O povo perece por falta de conhecimento
"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos." (Oséias 4 : 6).
INTRODUÇÃO
Desde o começo do mundo o agente causador da destruição humana tem sido o pecado. No início ele destruiu o que de mais belo existia que foi a comunhão do homem com seu criador. O pecado entrou no mundo por causa da desobediência do homem em relação a vontade de Deus. No decorrer dos séculos o pecado continuou e continua destruindo muitas vidas tendo um aliado muito eficaz que é a falta do conhecimento.
A FALTA DE CONHECIMENTO NAS TRIBOS DO NORTE (ISRAEL)
Uma tragédia sem igual aconteceu com o povo de Deus no tempo do profeta Oséias - O povo foi destruído por falta de conhecimento (Oséias 4 : 6). Mas, que conhecimento era este? Não era o conhecimento secular e muito menos cientifico, senão a ciência a respeito do próprio Deus, por intermédio de Sua Palavra? Conhecer a Deus é obrigação de todo àquele que professa fazer parte do seu povo (Oséias 6 : 3). É própria da vontade de Deus que o seu povo, além de conhecê-lo, também o entenda (Jeremias 9 : 24 ; 24 : 7). O Senhor Deus, primeiramente se revelou a Israel, mas, pela boca de Ezequiel, falou que os gentios (não-judeus) também o conheceriam nos últimos dias (Ezequiel 38 : 16). Em sua oração sacerdotal, Jesus deixou bem claro que a vida eterna que tantos almejam, depende prioritariamente de conhecermos a Deus como único Deus verdadeiro, bem como também a Jesus como o enviado de Deus (João 17 : 3).
Oséias significa “Salvação”, de onde procede o nome Josué, cujo significado é Jeová é salvação. Ele era filho de Beeri e profetizou para o reino do Norte no período de 753 a 715 aC. sob o reinado de Jeroboão II. Nesse tempo, Israel que era formado por doze tribos já estava com seu reino dividido, estando dez tribos ao norte (Israel) e duas tribos ao sul (Judá). Israel (tribos do norte), formado pelas dez tribos tomou como capital Samaria e apostatou da fé e se prostituiu indo após deuses estranhos. Para fazer notória essa apostasia e prostituição, Deus ordena que Oséias se case com uma prostituta de nome Gomer. Mesmo sabendo que ela não lhe seria fiel e que o abandonaria, Oséias a trata com amor e ternura. O amor de Oseias por sua esposa infiel era uma maneira de Deus fazer conhecido o seu amor pelo reino do norte que o havia abandonado, traindo-o com os falsos deuses de Canaã; mas que estava disposto a perdoar a traição e recebê-los novamente como Seu povo. Porém, isso só seria possível se o povo conhecesse a real vontade de Deus e tomasse uma atitude de abandonar o pecado para servi-lo (Oséias 1 : 2 ; 3 : 1 – 5).
"E dar-lhes-ei coração para que me CONHEÇAM, porque eu sou o SENHOR; e ser-me-ão por povo, e eu lhes serei por Deus; porque se converterão a mim de todo o seu coração." (Jeremias 24 : 7).
A RESPONSABILIDADE DO SACERDOTE EM LEVAR O CONHECIMENTO DA LEI AO POVO
Deus se faz conhecido a seu povo mediante as obras de suas mãos e pela Sua palavra revelada na lei (Salmo 19 : 1). Naquele tempo, apenas os sacerdotes e os reis possuíam a lei escrita. Os sacerdotes descendentes de Levi haviam sidos separados dentre as doze tribos de Israel, como tribo sacerdotal para intermediarem o povo perante de Deus. Suas responsabilidades como sacerdotes consistiam em oferecer sacrifícios, interceder e principalmente levar o conhecimento de Deus ao povo por intermédio da lei que Moisés deu a Israel. "Porque os lábios do sacerdote devem guardar o CONHECIMENTO, e da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é o mensageiro do SENHOR dos Exércitos." (Malaquias 2 : 7). Os sacerdotes, como ungidos de Deus deveriam ser um exemplo para toda a nação, assim como é exigido dos ministros da Nova Aliança também o serem. Eles jamais deveriam relaxar nessa responsabilidade, pois se o povo, como rebanho de Deus, viesse a apostatar dos caminhos de Deus, eles seriam duramente responsabilizados por isso. (1Timóteo 4 : 12).
Os sacerdotes sabiam perfeitamente de suas responsabilidades quanto a alimentar o rebanho de Deus com a genuína doutrina da palavra, mas, se deixaram dominar pelo sentimento de cobiça e avareza, o que levou a praticarem outros pecados como a luxúria, prostituição e a idolatria (Oséias 4 : 13). O mais triste diante de tudo isso foi que os sacerdotes descobriram que manter o povo na ignorância era mais promissor e lucrativo do que lhes mostrar o caminho de Deus. Será que não acontece o mesmo nos dias atuais?
COMO OS PECADOS ERAM EXPIADOS?
Naquele tempo, antes da manifestação do Messias, os pecados do povo eram cobertos mediante a entrega sistemática de ofertas no altar e todo hebreu, sem exceção, precisava ir ao templo e perante o sacerdote confessar suas culpas levando uma oferta como oblação pelos seus pecados (Levítico 9 : 1 – 7). Ninguém poderia se apresentar ao sacerdote de mãos vazias, pois, das suas ofertas entregues no altar dependiam o perdão de seus pecados. A cada pecado cometido, tornava-se obrigatório o pecador se apresentar ao sacerdote levando sua oferta e os sacerdotes viram que isso era bom pra eles. Assim, eles se calavam não repassando a congregação os conselhos de Deus, deixando o povo a vontade para pecar contra o Senhor. A única coisa que faziam era lembrar o povo que a todo pecado cometido se fazia necessário fazer expiação por eles, levando ao altar suas ofertas, é claro. Dessa forma, o pecado foi pouco a pouco destruindo o povo santo, pois o conhecimento da palavra de Deus, tão necessário a salvação lhes era negado por causa da ambição dos sacerdotes.
A REPREENSÃO DO SENHOR AOS SACERDOTES.
O capítulo 4 do livro de Oséias começa com a indignação de Deus face a desgraça que se abateu sobre seu povo. O versos 1 a 3 descrevem a tragédia que aconteceu pela falta do conhecimento de Deus.
1 “Ouvi a palavra do SENHOR, vós filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra; porque na terra não há verdade, nem benignidade, nem CONHECIMENTO de Deus”.
2 Só permanecem o perjurar, o mentir, o matar, o furtar e o adulterar; fazem violência, um ato sanguinário segue imediatamente a outro.
3 Por isso a terra se lamentará, e qualquer que morar nela desfalecerá, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar serão tirados.
De quem era a culpa por tal calamidade? Daqueles que foram separados e ungidos para fazerem Deus conhecido ao povo, mediante a revelação da lei escrita – os sacerdotes.
No verso 6, o Senhor revela sua tristeza com a destruição de seu povo e imediatamente dá a sentença punitiva aos responsáveis por essa desolação: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o CONHECIMENTO; porque tu rejeitaste o CONHECIMENTO, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos”. No verso 8, Deus revela claramente o motivo que fez os sacerdotes agirem dessa maneira: “Comem da oferta pelo pecado do meu povo, e pela transgressão dele têm desejo ardente”. O Senhor mostra claramente que os sacerdotes não agiram por ignorância, mas conscientes do que estavam fazendo, pois eles tinham ardente desejo em que o povo continuasse transgredindo os mandamentos de Deus, afinal, isso dava lucro. No novo testamento Pedro profetizou que nos nossos dias surgiriam homens com as mesmas características (2Pedro 2: 1 – 3).
Mas Deus promete castigar os sacerdotes mediante as obras que fizeram, uma vez que eles mesmos se entregaram ao pecado assim como fizeram o povo errar (Oséias 4 : 9). Eles perderiam o privilégio de serem sacerdotes diante do Senhor, assim como aconteceu com o ministério de Eli que foi conivente com o pecado de seus filhos (1Samuel 2 : 30).
A CONTEMPORANEIDADE DA MENSAGEM DE OSÉIAS.
Na nova aliança sob a qual vivemos, Jesus edificou a Sua igreja e o seu desejo é que ela cresça em graça e CONHECIMENTO, a fim de que ela também não seja destruída como Israel o foi no tempo de Oséias (2Pedro 3 : 18). Jesus estabeleceu a Sua igreja neste mundo como um corpo sacerdotal (1Pedro 2 :9); concedendo-lhe dons ministeriais para sua edificação (Efésios 4 : 11). Como corpo sacerdotal, pesa sobre nós a responsabilidade de nos exortarmos mutuamente para que ninguém seja destruído pelo pecado como foi Israel no tempo de Oséias: "Por isso exortai-vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis." (I Tessalonicenses 5 : 11);"Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado;" (Hebreus 3 : 13).
Jesus não estabeleceu sacerdotes específicos sobre Sua igreja, conforme o modelo veterotestamentário, mas ministros pelo dom do Espírito Santo com semelhante responsabilidade que é levar o conhecimento da vontade de Deus, mediante o evangelho (1Tessalonicenses 2 : 4). Àqueles que são chamados e separados para esta finalidade, o Espírito Santo aconselha a não tomarem o mesmo caminho dos sacerdotes do tempo de Oséias que foi a ganância e a avareza pela qual eles corromperam seus ministérios (1Timóteo 3 : 3). Também é de responsabilidade de todo aquele que é aspirante ao ministério do evangelho ter as devidas condições de levar o conhecimento da Palavra de Deus a sua eleita. "Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro,APTO PARA ENSINAR;" (1Timóteo 3 : 2).
É importante salientar que ter conhecimento não é saber textos decorados da bíblia e lançá-los à igreja como muitos até gostam de exibir mostrando que “conhecem” a bíblia. Não, ter conhecimento é, sobretudo, ter o discernimento da vontade de Deus que Ele dá somente a quem pede e busca (Tiago 1 : 5).
Paulo, chamado e separado por Deus para ser o apóstolo dos gentios entendeu sua responsabilidade e, ao se despedir da igreja em Éfeso, pois não iria mais voltar alí, disse: “Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus." (Atos 20 : 26 , 27). Paulo sabia muito bem que: "Não havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselhos há segurança." (Provérbios 11 : 14). Por isso que no fim de sua carreira neste mundo pode dizer com muita convicção: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé." (2Timóteo 4 : 7).
CONCLUSÃO
Quantos ministros da atualidade podem dizer o mesmo que Paulo?
Quantos de fato têm anunciado ao povo TODO o conselho de Deus sem mudar nada do que está escrito?
Quantos, a semelhança daqueles sacerdotes também têm se calado, deixando o pecado minar suas congregações por medo de perder as vantagens financeiras?
Quantos não estão a se enquadrar no que está escrito em Isaías 5 : 10 – 23?:
“18 Ai dos que puxam a iniqüidade com cordas de vaidade, e o pecado com tirantes de carro!
19 E dizem: Avie-se, e acabe a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o conselho do Santo de Israel, para que o conheçamos.
20 Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!
21 Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!
22 Ai dos que são poderosos para beber vinho, e homens de poder para misturar bebida forte;
23 Dos que justificam ao ímpio por suborno, e aos justos negam a justiça!”
Não esqueçamos que de Deus não se zomba (Gálatas 6 : 7). No passado Ele puniu os sacerdotes que fizeram o Seu povo errar e se perder pelo pecado. E também não terá por inocente os ministros do evangelho que relaxarem no cuidado com a sã doutrina pondo a perder o rebanho do Senhor.
"Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo." (Tiago 3 : 1).
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