome de Paulo? (1 Co 1.12,13)

Ora, se foi Jesus que morreu por nós, então nosso compromisso e esperança está em Jesus.

A Igreja de Jesus Cristo iniciou sofrendo muitas perseguições. Os apóstolos foram presos, alguns apedrejados, outros mortos e tudo isto porque eles davam testemunho de Jesus Cristo.

Eles pregavam era que Jesus havia ressuscitado, subido ao céu e que voltaria. Pregavam que era necessário o arrependimento dos pecados e entregar a vida a Jesus Cristo para obter a Salvação.

A mensagem que Paulo, Pedro, Estevão, João, Tiago e outros pregavam naquela época continua valendo para os nossos dias. Ela não caducou, pelo contrário, continua viva e atual para a igreja contemporânea.

“Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.” (1 Co 2.9)

É comum ouvirmos muitos usarem o versículo citado acima para afirmarem que Deus sempre tem algo inesperado para realizar em nossas vidas e é bem verdade que o Senhor nos faz muitas surpresas em nossa caminhada.

Já pensou se tudo o que nos acontece fosse previamente conhecido por nós? Acredito que o mundo não teria tanta graça, no sentido comum da palavra. Ainda bem que a onisciência é um atributo unicamente divino! Bem, voltando ao assunto, usam-se essas palavras de Paulo, inspiradas pelo Espírito, para defender a autenticidade de todo tipo de acontecimento inexplicável e/ou sobrenatural geralmente ligado aos modismos neo-pentecostais.

Dente cariado que ganha obturação de ouro, dinheiro que aparece na conta corrente sem mais nem menos, unção do riso, da galinha, da lagartixa, do leão, do carrinho de mão.

Eu poderia escrever dezenas de textos para arrolar todas as “maravilhas” que têm acontecido no meio evangélico brasileiro.

Até parece que todo dia aparece uma nova unção que contagia a multidão dos loucos por uma nova experiência sobrenatural.

Vem então a seguinte pergunta: será que 1 Co 2.9 serve como respaldo para o que temos observado nos cultos que hoje chama ignorantemente de pentecostais? Tenho certeza que não e quero externar aqui não a minha opinião, mas o que a Bíblia diz sobre o assunto.

Jesus é o nosso maior exemplo:

Em Jo 13.15 está escrito: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.”. Isso nos mostra que o que Cristo fez é o que nós devemos fazer e se você acha isso difícil que dirá fazer milagres maiores que os de Jesus como ensinam alguns fazendo uma exegese de Jo 14.12.

Na verdade Jesus disse que os milagres que Ele fez nós os faríamos maiores não em glória, mas em quantidade abrangência, pois o seu ministério foi de apenas três anos enquanto que a Igreja atua há mais ou menos dois mil anos [1].

Isso nos fica obvio quando descobrimos que os milagres que nós fazemos são concretizados por causo da autoridade do nome de Jesus e não por nossos próprios méritos (At 3.12,13).

Fica claro então que os sinais que nos seguem são os mesmos sinais ele fez e que prometeu para nós. As línguas, por exemplo, não foram evidenciadas no ministério de Jesus, mas ele nos prometeu essa dádiva, esse dom, logo é bíblico o falar em outras línguas desde que usemo-lo como a Bíblia nos diz que devemos usá-lo (Ver At 2 e 1 Co 12-14).

Diante das Palavras do Mestre, como podemos nós enveredar por este caminho tão nebuloso que é o misticismo que destrói a simplicidade do Evangelho? Busquemos o poder de Deus e não aceitemos que se ofereça fogo estranho no altar do Senhor (Lv 10. 1-3)!

Qual o real sentido do texto?

Se atentarmos para o contexto veremos que Paulo, ou Saulo, falava no referido texto sobre a simplicidade do Evangelho pregado por ele e conclamava os coríntios a proclamar o evangelho não apoiados em sabedoria humana, mas na sabedoria do Senhor. Na verdade os coríntios estavam buscando erudição (o que é bom), mas apoiavam-se nela somente (o que é perigosíssimo).

Eram provavelmente os seguidores do partido de Apolo “homem eloqüente e poderoso nas Escrituras.” (At 18.24b). Apolo nunca incentivou esse partidarismo em Corinto, mas estes afundaram-se em vangloriar-se na sabedoria do homem mais do que na infinita sabedoria de Deus [2]. Vemos essa atitude nos atuais ”pregadores” que buscam conhecimento, mas não o aplicam no propósito de ganhar almas ou de edificar a igreja.

Seu desejo é unicamente serem promovidos e reconhecidos como sábios. Esquecem-se do Deus que os chamou e capacitou, (se é que Deus os chamou) no esforço de receberem glória dos homens e para isso anunciam um evangelho enfraquecido pelos apelos do mundo.

Não falam mais em santificação, salvação, soberania de Deus, arrependimento, renúncia e tudo mais que concerne ao verdadeiro evangelho de Cristo. Na defesa do evangelho genuíno no trecho de 1 Co 2.1-8 Paulo afirma que:

- Não utilizou-se desnecessariamente de palavras sublimes (v 1);

- Sua vontade era de anunciar-lhes sempre que Cristo foi um dia crucificado (v 2);

- Era fraco, temia e tremia diante do Senhor (v 3);.

- Não era um mero incentivador e seu ministério foi confirmado pela ação do Espírito Santo (v 4) e isso para que eles não se apoiassem em sua sabedoria, mas no poder de Deus (v 5);

- Suas palavras eram provenientes de Deus, revelada a todos eles e oculta aos ouvidos do mundo (vv 6-8).

Jesus é o mesmo ontem, hoje e será eternamente (Hb 13.8), portanto, não devemos nos deter às condições em que a igreja atual se encontra, em meio à apostasia ele ainda levanta e continuará levantando seus remanescentes, seus rabiscos.

A mornidão espiritual é uma realidade nas denominações evangélicas, sejam elas pentecostais ou não, porém, devemos seguir o exemplo dos crentes de outrora, analisando o passado à luz da Bíblia Sagrada, poderemos detectar o que está errado nos nossos dias e então deveremos nós corrigir esses erros.

Centrados na Palavra, com certeza, encontraremos o verdadeiro fervor espiritual que necessitamos para suportar os ataques do inimigo contra a Igreja de Cristo, um avivamento sempre virá nas vidas daqueles que crêem em Jesus (At 2.39)!

Leia o livro de Atos dos Apóstolos e compare como era a igreja primitiva e como é a sua igreja. Será que dá para fazer uma comparação? A mensagem que eles pregavam está sendo pregada na sua igreja? Você como cristão tem encarado o Reino de Deus com a mesma seriedade que os irmãos da igreja primitiva encararam? Abra os seus olhos! Que Deus nos ajude e separar o joio do trigo em nome de Jesus, amém.

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