terça-feira, 15 de setembro de 2015

O MDA e a “cobertura espiritual

O MDA e a “cobertura espiritual

Há muita gente irritada comigo, dizendo que o G12 e o M12 são muito diferentes do MDA (Modelo de Discipulado Apostólico). A despeito de eu admitir que existem diferenças entre esses modelos, valho-me do essencialismo — uma escola filosófica que defende a ideia da prevalência da essência de algo mesmo em contextos diferentes — para afirmar que o MDA foi adaptado ao Brasil, tem a “cara do Brasil”, mas mantém a essência do G12, um modelo que, como todos sabem, tem propagado muitas heresias. Neste artigo apresentarei mais uma doutrina prevalecente nos três modelos: a “cobertura espiritual”.

Como já afirmei, em outro texto, cada adepto do MDA precisa de um “discipulador”, a quem deve prestar contas. E entre ambos deve haver uma relação próxima, em que o “discipulador” tem autoridade sobre seu discípulo, podendo se intrometer em sua vida pessoal, em seus negócios, em sua vida financeira. Em troca de quê? No MDA — e também no G12 e no M12 — prevalece a ideia de que uma pessoa que está em uma determinada escala hierárquica “protege” quem está abaixo dela.

Nos aludidos modelos tidos como apostólicos — que priorizam, ainda que não se admita, o crescimento numérico —, o “discipulador” é uma espécie de “anjo da guarda”. E muito mais que isso: trata-se de alguém que, de certa forma, faz o papel do Espírito Santo! Através da “cobertura” em apreço, ele oferece ao seu discípulo até “proteção espiritual”, que é comparada a um guarda-chuva. Ou seja, assim como este protege alguém de se molhar, a “cobertura espiritual” impede que o discípulo seja contaminado pelo mundo.

Recentemente, o líder maior do M12 escreveu o seguinte (no Instagram) a uma famosa discípula: “Cubro sua vida com autoridade e cuido do seu nome no mundo espiritual para que o adversário não ganhe vantagem na sua jornada”. Poderíamos chamar isso de endeusamento tácito do ser humano, pois o “patriarca” do MIR fala como se fosse Deus! Mas as pessoas que estão presas à “visão” não percebem esse tipo de heresia, haja vista terem sido convencidas de que estão fazendo uma “grande obra”, similar ou superior à da igreja de Atos dos Apóstolos. É por isso que o mal misturado com o bem é muito pior que o mal declarado!

Há pouco tempo, um adepto do MDA inseriu o seguinte comentário em meu blog: “Graças a Deus, eu participo do MDA [...], pois a Bíblia diz em Eclesiastes que é melhor serem dois, pois, se um cair, o outro levanta o seu companheiro. É muito bom estar debaixo da proteção espiritual de uma outra pessoa através de orações e intercessões”. Eu disse a ele que é preferível ficar com a cobertura do Espírito Santo, o qual “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16).

Diante do exposto, existem diferenças significativas entre MDA, G12 e M12? Veja o que disse (no YouTube) um renomado conferencista oriundo da Assembleia de Deus a respeito da “cobertura espiritual”, após ter abraçado o MDA: “A quem você presta contas semanalmente? Quem o confronta? Quem pergunta a você: ‘Como vai a sua vida conjugal? Como vai a sua vida financeira?’ Quem é que lhe pergunta isso? Quem é que lhe confronta? Quem é o seu discipulador?”

A quem devemos prestar contas? A um “discipulador”? Não. A um “mentor”? Não. Prestamos contas a Deus! Inclusive, quando obedecemos aos nossos pastores, como ordenam as Escrituras (Hb 13.17), fazemos isso para agradar ao Senhor, pois é Ele quem nos dá pastores (Ef 4.11; Jr 3.15). Da mesma forma, em nosso trabalho material, fazemos tudo como se fosse para Deus (Ef 6.5-7). Por quê? Porque sabemos que a nossa cobertura espiritual — a autêntica — vem de Deus, e não dos homens. É a Ele que devemos prestar contas (Rm 14.12; Hb 4.13; 1 Pe 4.1-5).

Ciro Sanches Zibordi



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