Os três propósitos da morte de Cristo
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A Bíblia diz que a morte de Jesus Cristo foi como um pagamento para libertar os homens do pecado.
Até aqui, tudo bem; mas há um problema! A morte de Cristo libertou todos os homens, ou somente alguns homens, dos seus pecados? Os cristãos têm pontos de vista diversos. Uns dizem uma coisa, outros dizem outra. Mas, o que diz a Bíblia? É isso que precisamos descobrir. Se dissermos que a morte de Cristo foi por todos, então não podemos ao mesmo tempo dizer que foi apenas por aquelas pessoas a quem Deus escolheu. Se Cristo morreu por todos, então Deus não precisava escolher um povo especial, não é? Por outro lado, se dissermos que Deus realmente escolheu um povo especial - como a Bíblia ensina - então Cristo não precisaria morrer por todos, não é? Se dissermos que a morte de Cristo foi um resgate, ou pagamento, por toda a raça humana, então: 1. Todos os homens têm o poder para aceitar ou rejeitar aquela redenção; ou 2. Todos os homens realmente são redimidos por Cristo, tenham eles conhecimento disso ou não. A morte de Cristo por todos os homens somente poderia ser real, se uma dessas afirmações fosse verdadeira. Mas a primeira sugestão nega o ensino bíblico de que todos os homens estão irremediavelmente perdidos no pecado e em si mesmos não têm poder para se chegarem a Cristo. A segunda sugestão nega o ensino bíblico de que alguns homens estão perdidos para sempre. Obviamente, há profundas dificuldades com relação à afirmativa de que a morte de Cristo foi por todos os homens. Por que, então, algumas pessoas dizem que a morte de Cristo foi por todos? Parece haver cinco razões possíveis: 1. Parece tornar Deus mais "atraente", se dizem que a morte de Cristo foi por todos. 2. Parece tornar o amor de Deus "maior", se dizem que Ele ama todos os homens igualmente. 3. Parece tornar a morte de Cristo de maior "valor", se pode dizer que ela foi um pagamento pelos pecados de todos. 4. A Bíblia parece usar as palavras "o mundo" e "todo" como se significassem "todas as pessoas". 4. Alguns podem apenas querer dizer que a morte de Cristo foi por todos, para que eles possam ser incluídos, embora não queiram mudar a maneira ímpia como estão vivendo! Neste livro vamos ver porque estas cinco razões estão erradas, e o que a Bíblia realmente ensina sobre o propósito da morte de Jesus Cristo. Vejamos agora “Os três propósitos da morte de Cristo”: I. Para que morramos para o pecado e vivamos para a justiça “… carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça” 1 Pedro 2.24 Por mais estranho que pareça, a morte de Cristo em nosso lugar e por nós significa que nós morremos. Talvez alguém pense que ter um substituto para morrer em seu lugar significa que ele escapa da morte. É claro que escapamos da morte. Da morte eterna de miséria sem fim e separação de Deus. Jesus disse: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” ao 10.28). “Todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente” ao 11.26). A morte de Jesus realmente significa que todo o que nele crê não perece, mas tem a vida eterna ao 3.16). Mas existe outro sentido em que morremos precisamente porque Cristo morreu em nosso lugar e por nossos pecados. “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados…” (lPe 2.24). Ele morreu para que vivamos; e morreu também para que morrêssemos. Quando Cristo morreu, eu, como crente em Cristo, morri com ele. A Bíblia é clara: “fomos unidos com ele na semelhança da sua morte” (Rm 6.5). “Um morreu por todos; logo, todos morreram” (2Co 5.14). A fé é a evidência de que estamos unidos em Cristo dessa maneira profunda. Os crentes foram “crucificados com Cristo” (GI 2.20). Olhamos para trás, para sua morte, sabendo que na mente de Deus nós estávamos lá. Nossos pecados estavam sobre ele e a morte que merecíamos acontecia nele. O batismo significa essa morte com Cristo. “Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo” (Rm 6.4). A água é como um túmulo. recebê-la é um retrato da morte. Tê-Ia recebido é retrato de nova vida. E tudo isso é um retrato do que Deus está fazendo “pela fé”. “Tendo sido sepultados com ele no batismo, fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos” (Cl 2.12). Sendo assim, ser cristão significa morte para o pecado. O velho eu que amava o pecado morreu com Jesus. O pecado passa a ser como uma prostituta que não é mais bonita. Ela é quem matou o meu Rei e a mim mesmo. Assim, o crente está morto para o pecado, não é mais dominado por seus atrativos. O pecado, a prostituta que matou meu amigo, não tem mais apelo. Tornou-se meu inimigo. Agora em novidade de vida sou movido pela justiça. “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós… vivamos para a justiça” (1 Pe 2.24). A beleza de Cristo, que me amou e se entregou por mim, é o desejo de minha alma. E sua beleza é a justiça perfeita. O mandamento que agora amo obedecer é este (e eu o convido a atender comigo este mandamento): “… oferecei-vos a Deus, como ressuscitados dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça” (Rm 6.13). II. Para que morramos para a lei e frutifiquemos para Deus “… meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus.” Romanos 7.4 Quando Cristo morreu por nós, nós morremos com ele. Deus olhou para nós que cremos como quem está unido a Cristo. Sua morte por nossos pecados foi nossa morte nele. Mas o pecado não foi a única realidade que matou a Jesus e a nós. A lei de Deus também o fez. Quando quebramos a lei pelo pecado, a lei nos sentencia à morte. Se não houvesse lei, não haveria castigo. Onde não há lei, também não há transgressão (Rm 4.15). Mas “… tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus” (Rm 3.19). Não havia como escapar da maldição da lei. Ela era justa e nós éramos culpados. Só havia um modo de nos libertar. Alguém tinha de pagar a pena. Foi para isso que veio Jesus. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gl 3.13). Sendo assim, a lei de Deus não pode nos condenar se estivermos em Cristo. Seu domínio sobre nós é duplamente quebrado. Por um lado, as exigências da lei foram cumpridas por Cristo em nosso favor. Ele guardou perfeitamente a lei e isso foi creditado em nossa conta. Por outro lado, a penalidade da lei foi paga pelo sangue de Cristo. É por isso que a Bíblia ensina claramente que estar bem com Deus não é questão de guardar a lei. “Ninguém será justificado diante dele por obras da lei” (Rm 3.20). “O homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus” (G12.16). Não existe esperança de estar em paz com Deus por guardar a lei. A única esperança está no sangue e na justiça de Cristo, que é nossa somente pela fé. “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” (Rm 3.28). Como, então, podemos agradar a Deus, se nos encontramos mortos para sua lei e ela não mais nos domina? A lei não é a expressão da boa e santa vontade de Deus? (Rm 7.12). A resposta bíblica é que, em vez de pertencermos à lei, que exige e condena, agora pertencemos a Cristo, que exige e concede. Anteriormente, a justiça nos era exigida do lado de fora, em letras escritas na pedra. Mas agora a justiça surge de dentro de nós como um desejo no nosso relacionamento com Cristo. Ele está presente e é real. Pelo seu Espírito ele nos auxilia em nossa fraqueza. Uma pessoa viva substituiu uma lista letal. “A letra mata, mas o espírito vivifica” (2Co 3.6). Por essa razão a Bíblia diz que o novo caminho da obediência é frutificador, e não guardador da lei. “… meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus” (Rm 7.4). III. Para nos capacitar a viver para Cristo e não para nós mesmos “Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória.” João 17.24 “Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” 2 Coríntios 5.15 Muitas pessoas se perturbam com a idéia de que Cristo morreu para exaltar a Cristo. Em sua essência, 2 Coríntios 5.15 diz que Cristo morreu para que vivamos por ele. Noutras palavras, ele morreu por nós para que nós o valorizemos muito. Ou seja, Cristo morreu para Cristo. Ora, isso é verdade. Não é um jogo de palavras. A essência do pecado é que não conseguimos glorificar a Deus. Isso inclui não glorificar ao Filho (Rm 3.23). Mas Cristo morreu para levar sobre si esse pecado e nos livrar do mesmo. Ele carregou a desonra que havíamos amontoado sobre ele com nosso pecado. Ele morreu para dar a virada nisso. Cristo morreu para a Glória de Cristo. Cristo é único. Ninguém mais consegue agir dessa maneira e chamá-la de amor. Cristo é o único ser humano do universo que também é Deus, portanto, de valor infinito. Ele é de beleza infinita em toda a sua perfeição moral. É infinitamente sábio, justo, bom e forte. “Ele … é o resplendor da glória e a expressão exata do … Ser [de Deus], sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1.3). Vê-Io e conhecê-lo satisfaz mais do que possuir todos os bens da terra. Aqueles que o conheciam melhor disseram o seguinte: “… o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp 3.7,8). “Cristo morreu para que vivêssemos por ele” não significa “para que o ajudássemos”. [Deus] “não é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse” (At 17.25). Nem Cristo. “… pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45). Cristo morreu, não para que pudéssemos ajudá-lo, mas para que o pudéssemos ver e prová-lo como de valor infinito. Morreu para nos desmamar dos prazeres venenosos e nos enlevar com os prazeres de sua beleza. Nisso somos amados e ele é honrado. Não são objetivos que competem entre si. É o mesmo. Jesus disse aos seus discípulos que tinha de ir para que pudesse enviar o Espírito Santo, o Ajudador (Jo 16.7). Passou então a lhes dizer o que o Consolador faria quando viesse: “Ele me glorificará” (Jo 16.14). Cristo morreu e ressurgiu para que o víssemos e o glorificássemos. É essa a maior ajuda que existe no mundo. É amor. A oração mais repleta de amor feita por Jesus foi: “Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória” (Jo 17.24). Foi para isto que Cristo morreu. Isto é amor. Sofrer para nos conceder prazer eterno, ou seja, ele mesmo. |
sexta-feira, 30 de março de 2018
Os três propósitos da morte de Cristo
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