GRAÇA EM MEIO AS LUTAS
DA VIDA CRISTÃ
TEXTO BÁSICO: 1 Pedro 1.6-7
INTRODUÇÃO
Deus sempre usou o sofrimento para
aperfeiçoar e purificar o seu povo e para demonstrar a suficiência da
sua graça. Quando não confiamos na soberania de Deus ou não entendemos
seus propósitos, então experimentamos preocupação, medo e ansiedade, ao
passarmos por circunstâncias difíceis. Mas o sofrimento traz enormes
benefícios. Vejamos alguns:
1. O SOFRIMENTO PROVA A NOSSA FÉ
Pedro usou a analogia de um ourives para ilustrar este benefício do sofrimento.
Assim como um ourives usa o fogo para retirar a impureza do ouro, assim
Deus usa as provações para autenticar e purificar a nossa fé: “Nisso
exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais
contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor
da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado
por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus
Cristo” (1 Pe 1.6,7).
Estes versículos nos mostram que as
provações são temporárias (“por breve tempo”); trazem angústia tanto
física como mental (“sejais contristados”) e vêm sob muitas formas (“por
várias provações”). Mas, elas não precisam diminuir nosso gozo e a
certeza de sabermos que somos cristãos genuínos.
Fogo simboliza provações; ouro simboliza nossa fé; e valor é o produto final do processo de purificação.
2. O SOFRIMENTO CONFIRMA NOSSA FILIAÇÃO
Mesmo quando nosso sofrimento é
resultado da correção proveniente de Deus, podemos nos regozijar, pois,
isso prova que Ele nos ama. Hebreus 12.5-8 diz: Filho meu, não
menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és
reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a
quem recebe. É para a disciplina que perseverais (Deus vos trata como
filhos); pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem
correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois
bastardos e não filhos.
3. O SOFRIMENTO PRODUZ PERSEVERANÇA
Tiago disse: “Meus irmãos,
tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações,
sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz
perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que
sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tg 1.2-4).
Pedro afirma: “Ora, o Deus de
toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de
terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar
fortificar e fundamentar” (1 Pe 5.10).
4. O SOFRIMENTO NOS ENSINA A ODIAR O PECADO
Os salmos imprecatórios são o clamor
de Davi pela vingança de Deus sobre seus inimigos. Martinho Lutero
admitiu que havia adquirido uma afeição especial por estes salmos. O
sofrimento o ensinara a compartilhar do ódio de Davi pelo pecado.
Ao observar Maria, chorando pela morte
de seu amado irmão Lázaro, Jesus “agitou-se no espírito e comoveu-se”
(Jo. 11.33). Ele se irou com a dor e o pesar que o pecado havia
infligido à família de Lázaro.
Lembremos porém, que odiar o pecado não é odiar o pecador. Deus odeia o pecado, mas ama e se compadece do pecador estendendo a sua mão misericórdiosa.
5. O SOFRIMENTO PROMOVE A AUTOAVALIAÇÃO
Quando as circunstâncias são boas, é
fácil louvar ao Senhor e sentir-se otimista sobre a vida em geral.
Quando os problemas vem sempre nos tornamos impacientes com Deus e
questionamos sua graça e sua soberania.
Em tais ocasiões, somos forçados a
contemplar as profundezas dos nossos corações e lidar com nossa falta de
fé. Estes podem ser tempos preciosos de profundo crescimento e
descoberta espiritual.
6. O SOFRIMENTO ESCLARECE NOSSAS PRIORIDADES
Em tempos de prosperidade, nossos
corações podem ficar divididos e nossas prioridades confusas. Deus
advertiu os israelitas a se guardarem contra isso, quando entrassem na
terra prometida (Dt 6.10-13). O sofrimento que nos sobrevêm reverte para
Deus a atenção que damos ao mundo.
7. O SOFRIMENTO NOS IDENTIFICA COM CRISTO
Sofrer por causa do Senhor é marca distintiva de todos os verdadeiros crentes.
Paulo ensinou a Timóteo que “todos quantos querem viver piedosamente em
Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Tm 3.12); e aos crentes de
Tessalônica, ele escreveu: “Tanto é assim, irmãos, que vos tornastes
imitadores das igrejas de Deus existentes na Judeia em Cristo Jesus;
porque também padecestes, da parte dos vossos patrícios, as mesmas
cousas que eles, por sua vez, sofreram dos judeus, os quais não somente
mataram o Senhor Jesus e os profetas, como também nos perseguiram, e não
agradam a Deus, e são adversários de todas os homens" (1 Ts 2.14-15).
Em Gálatas 6.17, Paulo declara:
“Trago no corpo as marcas de Jesus". Ele recebeu em seu corpo feridas
causadas por pessoas cujo alvo era atacar a Cristo. Paulo considerava um
privilégio o sofrer por Cristo, pois desejava compartilhar da comunhão
dos seus sofrimentos (Fp 3.10).
8. SOFRIMENTO ENCORAJA OUTROS CRENTES
Frequentemente Deus usa o sofrimento
de um crente para encorajar e fortalecer outros crentes. A reação dos
cristãos em Tessalônica às tribulações foi um exemplo para os crentes em
toda a Macedônia e Acaia (1 Ts 1.6-7). O primeiro aprisionamento de
Paulo resultou em maior progresso para o evangelho, porque deu a outros
crentes ousadia para “falar com mais desassombro a palavra de Deus" (Fp
1.14).
9. SOFRIMENTO PODE BENEFICIAR OS INCRÉDULOS
Muitos incrédulos são pessoas eleitas
que ainda não foram redimidas. Ocasionalmente o Senhor usa a perseguição
aos crentes para atrair a si os eleitos, como fez com o carcereiro
filipense, em Atos 16. O carcereiro foi encarregado de guardar Paulo e
Silas, após estes terem sido espancados ilegalmente e jogados na prisão.
O único “crime” deles foi proclamar a Cristo e expulsar um espírito mau
de uma moça escrava (31-34).
10. O SOFRIMENTO NOS CAPACITA A AJUDAR OS OUTROS
Com frequência, aqueles que sofrem
mais são mais sensíveis ao sofrimento dos outros. Em certo sentido, essa
é a essência do ensino de Hebreus 4.15,16: “Porque não temos sumo
sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi
ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim
de recebermos misericórdia e acharmos graça, para socorro em ocasião
oportuna.”
Cristo sabe o quanto lutamos com a tentação e as fragilidades humanas. Ele pode compadecer-se de nós e nos confortar, ao nos aproximarmos dEle através da oração e da Palavra.
CONCLUSÃO
Conta-se que Charles Haddon Spurgeon,
em certa tarde, ao dirigir-se para casa, após um árduo dia de trabalho,
sentindo-se cansado e deprimido, recordou o versículo: “A minha graça te
basta”. Em sua mente, logo se comparou a um peixinho no rio Tâmisa, com
receio de estar tomando tantas medidas de água, dia a dia, que chegaria
a secar o rio. Então o grande rio Tâmisa lhe disse: “Beba, peixinho.
Minhas águas são suficientes para você”.
Depois, Spurgeon pensou em um ratinho
nos celeiros do Egito, temendo que as suas beliscadas pudessem exaurir
os suprimentos e fazê-lo morrer de fome. Então, José aparece e diz:
“Anime-se ratinho. Meus celeiros são suficientes para você”.
Depois, pensou em um homem escalando
uma alta montanha para alcançar seu elevado cume, com medo de que a
respiração viesse a esgotar todo o oxigênio da atmosfera. O Criador faz
soar sua voz do céu, dizendo: “Oh! Homem. Respire bem e encha seus
pulmões. Minha atmosfera é suficiente para você!”
Descansemos na maravilhosa graça de Deus e na total suficiência de todos os seus recursos espirituais.
“Graça e paz vos sejam multiplicadas” (1 Pe 1.2b).
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