domingo, 27 de setembro de 2015

FUNDAMENTOS PENTECOSTAIS

FUNDAMENTOS PENTECOSTAIS 

Autor: Ciro Sanches Zibordi 

Leitura bíblica: 1 Co 14.26,37-40; 1 Ts 5.19-21 

INTRODUÇÃO:  

Este estudo tem como objetivo definir as verdades  pentecostais à luz da Bíblia, contrapondo-se a pseudo-avivamentos e a movimentos pseudopentecostais. 

Não vai aqui qualquer desdouro sobre os não-pentecostais (os nossos irmãos batistas,
presbiterianos e de outras denominações históricas), os quais, a despeito de não concordarem com as verdades pentecostais esposadas na Bíblia, evitam se posicionar, de modo ferrenho, contra os que a seguem. 

Nossa abordagem está baseada principalmente em Atos e 1 Coríntios 12-14. 

I. A ORIGEM DO MP 

O Movimento Pentecostal (MP) é assim chamado porque o derramamento inaugural do poder dinâmico do Espírito Santo ocorreu no dia de Pentecostes, no início do primeiro século da Era Cristã (Jl 2.28,29; Lc 24.49; At 2). 

A partir do início do século XX, os crentes que creem nas verdades contidas no livro de Atos 2 e outras passagens, como 1 Coríntios 12-14, passaram a ser chamados de pentecostais. Mas as verdades pentecostais são anteriores ao próprio MP e, sobretudo, bíblicas. 

Em Levítico 23, Deus estabeleceu sete festas sagradas para Israel observar. A quarta era a de Pentecostes (vv.15,16), também chamada de Festa das Semanas (Dt 16.10) e Festa das Colheitas (Êx 23.16). 

A Festa de Pentecostes ocorria no terceiro mês (sivã, mês que corresponde mais ou menos ao nosso junho) e durava um dia, o sexto. Era ela precedida de três outras festas conjuntas: Páscoa: em 14 de abibe; Pães Asmos: de 15 a 22 de abibe; e Primícias: em 16 do mesmo mês. 

Três outras festas seguiam o Pentecostes:
Trombetas, no primeiro dia de tisri; Expiação, em 10 de tisri, "o grande dia da Expiação"; e Tabernáculos, de 15 a 21 de tisri. Pentecostes era a festa central das sete que o Senhor determinou para Israel observar (Lv 23). Ou seja, três festas antes de Pentecostes, e três, depois (3 + 1 + 3). Isso fala da importância do poder do Espírito Santo para a igreja e do equilíbrio espiritual que resulta dele. 

Ninguém sabe, ao certo, o dia do Natal de Cristo, mas todos sabem o dia da sua ressurreição (primeiro dia da semana), bem como o dia de Pentecostes (quinquagésimo dia após as Primícias). Depois das Primícias, contavam-se sete semanas, vindo a seguir o dia de Pentecostes (7 x 7 semanas + 1 dia = 50 dias). Isso mostra que sem Páscoa (isto é, sem o Cordeiro de Deus morto e ressurreto) não teríamos Pentecostes! Daí a importância de pregarmos sobre a obra redentora de Jesus (1 Tm 3.16; 1 Co 1.18,22,23; 2.1-5; 15.17-20). 

II. AS VERDADES PENTECOSTAIS — as principais verdades bíblicas propaladas pelo MP são: 

A conversão do pecador pela ação direta do Espírito Santo — é Espírito quem convence o ser humano de seu pecado (Jo 3.5,8; 16.8-11), principalmente no momento da exposição da Palavra de Cristo (Rm 10.17 [gr. rhématos christou]; At 2.37; 16.14). 

O testemunho do Espírito no íntimo do crente de que este é filho de Deus (Jo 3.6; Rm 8.16). O salvo em Cristo tem o selo do Espírito, que não deve ser confundido com o batismo com o (ou no) Espírito (Ef 1.13,14; Lc 24.49). 

A habitação interior do Espírito no crente (Jo 14.16,17; 1 Co 3.16; 1 Jo 4.13; Tg 4.5; Rm 8.9,11). 

O fruto do Espírito produzido no crente (Gl 5.22; Ef 5.9; 2 Pe 1.5-9; Cl 3.12,13). 

O batismo com o (no) Espírito Santo, que é um revestimento de poder para o salvo em Cristo (Lc
24.49; At 1.5; 2.16-18,39; Mt 3.11). Esse batismo "com o Espírito" ou "no Espírito" não deve ser confundido com o batismo "do Espírito", que é a imersão do recém-convertido no Corpo de Cristo (1 Co 12.13). 

A diversidade de donsministérios (serviços) e operações (atividades) do Espírito Santo (1 Co 12.1-10,28,29; Rm 12.6-8); isto é, a manifestação multiforme (multifacetada, multímoda) e sobrenatural do Espírito na Igreja (At 2.17; Jl 2.28,29; At 10.10-16; 2 Co 12.1-4; Rm 15.19; Mt 12.28; At 10.38). 

A intercessão do Espírito (Rm 8.26,27; Zc 12.10; Ef 6.18; Jd v.20). 

O Espírito Santo na adoração a Deus (Ef 5.18,19; Cl 3.16). 

A tríplice santificação do crente: posicional (no passado), progressiva (no presente) eperfectiva (no futuro); isto é, a santificação instantânea (por ocasião da conversão), a transformação do crente à imagem de Cristo (dia a dia), até a sua glorificação, no dia do Arrebatamento (Rm 1.4; 8.2; 2 Ts 2.13; 1 Pe 1.2,15,16; Hb 12.14; Fp 3.20,21; 1 Jo 3.1-3; Ef 4.11-15; 2 Co 3.8,18). 

III. O PSEUDOPENTECONTALISMO ROMANISTA 

O pseudopentecostalismo, como este termo sugere, é falso MP — tem sido abraçado também pelo Movimento Carismático da Igreja Romana com fins ecumênicos e com o objetivo de alcançar crescimento numérico similar ao das igrejas evangélicas neopentecostais. 

O Movimento Carismático é formado por pessoas não-regeneradas  idólatras, especialmente mariólatras, creem na intercessão dos "santos", na mediação de Maria e ignoram textos como 1 Timóteo 2.15 e João 14.6, mas têm aparência de piedade. Acautelemo-nos (Mt 7.15-23; 1 Tm 6.3,4). 

Os católicos carismáticos vêm ganhando apoio de algumas igrejas evangélicas neopentecostais — estas também adotam várias práticas pseudopentecostais (místicas), como "atos proféticos", "danças proféticas", etc. A Palavra de Deus afirma que o Espírito Santo é dado somente aos que obedecem a Deus (At 5.32). E o Senhor Jesus afirmou que o mundo não pode receber o Espírito de verdade (Jo 14.17). 

IV. NEOPENTECOSTALISMO 

1. Os neopentecostais são evangélicos que afirmam ser pentecostais, mas não querem abraçar o que ensinam as Escrituras sobre o pentecostalismo. a) São crentes experiencialistas, que consideram divinas todas e quaisquer manifestações, sem as submeterem a uma análise bíblica (At 17.11; 1 Ts 5.21; 1 Co 2.15).
b) Para os neopentecostais, modismos e sinais pseudopentecostais, como "cair no Espírito", "dentes de ouro", "emagrecimento instantâneo", "crescimento de cabelo em cabeças calvas", "depósito em conta bancária", etc., são obras divinas, e ponto final. Mas a Palavra de Deus nos manda julgar, examinar tudo (1 Ts 5.21, ARA; 1 Jo 4.1; 1 Co 14.29; Jo 7.24; 1 Co 10.15). 

Boa parte do neopentecostalismo é formada por homens que já propagaram e defenderam o pentecostalismo bíblico. Apostatando da fé, deram ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios (1 Tm 4.1). Alguns neopentecostais propagam também heresias e modismos, como "atos proféticos", "bênção de Toronto", "unção do riso", "unção dos quatro seres", "unção da lagartixa", "conversas com santos mortos", "arrebatamentos em grupo", "transferência de unção", "unção do leão", "avivamento extravagante", "cura interior", ênfase exagerada à prosperidade material, "determinação", "psicologização do evangelho", etc. 

Outra característica prevalecente no Movimento Neopentecostal é o liberalismo, primeiramente o teológico, mas também o eclesiástico, o litúrgico, o consuetudinário, etc.Nos grandes ajuntamentos neopentecostais não há lugar para a exposição da Palavra de Deus. Valorizam-se os pregadores malabaristas, os milagreiros e os cantores-ídolos, que atraem muita gente com as suas canções do tipo "chiclete", em geral com letras antibíblicas. Prevalecem as técnicas de manipulação de massa (2 Pe 2.1-3; 2 Co 2.17). 

No neopentecostalismo, os "milagres" são priorizados, a despeito de o ministério da Palavra ter prioridade no culto genuinamente pentecostal, na hierarquização feita por Deus (1 Co 12.28; Jo 10.41; Dt 13.1-4). Técnicas de hipnose, como mandar o povo juntar as mãos, para as separarem apenas depois da ordem de milagreiros, têm sido usadas para supostamente demonstrar o poder de Deus. Outra prática comum é a "cirurgia celestial". Quando vários irmãos incautos caem ou deitam no chão, o milagreiro brada: "Agora eu vou tirar a anestesia por alguns instantes". Isso é o bastante para várias pessoas começarem a gritar, deixando a plateia eufórica. 

Na atualidade, entre os neopentecostais e até entre os pentecostais desavisados, há falsificação e misticismo. Certos milagreiros, enganadores, têm iludido o povo de Deus (cf. Os 4.6), valendo-se de truques e trapaças, como "extrair" objetos do corpo das pessoas. Caso esses falsários não se arrependam enquanto há tempo (Ap 2.20-22), ouvirão do Justo Juiz, naquele grande Dia, a contundente frase:
"Nunca vos conheci" (Mt 7.23). 

O Senhor ainda opera milagres extraordinários em nosso meio (Hb 13.8). Mas o que temos visto hoje, no Movimento Neopentecostal, são práticas viciosas e repetitivas. Jesus curou um cego com o lodo que fez com a sua própria saliva, porém Ele não metodizou esse modo de dar vista aos cegos. A obra de Deus surpreende, impressiona, positivamente; deixa todos maravilhados (Lc 5.26). As falsificações são viciosas, premeditadas, propagandeadas, a fim de que os exibicionistas milagreiros recebam a glória que é exclusivamente de Deus (Is 42.8). 

V. MANIFESTAÇÕES PSEUDOPENTECOSTAIS 

As experiências dos primeiros pentecostais, ocorridas no avivamento da Rua Azusa, em Los Angeles, no começo do século XX, e no início da Assembleia de Deus no Brasil, não devem ser comparadas com as manifestações aberrantes de hoje. Naquela época, não havia "paletó mágico", sopros "ungidos", empurrões, uivos, rugidos, latidos, pessoas rastejando pelo chão, etc. 

Algumas obras literárias tendenciosas, escritas por autores que defendem tais "moveres", afirmam que ocorriam as aludidas aberrações entre os primeiros pentecostais. Se elas de fato aconteceram, não devem ser consideradas características principais do pentecostalismo. Não devemos supervalorizar as experiências vividas pelos pentecostais do começo do século XX, a ponto de equipará-las às incontestáveis verdades da Bíblia. Devemos, sim, respeitar os pioneiros, mas a nossa fonte primacial, precípua, de autoridade é a Palavra de Deus (1 Co 4.6; Gl 1.8). 

Por que o verdadeiro pentecostalismo é contrário ao "cair no poder" e outras bizarrices? 

a) O "cair no poder" e manifestações afins não se coadunam com os princípios e mandamentos contidos em 1 Coríntios 14. Não edificam (v.12); contrapõem-se ao uso da razão, necessário num culto genuinamente pentecostal (vv.15,20,32); levam os incrédulos a pensarem que os crentes estão loucos (v.23); e promovem desordem generalizada (vv.26-28,40).
Muitos defensores dessas manifestações dizem que estão na liberdade do Espírito (cf. Gl 5.13), porém a Bíblia não avaliza toda e qualquer manifestação. No culto genuinamente pentecostal deve haver julgamento, discernimento, análise, exame (1 Co 14.29,33,37).
O "cair no poder", a "unção do riso" e outros "moveres" não têm apoio das Escrituras e não podem ser equiparados, por exemplo, ao batismo com o Espírito Santo (com a evidência inicial de falar em outras línguas), o qual é mencionado com total clareza na Palavra de Deus (Jl 2.28,29; Mc 16.15-20; At 2; 10; 19; 1 Co 12-14, etc.).
Em Lucas 4.35, está escrito: "E Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai dele. E o demônio, lançando-o por terra no meio do povo, saiu dele, sem lhe fazer mal". O Senhor não arremessa pessoas ao chão mediante sopros "ungidos" e golpes de paletó. Quem gosta de lançar as pessoas ao chão é o Diabo (Mc 9.17-27).
Jesus, o maior Pregador que já andou na terra, e seus apóstolos nunca impuseram as mãos sobre pessoas para levá-las ao chão. Eles jamais sopraram sobre elas ou lançaram parte de suas roupas a fim de derrubá-las (cf. Jo 20.22). O apóstolo João caiu como morto, por não ter suportado a presença real da glória do Cristo ressurreto, mas não perdeu a consciência (Ap 1). Não foi o Senhor Jesus quem o derrubou.
Os neopentecostais e os pentecostais desavisados citam textos como 2 Crônicas 5.14 e 1 Reis 8.10,11 e dizem: "Os sacerdotes não resistiram à glória de Deus e caíram no poder". Veja o que a Bíblia realmente diz: "E sucedeu que saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a Casa do SENHOR. E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR enchera a Casa do SENHOR" (1 Rs 8.10,11). A frase "não podiam ter-se em pé" denota que os sacerdotes "não puderam permanecer ali" (ARA). Eles não suportaram permanecer no local ministrando! 

4. Um texto empregado erroneamente pelos neopentecostais em abono a bizarrices e invencionices é João 14.12, pelo fato de mencionar "coisas maiores" que as realizadas por Jesus. Mas é preciso observar o seguinte:
O termo grego meizõn, traduzido por "maiores", em João 14.12, literalmente é "coisas maiores". E o vocábulo "obras" (gr. ergon) significa: "trabalho", "ação", "ato" (Dicionário Vine, CPAD), e não "milagres" ou "manifestações", estritamente.
As obras maiores incluem tanto a conversão de pessoas a Cristo, como a operação de milagres (At 2.41,43; 4.33; 5.12; Mc 16.17,18). Exegeticamente, são obras maiores em número e em alcance. Dizem respeito à quantidade em lugar de qualidade.
Portanto, João 14.12, não avaliza truques, trapaças, experiências exóticas e antibíblicas, além de fenômenos "extraordinários" (cf. Dt 13.1-4; 2 Ts 2.9; Mt 7.21-23). 

VI. CESSACIONISMO 

O Movimento Antipentecostal é formado por dois grupos principais: os cessacionistas moderados e extremistas. 

Os cessacionistas moderados. Opondo-se ao continuacionismo e, sobretudo, ignorando verdades bíblicas inquestionáveis, os irmãos cessacionistas privam-se da sobrenaturalidade do evangelho, à disposição de todos os salvos (At 2.39). Alguns zombam dos crentes que creem na atualidade dos dons, ministérios e operações do Espírito, ignorando 1 Coríntios 14.39,40 e 1 Tessalonicenses 5.19,20. Apesar de sinceros, eles são racionalistas e tradicionalistas, e por isso não compreendem as manifestações espirituais; sua fonte primacial de autoridade é a lógica humana (1 Co 2.14,15). 

Os cessacionistas extremistas. Além de cessacionistas, os cristãos (cristãos?) antipentecostais extremistas nutrem uma aversão aos pentecostais, chegando a afirmar que estes estão endemoninhados. São iracundos, irônicos, invejosos e zombeteiros. Gostam de desafiar os pentecostais, chamando-os para o debate, considerando-os ignorantes, incapazes de refutar as suas argumentações meramente racionais. Argumentam que dons como a profecia cessaram, baseando-se numa interpretação errônea de 1 Coríntios 13.8-10. 

VII. CARACTERÍSTICAS DO MP  

O verdadeiro pentecostalismo é um movimento cristão, biblicocêntrico, formado por crentes em Jesus Cristo verdadeiramente salvos, fiéis, sinceros, que seguem ao que está escrito nas Escrituras. Os pentecostais creem no que a Palavra de Deus assevera acerca do batismo no (com o) Espírito Santo e da manifestação multifacetada do Espírito: dons, ministérios e operações (At 2; 1 Co 12.1-11; Mc 16.15-20; 1 Co 14.26, etc). 

Os pioneiros do MP, observando o que está escrito em passagens como Atos 2 e 1 Coríntios 12-14, puseram o fundamento (1 Co 3.10). Cabe a nós, que cremos na manifestação multímoda do Espírito Santo (1 Co 12.4-11), saber como devemos edificar. 

Em Atos 2.1-4, vemos que todos estavam reunidos. A palavra "todos" é inclusiva, o que denota unidade no Espírito Santo. Não havia ali lugar para discordâncias, contendas, divergências pessoais em torno das coisas de Deus; todos estavam juntos, reunidos. Será que havia naquela igreja espaço para disputas desleais por posição, cargo, etc., como vemos em nossos dias, principalmente em convenções de ministros? 

No dia de Pentecostes, veio do Céu um som como de um vento (At 2.2). O que está ocorrendo atualmente nas igrejas vem mesmo do Céu? Reflitamos sobre a origem daquilo que ouvimos, vemos e sentimos (At 17.11). O verdadeiro revestimento de poder do Espírito vem do Alto (Lc 24.49; At 11.15). A Palavra de Deus nos alerta quanto a "outro espírito" (2Co 11.4), isto é, espíritos que se passam pelo verdadeiro Espírito de Deus (1 Jo 4.1). 

O som que veio do Céu era como de um vento (At 2.2). Não houve vento natural de fato, e sim algo semelhante a seus efeitos. O que isso representa? O vento tem as seguintes características: impulsiona; separa (Sl 1.4; Mt 3.12); movimenta; fertiliza (Cl 4.16; Jo 3.5,8); limpa; não tem cor (favoritismo, individualismo, discriminação); move-se continuamente (cf. Ec 1.6 e Gn 1.2); espalha perfume; suaviza no calor; vivifica (Ez 37.8-10). Mas devemos ter cuidado com os ventos que não provêm do Espírito de Deus (Mt 7.25; Ef 4.14). 

Línguas como que de fogo também foram repartidas (At 2.3). O verdadeiro Pentecostes tem algo para se ouvir, para se ver e para se repartir, mas "do Céu". Textos como Atos 2.4; 10.44-46 e 11.15 evidenciam que as línguas estranhas são o sinal físico inicial do batismo com o Espírito Santo. Elas são apresentadas, também, como um dos dons espirituais
(1 Co 12.10,30). É isso que evidencia o batismo no Espírito, e não "quedas de poder" ou risos intermináveis. 

As línguas foram "como que de fogo" (At 2.3). O que isso significa? O fogo tem as seguintes características: alastra-se; comunica-se; purifica; ilumina; aquece. A Assembleia de Deus, bem como toda e qualquer igreja que deseja caminhar sob poder do Espírito, precisa desse fogo do Céu! 

Diante da manifestação do Espírito de Deus no dia de Pentecostes, muitos zombaram, dizendo: "Estão cheios de mosto" (At 2.13). Esses escarnecedores não eram pessoas ímpias, e sim religiosas. Hoje não acontece a mesma coisa? Há muitos zombadores e críticos religiosos. A Palavra de Deus afirma que, no último tempo, haveria escarnecedores (Jd v.18). 

Pedro, cheio do Espírito Santo, pôs-se em pé e, além de dar uma resposta aos zombeteiros, pregou a Palavra de Deus (At 2.14-15). O verdadeiro MP é formado por crentes cheios do Espírito, que ficam de pé para pregar o evangelho, e não por aqueles que, dando lugar às suas emoções ou seguindo a modismos, caem ao chão para usufruir de "novas unções". 

VIII. CULTO PENTECOSTAL 

Em muitos púlpitos (ou palcos?) não há mais espaço para a Palavra de Deus. O tempo é ocupado por excesso de música, peças teatrais, coreografias... A Assembleia de Deus precisa olhar para os pioneiros e se lembrar do temor que eles possuíam, do amor à Palavra e à oração, do desejo de evangelizar. A Bíblia Sagrada é um livro de princípios, e estes devem ser considerados antes de qualquer análise de manifestações, independentemente das pessoas nelas envolvidas. E há vários princípios relacionados com o culto genuinamente pentecostal em 1 Coríntios 14. 

O propósito principal da manifestação multiforme do Espírito em um culto coletivo é a edificação do povo de Deus (1 Co 14.4,5,12). Risos intermináveis e supostas quedas de poder em nada edificam o povo de Deus. 

A faculdade do intelecto não pode ser desprezada no culto em que o Espírito Santo age (1 Co 14.15,20). Ninguém genuinamente usado pelo
Espírito deixa de raciocinar normalmente, em um culto coletivo a Deus. Isso, claro, segundo a Palavra do Senhor. 

Um culto a Deus não deve levar os incrédulos a pensarem que os crentes estão loucos (1 Co 14.23). Há vídeos de "cultos" no YouTube nos quais vemos pessoas caindo ao chão, rindo sem parar, rosnando, latindo, mugindo, rugindo, uivando e rolando umas sobre as outras. O que pensam os não-crentes sobre isso? 

O culto coletivo deve ter ordem e decência; tudo deve ocorrer a seu tempo: louvor, exposição da Palavra, manifestações do Espírito (1 Co 14.26-28,40). Um culto que não tem ordem nem decência é dirigido pelo Espírito? 

No culto genuinamente pentecostal deve haver julgamento — isto é, discernimento, a fim de se evitar falsificações (1 Co 14.29; cf. também 2.15 e 1 Jo 4.1). 

É inadmissível que aconteçam manifestações consideradas do Espírito Santo em que pessoas fiquem fora de si (1 Co 14.32) — o espírito do profeta estar sujeito ao próprio profeta,.

O Deus que se manifesta no culto coletivo não é Deus de confusão, senão de paz (1 Co 14.33). Quando um showman derruba pessoas com golpes de seu "paletó mágico", além da confusão que se instala no "culto", quem recebe a glória, indutivamente, é o próprio showman

Portanto, se alguém cuida ser profeta ou espiritual, deve reconhecer os mandamentos do Senhor (1 Co 14.37). Estamos dispostos a nos submetermos aos mandamentos do Senhor? Ou somos como aqueles que, irresponsavelmente, dizem: "Não podemos pôr Deus em uma caixinha. Ele sempre faz coisa nova". A Palavra de Deus não deve perder o primado, a primazia. O crente pentecostal que se preza considera a Bíblia a sua regra de fé, de prática e de viver, bem como a sua fonte principal de autoridade (Sl 138.2; Gl 1.6-12; 1 Co 15.1-4).

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