O Verdadeiro Jejum Bíblico
O jejum é uma abstinência voluntária de alimentos por um período definido e propósito específico. Ele pode ser total ou parcial. Vem sendo praticado pela humanidade em todas as épocas, nações, culturas e religiões. Pode ser com finalidade espiritual ou até mesmo medicinal, visto que o jejum traz tremendos benefícios físicos com a desintoxicação que produz no corpo.
Com o assustador advento da nova era, a
filosofia oriental e suas religiões tem sido amplamente divulgadas em
nossa cultura, muitas dessas religiões pagãs trazem consigo uma prática
assídua do jejum e da alimentação vegetariana, o que tem levantado em
nosso meio um certo preconceito a esses assuntos.
Graças a Deus a igreja de nossos dias
está redescobrindo o que a Bíblia diz acerca do jejum. Ensinos
distorcidos ou simplesmente nenhum estímulo ao jejum também são
freqüentes ainda em nossos dias.
Creio que a Igreja de hoje vive dividida
entre dois extremos: aqueles que não dão valor algum ao jejum e aqueles
que se excedem em suas ênfases, confundindo-se ao antigo gnosticismo
cristão. Penso que Deus queira despertar-nos para a compreensão e
prática deste princípio que, sem dúvida, é uma arma poderosa para o
cristão.
Não há regras fixas na
Bíblia sobre quando jejuar ou qual tipo de jejum praticar, isto é algo
pessoal. O princípio básico para essa prática é: "Abster-se
voluntariamente de alguma coisa importante a fim de dedicar maior tempo a
Deus".
Tendo em mente esse princípio afirmo ser
possível praticarmos em nossos dias jejum de televisão, festas, excesso
de trabalho, ou qualquer outro elemento em nossas vidas.
Na Antiga Aliança o Jejum era Obrigatório? E Hoje?
No Antigo Testamento, na lei de Moisés,
os judeus tinham um único dia por ano de jejum instituído: o do Dia da
Expiação (Lv.16:29,31 e 23:27), que também ficou conhecido como "o dia
do jejum" (Jr.36:6) e ao qual Paulo se referiu como "o jejum" (At.27:9).
Depois no período do exílio foram estabelecidos para cada ano, quatro
dias de jejum nacional: 1) Pela queda de Jerusalém (Jr 52:6); 2) Pela
destruição do templo (2 Rs 25:8,9 e Jr 52:12); 3) Pelo assassinato de
Gedalias (2 Rs25:25; Jr 41:1,2); 4) princípio do cerco (2 Rs 25:1; Jr
52:4 e Zc 8:19,20).
Ainda na Antiga Aliança encontramos o jejum relacionado ao:
- Luto pelos mortos (1 SM 31:13 e 2 Sm 1:12)
- Infortúnio e profunda tristeza (Jz 20:25; 1 Sm 1:7; 20:34; Ne 1:4; Sl 35:13; 109:24 e Jl 1:14; 2:12,15)
- Com expressão de dor e arrependimento pelos pecados (Dt 9:18; 1 Sm 7:6; 1 Rs 21:27; Ed 10:6; Ne 9:1; Sl 69:10; Jn 3:5)
Mas no Novo Testamento percebemos que a
prática do jejum continua, sem haver ênfase na prática do mesmo como
forma de obedecer a lei, mas sim a ênfase esta na disciplina individual
de quem o pratica.
Apesar de não haver um imperativo acerca
desta prática, a Bíblia esta cheia de menções ao jejum. Fala não apenas
de pessoas que jejuaram e da forma como o fizeram, mas infere que nós
também jejuaríamos e nos instrui na forma correta de faze-lo.
Muitos educadores falharam de maneira
grave ao dizer que, por não haver nenhuma ordem específica para o jejum,
então não deveríamos jejuar. Mas quando consideramos o ensino de Jesus
sobre o jejum, não há como negar que o Mestre esperava que jejuássemos:
"Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas;
porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em
verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Tu, porém,
quando jejuardes, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer
aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê
em secreto, te recompensará." Mateus 6:16-18.
Embora Jesus não esteja mandando jejuar,
suas palavras revelam que ele esperava de nós esta prática. Ele nos
instruiu até na motivação correta que se deve ter ao jejuar. E quando
disse que o Pai recompensaria a atitude correta do jejum, nos mostrou
que tal prática produz resultados!
Algumas pessoas dizem que se as
epístolas não dizem nada sobre jejuar é porque não é importante, e
desprezam o ensino de Jesus sobre o jejum. Isto é errado! Jesus não veio
ensinar os judeus a viverem bem a Velha Aliança, Ele veio instituir a
Nova Aliança, e todos os seus ensinos apontavam para as práticas dos
cidadãos do reino de Deus.
Quando estava para ser assunto ao céu,
deu ordem aos seus apóstolos que ensinassem as pessoas a guardar TUDO o
que Ele tinha ordenado (Mt.28:20), inclusive o modo correto de jejuar!
O próprio Jesus praticou o jejum, os
líderes da Igreja também o faziam. (Atos 13:1-3; 14:23 e 27:9).
Registros históricos dos pais da igreja também revelam que o jejum
continuou sendo observado como prática dos cristãos durante muito tempo
depois dos apóstolos. O jejum, portanto, deve ser parte de nossas vidas e
praticado de forma equilibrada, dentro do ensino bíblico.
Embora o próprio Senhor Jesus tenha
jejuado por quarenta dias e quarenta noites no deserto, e muitas vezes
ficava sem comer (quer por falta de tempo ministrando ao povo - Mc.6:31,
quer por passar as noites só orando sem comer - Mc.6:46), devemos
reconhecer que Ele e seus discípulos não observavam o jejum dos judeus
de seus dias.
Era costume dos fariseus jejuar dois
dias por semana (Lc.18:12), mas Jesus e seus discípulos não o faziam.
Aliás, chegaram a questionar Jesus acerca disto: "Disseram-lhe eles: Os
discípulos de João e bem assim os fariseus freqüentemente jejuam e fazem
orações; os teus, entretanto, comem e bebem. Jesus, porém, lhes disse:
Podeis fazer jejuar os convidados para o casamento, enquanto está com
eles o noivo? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo;
naqueles dias, sim, jejuarão." Lucas 5:33-35.
O Mestre mostrou não ser contra o jejum,
e disse que depois que Ele fosse "tirado" do convívio direto com os
discípulos (voltando ao céu) eles haveriam de jejuar. Jesus não se
referiu ao jejum somente para os dias entre sua morte, ressurreição e
reaparição aos discípulos (ao mencionar os dias que eles estariam sem o
noivo), e sim aos dias a partir de sua morte.
Contudo, Jesus deixou bem claro que a
prática do jejum nos moldes do que havia em seus dias não era o que Deus
esperava. A motivação estava errada, as pessoas jejuavam para provar
sua religiosidade e espiritualidade, e Jesus ensinou a faze-lo em
secreto, sem alarde.
O jejum pode ser uma prática vazia se
não for feito da maneira correta. Isto aconteceu no Antigo Testamento,
quando o povo começou a indagar: "Por que jejuamos nós, e não atentas
para isto? Por que afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta?"
Isaías 58:3a.
E a resposta de Deus foi exatamente a de
que estavam jejuando de maneira errada: "Eis que, no dia em que
jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça
todo o vosso trabalho. Eis que jejuais para contendas e para rixas e
para ferirdes com punho iníquo; jejuando assim como hoje, não se fará
ouvir a vossa voz no alto." Isaías 58:3b,4. Por outro lado, o versículo
está inferindo que se observado de forma correta, Deus atentaria para
isto e a voz deles seria ouvida.
Tiago 1:27 "A religião pura e sem
mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as
viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do
mundo."
Muitos confundem a disciplina de jejuar
para reservar mais tempo ao Senhor com o ensino errôneo de
auto-flagelação. O ensino de algumas religiões chega a ser pecaminoso,
nenhuma forma de auto-justiça, auto-piedade, auto-sacrifício será aceita
por Deus.
Deus não é um Deus sanguinário que
aguarda pelo sofrimento e flagelação de seu povo para em troca
abençoa-lo. Não tente cambiar, barganhar, fazer negócio com Deus para em
troca obter respostas as suas orações.
Salmos 51:16 "Pois não te comprazes em
sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não te agradas de
holocaustos. Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado;
coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus."
Isaías 58:5-6 "Seria este o jejum que
escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como
o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a
isto jejum e dia aceitável ao SENHOR? Porventura, não é este o jejum que
escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da
servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo?"
É uma ilusão pensar que qualquer
sacrifício pessoal de nossa parte possa comover o coração de Deus, o
único sacrifício que Ele reconhece foi aquele oferecido por Jesus na
cruz do Calvário! Jejuar e orar acreditando que com esse "sacrifício"
você vai conseguir persuadir a Deus a satisfazer seus desejos
narcisistas e hedonistas é pecado! Ainda que inconscientemente é um meio
de tentar competir com aquilo que Jesus já realizou na cruz do
Calvário.
Precisamos e devemos jejuar para
exercitarmos nossa vida de oração. Os pais da igreja primitiva
reuniam-se semanalmente para consagrar suas vidas e buscarem a Deus,
esses encontros eram marcados por jejum e oração.
Sempre que me dedico a longos períodos
de jejum e oração, fico muito mais sensível a voz do Espírito Santo.
Tenho maior discernimento espiritual das circunstâncias que estão ao meu
redor. Sempre que meu organismo reclama por alimento, lembro-me que
preciso orar mais um pouco.
Porém assim que observo estar passando
mau, ou que meu rosto já está tão desfalecido que todos percebem, oro a
Deus entregando aquele período de jejum e procuro alimentar-me.
Quando entramos em longos períodos de
jejum e oração, precisamos preparar nosso organismo para o mesmo, e
mesmo depois ao terminarmos períodos com mais de 7 ou 10 dias de jejum
ininterrupto, precisamos absorver alimentos leves.
Para quem nunca jejuou e orou, parece
impossível passar 10 dias seguidos em jejum total de alimentos, apenas
bebendo líquidos. Porém quero lhe dizer que a maior dificuldade será o
apenas os três primeiros dias, depois deles a dor de cabeça vai embora, a
dificuldade para pegar no sono desaparece e seu organismo começa a
absorver energia de suas reservas.
Porém se você não esta acostumado a
passar longos períodos em jejum, não fique frustrado. Você pode jejuar
três dias seguidos e todas as noites fazer um lanche leve ou ainda fazer
jejum de apenas 24 horas. Lembre-se que o Espírito Santo nos ajuda em
nossas fraquezas.
Não recomendo a ninguém praticar o jejum
absoluto, aquele em que até o líquido foi eliminado. Existem evidências
de que Moisés quando recebeu as tábuas da lei praticou esse tipo de
jejum, (Êx 34:28 e Dt 9:9) e Elias (1 Rs 19:8). Acredito que ele só
possa ser praticado por um meio sobrenatural.
O próprio Senhor Jesus ao jejuar no
deserto, depois de 40 dias e 40 noites teve "fome" e que foi tentado a
"comer" e não a beber. O texto não fala que Ele teve sede, o que nos
leva a crer que Ele tenha feito abstinência apenas de alimentos e não
líquidos (Mt 4:1-3, 11). Outro aspecto interessante é que Ele foi
levado, impelido, conduzido pelo Espírito Santo a esse longo período de
jejum e que "não teve fome" durante os dias de consagração.
Podemos perfeitamente jejuar e orar
enquanto seguimos nossa rotina semanal, de estudos, trabalhos e demais
compromissos. Veja o que diz 1 Reis 19:8 "Levantou-se, pois, comeu e
bebeu; e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta
noites até Horebe, o monte de Deus". Quem quer encontrará um meio, quem
não quer encontrará uma bela desculpa.
"O jejum não muda a Deus. Ele é o mesmo
antes, durante e depois de seu jejum. Mas, jejuar mudará você. Vai lhe
ajudar a manter-se mais suscetível ao Espírito de Deus". K. H.
Vejamos alguns exemplos bíblicos de jejum:
Consagração - O voto do nazireado envolvia a abstinência/jejum de determinados tipos de alimentos (Nm.6:3,4);
Arrependimento de pecados - Samuel e o povo jejuando em Mispa, como sinal de arrependimento de seus pecados (I Sm.7:6, Ne.9:11);
Luto - Davi jejua em expressão de dor pela morte de Saul e Jônatas, e depois pela morte de Abner. (II Sm.1:12 e 3:35);
Aflições - Davi jejua em favor da
criança que nascera de Bate-Seba, que estava doente, à morte (II
Sm.12:16-23); Josafá apregoou um jejum em todo Judá quando estava sob o
risco de ser vencido pelos moabitas e amonitas (II Cr.20:3);
Buscando Proteção - Esdras proclamou
jejum junto ao rio Ava, pedindo a proteção e benção de Deus sobre sua
viagem (Ed.8:21-23); Ester pede que seu povo jejue por ela, para
proteção no seu encontro com o rei (Et.4:16);
Em situações de enfermidade - Davi jejuava e orava por outros que estavam enfermos (Sl.35:13);
Intercessão - Daniel orando por Jerusalém e seu povo - 21 dias (Dn.9:3, 10:2,3);
Preparação para a Batalha Espiritual -
Jesus mencionou que determinadas castas só sairão por meio de oração e
jejum, que trazem um maior revestimento de autoridade (Mt.17:21);
Estar com o Senhor - Ana não saía do templo, orando e jejuando freqüentemente (Lc.2:37);
Preparar-se para o Ministério - Jesus só
começou seu ministério depois de ter sido cheio do Espírito Santo e se
preparado em jejum (prolongado) no deserto (Lc.4:1,2);
Ministrar ao Senhor - Os líderes da igreja em Antioquia jejuando apenas para adorar ao Senhor (At.13:2);
Enviar ministérios - Na hora de impor as mãos e enviar ministérios comissionados (At.13:3);
Estabelecer presbíteros - Além de impor
as mãos com jejum sobre os enviados, o faziam também sobre os que
recebiam autoridade de governo na igreja local, o que revela que o jejum
era um princípio praticado nas ordenações de ministros (At.14:23).
Nas Epístolas só encontramos menções de Paulo de ter jejuado (II Co.6:3-5; 11:23-27).
Diferentes Formas de Jejum
Jejum PARCIAL. - Normalmente o jejum
parcial é praticado em períodos maiores ou quando a pessoa não tem
condições de se abster totalmente do alimento (por causa do trabalho,
por exemplo). Lemos sobre esta forma de jejum no livro de Daniel:
"Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei
durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho
entraram em minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que se passaram
as três semanas." Daniel 10:2,3.
O profeta Daniel diz exatamente o quê
ficou sem ingerir: carne, vinho e manjar desejável. Provavelmente se
restringiu à uma dieta de frutas e legumes, não sabemos ao certo. O fato
é que se absteve de alimentos, porém não totalmente.
E embora tenha escolhido o que
aparentemente seja a forma menos rigorosa de jejuar, dedicou-se à ela
por três semanas. Em outras situações Daniel parece ter feito um jejum
normal (Dn.9:3), o que mostra que praticava mais de uma forma de jejum.
Ao fim deste período, um anjo do Senhor veio a ele e lhe trouxe uma
revelação tremenda.
Jejum NORMAL. - É a abstinência de
alimentos mas com ingestão de água. Foi a forma que nosso Senhor adotou
ao jejuar no deserto. "Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e
foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante quarenta dias,
sendo tentado pelo Diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais
teve fome." Mateus 4:2.
Jejum TOTAL - É abstinência de tudo,
inclusive de água. Na Bíblia encontramos poucas menções de ter alguém
jejuado sem água, e isto dentro de um limite: no máximo três dias. A
água não é alimento, e nosso corpo depende dela a fim de que os rins
funcionem normalmente e que as toxinas não se acumulem no organismo. Há
dois exemplos bíblicos deste tipo de jejum, um no Velho outro no Novo
Testamento:
Ester, num momento de crise em que os
judeus (como povo) estavam condenados à morte por um decreto do rei,
pede a seu tio Mardoqueu que jejuem por ela: "Vai, ajunta a todos os
judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais, nem
bebais por três dias, nem de noite nem de dia; eu e as minhas servas
também jejuaremos. Depois, irei ter com o rei, ainda que é contra a lei;
se perecer, pereci." (Ester 4:16).
Paulo, na sua conversão também usou esta
forma de jejum, devido ao impacto da revelação que recebera: "Esteve
três dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu" (Atos 9:9).
Não há qualquer outra menção de um jejum
total maior do que estes (a não ser o de Moisés e Elias numa condição
sobrenatural). Veja Dt 9:9, Ex 34:28 e 1 Rs 19:8.
A medicina adverte contra um período de
mais de três dias sem água, como sendo nocivo. Devemos cuidar do corpo
ao jejuar e não agredi-lo; lembre-se de que estará lutando contra sua
carne (natureza e impulsos) e não contra o seu corpo.
A Duração do Jejum:
1 dia - O jejum do Dia da Expiação
3 dias - O jejum de Ester (Et.4:16) e o de Paulo (At.9:9);
7 dias - Jejum por luto pela morte de Saul (I Sm.31:13);
14 dias - Jejum involuntário de Paulo e os que com ele estavam no navio (At.27:33)
21 dias - O jejum de Daniel em favor de Jerusalém (Dn.10:3);
40 dias - O jejum do Senhor Jesus no deserto (Lc.4:1,2);
Bíblia fala de Moisés (Ex.34:28) e Elias
(I Re.19:8) jejuando períodos de quarenta dias. Porém vale ressaltar
que estavam em condições especiais, sob o sobrenatural de Deus. Moisés
nem sequer bebeu água nestes 40 dias, o que humanamente é impossível.
Mas ele foi envolvido pela glória
divina. O mesmo se deu com Elias, que caminhou 40 dias na força do
alimento que o anjo lhe trouxe. Isto é um jejum diferente que começou
com um belo "depósito", uma comida celestial. Jesus, porém, fez um jejum
normal com esta duração.
Muitas pessoas erram ao fazer votos
ligados à duração do jejum... Não aconselho ninguém fazer um voto de
quanto tempo vai jejuar, pois isso te deixará "preso" no caso de algo
fugir ao seu controle. Siga o conselho bíblico:
"Quando a Deus fizeres algum voto, não
tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que
fazes. Melhor é que não votes do que votes e não cumpras". Eclesiastes
5:4-5.
É importante que haja uma intenção e um
alvo quanto à duração do jejum no coração, mas não transforme isto em
voto. Já intentei jejuns prolongados e no meio do caminho fui forçado a
interromper. Mas também já comecei jejuns sem a intenção de prolongá-lo
e, no entanto, isto acabou acontecendo mesmo sem ter feito os planos
para isto.
O Jejum Prolongado:
Há algo especial num jejum prolongado,
mas deve ser feito sob a direção de Deus. Conheço irmãos que tem jejuado
por trinta e até quarenta dias, embora eu, pessoalmente, não tenha
feito um jejum tão longo. Cada um deles confirma ter recebido de Deus
uma direção para tal.
Vale ressaltar também que certos
cuidados devem ser tomados. Não podemos brincar com o nosso corpo. Uma
dieta para desintoxicação do organismo antes do jejum é recomendada, e
também na quebra do jejum prolongado (mais de 3 dias).
Podemos Falar que Estamos Jejuando?
Algumas pessoas são extremistas quanto a
discrição do jejum, enquanto outras, à semelhança dos fariseus, tocam
trombeta diante de si. Em Mateus 6:16-18, Jesus condena o exibicionismo
dos fariseus querendo parecer contristados aos homens para atestar sua
espiritualidade.
Ele não proibiu de se comentar sobre o
jejum, senão a própria Bíblia estaria violando isto ao contar o jejum
que Jesus fez... Como souberam que Cristo (que estava sozinho no
deserto) fez um jejum de quarenta dias? Certamente porque Ele contou!
Não saiu alardeando perante todo mundo, mas discretamente repartiu sua
experiência com os seus discípulos.
Eu, particularmente, comecei a jejuar
estimulado pelo relato das experiências de outros irmãos. Depois é que
comecei (aos poucos) a entender o ensino bíblico sobre o jejum. E louvo a
Deus pelas pessoas que me estimularam! Sabe, precisamos tomar cuidado
com determinadas pessoas que não tem o que acrescentar à nossa
edificação e somente atacam e criticam.
Lembro-me que o primeiro jejum que fiz
na minha adolescência, teve a duração de 24 horas, cortei só o alimento e
tomei muito líquido ao longo do dia.
Desafio: Haverá períodos em que o
Espírito Santo vai nos atrair mais para o jejum, e épocas em que quase
não sentiremos a necessidade de faze-lo. Já passei longos períodos sem
receber nenhum impulso especial para jejuns de mais de três dias e,
mesmos estes, foram poucos. E houve épocas em que, seguidamente sentia a
necessidade de faze-lo.
Porém, penso que o jejum normal de um
dia de duração é algo que os cristãos deveriam praticar mais, mesmo sem
sentir nenhuma "urgência" espiritual para isto.
Devemos ser sensíveis e seguir os
impulsos do Espírito de Deus nesta área. Isto vale não só para começar a
jejuar mas até para quebrar o jejum. Já fiz jejuns que queria prolongar
mais e senti que não deveria faze-lo, pois a motivação já não era mais a
mesma... ou estava tão atarefado que o jejum espiritual havia se
transformado em uma "greve de fome", pois eu não estava orando.
Encerro desafiando-o a praticar mais o
jejum, e certamente você descobrirá que o poder desta arma que o Senhor
nos deu é difícil de se medir com palavras. A experiência fortalecerá
aquilo que temos dito. Que o Senhor seja contigo e te guie nesta
prática!
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