segunda-feira, 6 de junho de 2016

O Evangelho Nada Tem de Ocultismo

O Evangelho Nada Tem de Ocultismo 
O Evangelho é Para Ser Anunciado às Claras e a Todos

Nós vemos no 11º capítulo de 2 Coríntios que Paulo temia pelo fato de muitos coríntios se entregarem a especulações espiritualistas, teosóficas, filosóficas, e a todo tipo de ensino de origem satânica e dos muitos espíritos demoníacos que operam no mundo tentando insuflar nas mentes das pessoas ensinos enganadores a respeito da criação, da pessoa de Cristo, da natureza dos homens e dos anjos e de muitas outras coisas que se baseiam no que chamam de conhecimento profundo das coisas ocultas.
 
A base destas doutrinas demoníacas é a mesma que foi utilizada pela Serpente para enganar Eva no Éden.
 
Ela reside no apelo ao avanço em conhecimento, para que possamos nos inteirar melhor da vontade de Deus e da compreensão dos poderes que operam no mundo e na nossa própria natureza, dependendo de nós mesmos e não nos submetendo ao Senhor.
 
Mas este é o grande engano ao qual o diabo conduz os homens, porque lhes faz pensar que estão avançando em conhecimento por si mesmos nestas coisas ocultas, quando na verdade, estas coisas consistem em ensinos e manifestações de demônios.   
 
É este desejo de se inteirar das coisas que são ensinadas por Satanás, através de seus instrumentos, sob a forma de engano, que é repreendido tanto por Jesus quanto por Paulo, porque nos separa da simplicidade de mente que convém ao evangelho, e que em vez de nos tornar cheios da Palavra de Deus, e submissos a Cristo, contamina o nosso entendimento com as coisas pertencentes ao reino de Satanás de tal forma, que nos tornamos incapazes de nos concentrar nas coisas relativas à verdade que está em Cristo Jesus.
 
Deus nos criou para nos submetermos inteiramente à Sua soberania, e para viver do modo designado por Ele na Sua Palavra, e quando nos entregamos a este espírito especulativo de tudo pretender sondar em relação às doutrinas de demônios que circulam no mundo, ainda que com a sinceridade de apenas pretendermos alcançar conhecimento das mentiras que Satanás tem implantado por séculos no mundo, nós corremos o grande risco de ficarmos emaranhados nestas doutrinas e perdermos a comunhão com o Senhor e a verdade do Evangelho. 
 
Por isso o Senhor proibiu o Seu povo, desde os dias de Moisés, de sequer nomear os falsos deuses que as nações pagãs cultuavam, exatamente para evitar este envolvimento da nossa mente com as coisas pertencentes ao reino das trevas.
 
Não é por nos inteirarmos de tudo o que eles ensinam e operam no mundo espiritual da maldade, que nos preveniremos dos Seus ataques, mas com oração, com fé, com apego à Palavra da verdade.
 
O próprio Espírito Santo e a Palavra de Deus nos dão o discernimento necessário para vencer tais potestades malignas.
 
Quando se tenta vencer Satanás examinando cuidadosamente cada uma das armas que ele tem utilizado no mundo, nós podemos ser enganados por ele a ponto de tentarmos combatê-lo com as suas próprias armas, e não com a verdade do evangelho.
 
Se o zelo de Paulo pela simplicidade do evangelho da cruz, e o seu modo de vida despojado e sofrido, por causa da cruz, parecia a alguns coríntios uma loucura, era melhor suportar tal loucura do que se entregar às chamadas coisas profundas do conhecimento, que na verdade têm sua origem no reino de Satanás (v. 1).
 
Sem a simplicidade devida a Cristo, conforme está revelada somente no evangelho, é impossível manter um coração puro, segundo a vontade de Deus (v. 2).
 
É portanto de fundamental importância saber que o diabo pode com sua astúcia, corromper a mente do cristão, apartando-a da simplicidade e da pureza que há em Cristo (v. 3).
 
A importância de não se afastar da simplicidade e da pureza que estão em Cristo, não apenas preserva a nossa comunhão com Ele, como nos resguarda de abraçar outro espírito ou outro evangelho diferente daquele que nos foi ensinado Pelo Senhor e pelos apóstolos, que sendo abraçados, ainda que involuntariamente, certamente trarão grandes danos à nossa fé (v. 4).
 
Para os que andam no Espírito e no temor do Senhor, pelo conhecimento verdadeiro da Sua Palavra, sempre se sentirá uma forma de repulsa em seus espíritos, quando outro evangelho ou falsa doutrina estão sendo pregados ou ensinados, porque a unção do Espírito e o dom de discernimento de espíritos é o melhor antídoto para nos manter afastados das coisas pertencentes a Satanás que são mentira e engano, por maior que possa ser a sua aparência de luz e de verdade.
 
Não podemos esquecer que Satanás se transfigura em anjo de luz e seus agentes em ministros de justiça (v. 14, 15).     
 
Quando estes falsos ministros, usados pelo diabo são admitidos pela Igreja, e os cristãos se submetem ao ensino deles, o Espírito Santo se entristece, e apagando-se a Sua atuação nos corações daqueles que apostatam da fé, torna-se muito difícil ver a vida de Cristo sendo manifestada no meio do Seu povo, porque é impossível viver na verdade, quando se é vencido pelo engano.   
 
Paulo já havia se referido anteriormente, nesta mesma epístola, qual é o modo de se vencer o engano, pelo seu próprio exemplo de vida:
 
“6 na pureza, na ciência, na longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no amor não fingido,
7 na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça à direita e à esquerda,” (II Cor 6.6,7).
 
Veja que o Pai da mentira é vencido com pureza, com conhecimento de Deus, com longanimidade, no Espírito Santo, e com amor não fingido, e com a Palavra da verdade, no poder de Deus, com armas da justiça em todos os lados. É pois principalmente com a verdade e com as armas da justiça do evangelho, no poder do Espírito, que se vence o Inimigo, e não com as suas próprias armas mentirosas.
 
Cristãos que procuram se aprofundar no conhecimento das profundezas de Satanás (ainda que pensem, em seu engano que estão se aprofundando em coisas que os levarão a ter um maior conhecimento de si mesmos e de Deus) acabam por considerar a palavra do evangelho como algo rude e grosseiro, como alguns coríntios que se  julgavam refinados em seu conhecimento, estavam considerando o apóstolo Paulo (v. 6).
 
O apóstolo disse que temia que a Serpente corrompesse com sua astúcia o entendimento dos coríntios, mas na verdade o diabo já havia enganado e corrompido a muitos deles, pelo que podemos inferir do muito trabalho que eles estavam dando a Paulo para tentar reconduzi-los à verdade e ao espírito correto pelo qual importa servirmos ao Senhor; que é o da simplicidade e pureza que se pode ver numa criança.
 
O evangelho deve ser recebido portanto com este espírito de caráter pueril, sem o qual sempre haverá a luta do conhecimento carnal que se levanta contra o conhecimento que procede de Cristo.
 
A mente humana que não se deixa persuadir pelo Espírito Santo, acabará se tornando aberta às imaginações vãs e carnais e ao ensino de demônios, ainda que afirme ter por propósito alcançar um melhor e maior conhecimento de Deus.
 
O evangelho de Paulo; e a pessoa do apóstolo não eram inferiores aos demais apóstolos de Cristo, que ele, em sua humildade, chama de mais excelentes do que ele (v. 5).
 
Se a mensagem era a mesma, se o espírito era o mesmo, então porque os coríntios estavam se predispondo a se abrirem para um outro evangelho, quando na verdade há somente um único e verdadeiro evangelho?
 
A vida de Paulo era uma carta aberta perante todos eles, e muito diferentemente dos falsos mestres que lhes influenciavam por interesse egoísta e para propósitos enganosos, ele nunca lhes havia pedido qualquer coisa em troca do serviço que lhes prestara, ao contrário, teve que despojar outras igrejas para poder servi-los, recebendo delas salário, de modo que lhes anunciasse inteiramente de graça o evangelho de Deus (v. 7,8).
 
Especialmente as igrejas da Macedônia haviam suprido as suas necessidades para poder pregar o evangelho aos coríntios.
 
Certamente ele havia seguido a direção do Espírito para agir de tal forma em relação aos coríntios, para que não desse oportunidade a Satanás para infamá-lo e tentar desqualificar a mensagem que pregava, por afirmar que Paulo afinal de contas era igual aos demais falsos mestres, que ensinavam a religião por interesse. 
 
Paulo não era insensato, mas se alguém quisesse tê-lo em tal conta, que o tivesse, porque em vez de se ofender, se gloriaria nisto, uma vez que ninguém deve gloriar em si mesmo, senão unicamente no Senhor, no entanto teria que se expor à insensatez de ter que se comparar com os falsos obreiros a bem dos coríntios, para que retornassem eles próprios à sensatez, de forma que pudessem entender o quão errados estavam em seus julgamentos, e o quanto haviam se deixado enganar pela velha Serpente, Satanás, o diabo.
 
Gloriar-se fora de Cristo é gloriar-se na carne, e Paulo teria que fazê-lo naquela ocasião, porque se os coríntios se julgavam sensatos porque estavam tolerando de boa mente os insensatos? Porque toleravam pessoas cujos ensinos estavam lhes escravizando?
 
Os coríntios admiravam a ousadia com que os falsos mestres faziam as suas asseverações, com grande eloquência e protestando alto conhecimento de coisas ocultas à mente comum.
 
No entanto, não havia nos apóstolos de Cristo a verdadeira ousadia, que é a do Espírito Santo, mas com amor e moderação?
 
E quanto às qualificações que estes falsos apóstolos pretextavam ter, por afirmarem simplesmente que eram israelitas, o povo que Deus havia escolhido desde a antiguidade, para se revelar ao mundo, Paulo não era também israelita tal como eles?
 
Eles se diziam ministros de Cristo? Mas onde estavam as marcas do ministério deles, produzida pela cruz?
 
Paulo expôs então os trabalhos, açoites, prisões (sem contar os mais de seis anos de prisão que ainda sofreria em Jerusalém, Cesareia e Roma), perigos de morte que suportara por amor ao evangelho, e que comprovavam que de fato estava sofrendo as perseguições que são sofridas por aqueles que pregam verdadeiramente o escândalo e a loucura da cruz.
 
Ele se referiu às 195 chibatadas que havia recebido dos próprios judeus, por perseguirem-no por causa do evangelho; às três vezes que havia sido açoitado com varas; à vez que havia sido apedrejado e dado como morto em Listra (At 14.19); aos três naufrágios que havia sofrido (sem contar o que ainda viria a sofrer em sua viagem para Roma); uma noite e um dia passado na voragem do mar; em muitas viagens, em perigos de rios, de salteadores, dos judeus, dos gentios, na cidade, no deserto, no mar, e entre falsos irmãos; em trabalho e fadiga, em muitas vigílias, com fome e sede, e vários jejuns, frio e nudez, suportados com amor por causa de Cristo e do evangelho.
 
Que outras evidências os coríntios ainda precisavam ter das marcas do seu apostolado verdadeiro? Que outras evidências do seu amor por Cristo e pelo evangelho?
 
Além de todos estes sofrimentos produzidos pelas circunstâncias exteriores, Paulo sofria também em seu interior em razão do cuidado por todas as igrejas.
Ele compartilhava as necessidades e sofrimentos dos santos. Ele ficava abatido com os abatidos. Enchia-se de zelo por causa dos que eram escandalizados (v. 30).
 
Ele queria que os coríntios percebessem que não estava se gloriando na carne em grandes feitos, conhecimentos, capacidades, senão nas coisas que estava sofrendo por amor ao evangelho.
 
Era uma glória relativa à sua fraqueza, e não ao seu próprio poder. Desta forma, tudo o que Ele fizera e estava fazendo era pela pura graça e poder de Jesus Cristo, por meio do Espírito Santo.
 
O Deus que vinha lhe livrando de todos os perigos e lhe consolando em todos os seus sofrimentos e humilhações, era o mesmo que lhe havia libertado de ser morto em Damasco, quando teve que fugir da cidade sendo descido num cesto por uma janela da muralha da cidade.    
 
 
 
 

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