A INFLUÊNCIA DO CRISTÃO
Texto básico: Mateus 5.13-16
INTRODUÇÃO
Já estudamos as bem-aventuranças que descrevem o caráter do cristão.
Agora Jesus enfatiza a necessidade do cristão exercer influência para o
bem no mundo ao seu redor. Que influência devemos exercer num mundo tão
cheio de mal, corrupção e violência? Para definir a natureza dessa
influência, Jesus usa duas figuras comuns do lar – sal e luz. Qual é o
lar, por mais pobre que seja, que não usa tanto o sal como a luz? Sal e
luz são itens indispensáveis em qualquer lar.
I – VOCÊS SÃO O SAL DA TERRA (Mt 5.13)
1. A função do sal (v.13)
No mundo antigo, o sal era algo de muito valor. O sal tem, pelo menos, três características. a. Sal é tempero que – dá sabor à comida – essa é a característica mais conhecida. Já pensou comida sem sal? É tão insípida, como o próprio Jó reconheceu ( Jó 6.6)!
A influência do crente no mundo deve
ser como o sal para a comida – a presença do crente dá um novo sabor ao
ambiente no escritório, na faculdade, na fábrica, etc. Será que a nossa
presença tem essa influência positiva? Infelizmente, muitas pessoas
consideram que o crente tira o sabor da vida.
b. Sal é preservador – evita a putrefação
– no mundo antigo o sal era o preservador mais comum.
Antes da invenção da geladeira, o sal era usado para preservar a carne e
o peixe do apodrecimento. Até hoje é usado na tão conhecida
carne-de-sol do Nordeste.
Assim, se o crente vai ser “o sal da terra”,
deve ter uma influência antisséptica no mundo. A presença do crente
deve evitar o progresso do mal, derrotando a podridão ao seu redor.
É uma tragédia que a igreja
evangélica, representando 20-25% da população brasileira, não tem
exercido influência maior para o bem no meio político, sindical e
social, como o verdadeiro “sal da terra”.
“Os cristãos foram colocados por Deus numa sociedade secular para
retardar esse processo de podridão. Deus pretende que penetremos no
mundo. O sal cristão não tem nada de ficar aconchegado em elegantes e
pequenas despensas eclesiásticas; nosso papel é o de sermos ‘esfregados’
na comunidade secular, como o sal é esfregado na carne para impedir que
apodreça” (Stott).
c. Sal é ligado à pureza –
não há dúvida que sua brancura brilhante fez essa ligação fácil. Os
romanos diziam que o sal era a coisa mais pura de todas as coisas,
porque veio das coisas mais puras, o sol e o mar.
Se o crente vai ser “o sal da terra”,
tem de ser um exemplo de pureza. Uma das características da sociedade
em que vivemos é o rebaixamento dos padrões de pureza. Não há mais
restrições na área moral – sexo antes de casamento é normal, e
infidelidade no casamento é comum. Os filmes com cenas de sexo explícito
na TV e no cinema, as piadas sujas na fábrica e no escritório são áreas
nas quais o crente tem de demonstrar sua pureza. Quando o crente está
presente, os colegas param de contar as piadas duvidosas, a TV é
desligada. Em outras palavras, o crente deve ser mais corajoso na
condenação do mal. “Às vezes, os padrões de uma comunidade afrouxam-se
por falta de um explícito protesto cristão” (Stott).
O crente não pode se retirar do mundo, mas deve “a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tg
1.27). E isso não é nada fácil. O crente é “chamado a ser um
purificador moral em um mundo onde os padrões morais são baixos,
instáveis, ou mesmo inexistentes” (R.V.G. Tasker).
2. A eficácia do sal (v.13)
A eficácia do sal é condicional. Para continuar a ser útil, o sal tem
de conservar a sua salinidade. É um fato que o sal não pode perder sua
qualidade de salinidade. John Stott explica que “o cloreto de sódio é um
produto químico muito estável, resistente a quase todos os ataques. Mas
provavelmente Jesus está alertando Seus discípulos de que o sal pode se
tornar adulterado por impurezas e, quando isso acontece, “para nada mais presta”.
A mesma coisa pode acontecer aos discípulos. A salinidade do crente vem
do seu caráter descrito nas oito bem-aventuranças; se não servem ao
Senhor pelas suas boas obras, se tornarão inúteis e serão rejeitados. O
problema, muitas vezes, é que o crente se deixa contaminar pelas
impurezas do mundo, e, por isso, perde a sua capacidade de influenciar.
a. É irrecuperável – “como lhe restaurar o sabor?” Não há remédio para o sal sem sua salinidade.
b. É inútil – “para nada mais presta.”
c. É condenado à destruição – “lançado fora, ser pisado pelos homens.”
Não há dúvida a respeito da verdade
que Jesus está ensinando. Se não estamos sendo úteis, então seremos
jogados fora. Inutilidade sempre traz desastre. E não se esqueça! O
crente é sal, e não açúcar!
II – VOCÊS SÃO A LUZ DO MUNDO (Mt 5.14-16)
Luz é uma figura muito importante nas Escrituras. “Deus é luz” (1Jo 1.5). Isaías 9.2 fala da vinda de Jesus: “O povo que andava em trevas viu grande luz”. A missão de Israel era ser “luz para os gentios” (Is 42.6; 51.4-5). Paulo nos lembra que “o
deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes
não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2Co 4.4).
1. A função da luz (v.14-15) É interessante que Jesus convoca Seus seguidores a ser aquilo que Ele mesmo é – “Eu sou a luz do mundo” (
Jo 8.12). Aqueles que permanecem em Cristo, a verdadeira Luz, são
também luz. A luz de Jesus, brilhando neles, aparece em cada rosto, nas
palavras, nas ações, e ilumina o mundo ao redor.
a. A luz deve ser vista –
As casas na Palestina eram bastante escuras, com uma abertura pequena
que servia de janela. A posse da luz de Cristo faz com que Seus
discípulos sejam visíveis, como uma “cidade edificada sobre um monte”, que pode ser claramente vista a quilômetros de distância. Os crentes não podem se esconder e deixar de brilhar para Cristo.
Esse texto enfatiza que não pode
haver discípulos secretos. A nossa fé deve ser vista na maneira pela
qual tratamos o balconista na loja, a doméstica em casa, o porteiro no
prédio, o empregado no serviço.
b. A luz dissipa as trevas – Paulo, ao escrever aos filipenses, enfatiza sua função: “Inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp 2.15). O mundo não pode permanecer nas trevas.
c. A luz avisa do perigo – revela os perigos que nos cercam neste mundo tenebroso.
d. A luz é um guia – “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para os meus caminhos” (Sl 119.105). Pelo nosso testemunho brilhante, dirigimos muitos no caminho certo.
e. A luz deve brilhar no MUNDO – é bom observar que o lugar onde devemos brilhar para Jesus é o mundo, onde as trevas dominam.
Jesus não disse – “Vós sois a luz da igreja”, mas “Vós sois a luz do mundo”.
2. O resultado da luz (v.16)
a. Outros podem ver as nossas boas obras – Jesus esclarece que
as nossas boas obras são essa luz. Essa expressão abrange tudo o que o
crente faz e diz, demonstrando sua fé cristã. Em outras palavras,
refere-se ao seu testemunho diário.
b. Outros podem glorificar ao nosso Pai nos céus –
Nossas boas obras não devem chamar a atenção para nós, mas para Deus.
“Quando os homens veem tais obras, disse Jesus, glorificam a Deus, pois
elas encarnam as boas novas do Seu amor que nós proclamamos” (Stott).
CONCLUSÃO
Não há dúvida que Jesus está enfatizando que deve haver uma diferença
fundamental entre o crente e o não crente, entre a igreja e o mundo.
Diz Stott: “Este tema é básico no Sermão do Monte. O Sermão foi
elaborado na pressuposição de que os cristãos são por natureza diferentes, e convoca-nos a sermos diferentes
na prática. Provavelmente, a maior de todas as tragédias da igreja ao
longo de sua história … tem sido a sua constância de conformar-se à
cultura prevalecente, em lugar de desenvolver uma contracultura cristã”.
Assim aprendemos que fomos colocados no mundo com este papel duplo: como sal, para interromper, ou pelo menos retardar este processo da corrupção moral e espiritual, e como luz, para desfazer as trevas.
John Stott resume a função do
crente da seguinte maneira: “Jesus chama os Seus discípulos para
exercerem uma influência dupla na comunidade secular: uma influência
negativa, de impedir a sua deterioração, e uma influência positiva, de
produzir a luz nas trevas. Pois impedir a propagação do mal, é uma
coisa; e promover a propagação da verdade, da beleza e da bondade é
outra”.
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