quarta-feira, 2 de setembro de 2015

EUTANÁSIA: O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE O ASSUNTO

EUTANÁSIA: O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE O ASSUNTO

Texto Bíblico: Sl 31.5; Sl 139.

Introdução: O que diz a Bíblia a dizer sobre a Eutanásia? Há casos de término abreviado ou induzido da vida, aprovados  por Deus? O que a Palavra de Deus nos ensina e nos orienta sobre esse assunto?

Questões sobre a eutanásia são bastante complexas e na verdade não conseguiríamos tratar de todos os detalhes em apenas um Culto, nem conseguiríamos responder a todas as perguntas. O que quero, juntamente com a Igreja, é enumerar alguns princípios bíblicos que podem nortear este assunto e abalizar nossas convicções.


1. DEFININDO EUTANÁSIA
a)O termo eutanásia, procede de dois termos gregos, do advérbio eu, isto é, “bem”, bom ““, boa “e, thanatos, ou seja”, morte ““. Literalmente, o vocábulo significa “boa morte” e se aplica aos casos em que o médico, usando meios a seu dispor, leva o paciente à ‘morte misericordiosa’, aliviando-lhe o sofrimento. Os tipos mais comuns de eutanásia são: a eutanásia passiva que consiste no desligamento dos aparelhos que sustêm a vida do paciente (“morte assistida”) e a eutanásia ativa que é a interrupção deliberada da vida de uma pessoa, e não o mero desligamento dos aparelhos que mantêm a vida do paciente.

b)Num sentido mais amplo, eutanásia é esforço humano de apressar a morte própria, de um parente ou de alguém que está em sofrimento. Para muitos é a extensão dos direitos humanos, uma vez que cada um deveria ter o direito a decidir sobre a própria vida. Mas isto é discutível, pois estabelece o fato de alguém decidir sobre a vida de outro, baseado em uma condição arbitrária e intangível – a existência ou não de qualidade naquela vida a ser terminada.
c)As decisões consideradas utilitárias (o chamado “politicamente correto”) contradizem o ensinamento da Palavra de Deus quanto ao término da vida humana. Nossa posição sobre um assunto tão controverso precisa estar baseado naquilo que a Bíblia nos revela sobre essa questão, que é a postura positiva na preservação da vida e no cuidado aos que sofrem.

d)Normalmente a maioria dos argumentos, tanto dos oponentes como dos defensores da eutanásia, é baseada apenas na experiência e nos relatos de casos. Os que são a favor, apresentam várias experiências de dor, sofrimento, despesas indevidas, que sacrificaram os vivos e sãos, somente para resultar na inevitável morte. Os que são contra, por sua vez, dão testemunhos de casos de pessoas que se encontravam em extremo sofrimento aguardando a morte, mas que se recuperaram e viveram com saúde.

2. A SOCIEDADE E A EUTANÁSIA

A Eutanásia é um assunto que vem recebendo cada vez mais atenção em todo o mundo. Existe a ERGO (Organização de Pesquisa e Direcionamento sobre a Eutanásia), que publica seus anúncios e trabalhos na Internet e há, também uma Federação Mundial que agrega entidades pró-eutanásia no mundo inteiro, a Federação Mundial das Sociedades do Direito à Morte. Em váriosc lugares do mundo há um crescente movimento pela legalização da eutanásia. O mais famoso defensor da eutanásia, Dr Jack Kevorkian, inventor da máquina doc suicídio, que auxiliou pessoalmente várias pessoas a encontrarem a morte, ainda hoje responde a vários processos criminais em função de suas ações em favor da eutanásia.

3. O VALOR DA VIDA.

O humanismo secular reconhece valor à vida, mas atribui a essa uma qualidade que é circunstancial (dependente das circunstâncias). Nesse sentido, a aferição subjetiva da qualidade de vida é determinante no julgamento se esta vida deve ser terminada ou não. A visão bíblica apresenta o valor da vida, como uma questão inerente ao fato de que ela é um dom de Deus. A própria criação da vida humana representa o ápice do trabalho criativo de Deus (Gn 1.26) e é chamado na Bíblia como sendo a “coroa da Criação”. Como o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus o seu valor não se  esvanece.

A visão humanista identifica sofrimento como sendo um fator que diminui essa “qualidade” de vida, chegando a legitimar o término da vida, quer voluntariamente, quer pelo arbítrio ou determinação de outro, como, por exemplo, a de um parente próximo.

A Bíblia, além de atribuir valor intrínseco à vida, e não circunstancial, apresenta outra visão do sofrimento. Ela reconhece que sofrimento não é algo desejável e pode diminuir o nosso desfrutar imediato desta vida, numa visão meramente temporal, um Co 1.8. O sofrimento pode ocorrer como resultado direto do pecado (Tg 4.8-9), mas, em várias ocasiões, ocorre dentro dos propósitos insondáveis de Deus, com a finalidade didática de nos ensinar alguma coisa. Pode, então, em vez de retirar qualidade da vida, adicionar qualidade real; fazer com que nos acheguemos e dependamos mais de Deus e capacitar, tanto ao que sofre como aos
que dele precisam cuidar, ao aprendizado de lições preciosas, 2 Co 1.3 e 4. É pensando assim que podemos até nos gloriar nas tribulações (Rm. 5.3-4) e estar contente em todos os momentos, Fp. 4.12. A ausência de felicidade aparente e temporal não diminui a qualidade de vida e não nos dá nenhuma prerrogativa sobre a decisão de vida ou morte, nossa e de outros, como defendem os adeptos da eutanásia.

4. EUTANÁSIA, UMA VISÃO ERRADA DA MORTE.

.Quem acha que a eutanásia é uma “libertação” do sofrimento, possui uma visão distorcida da existência humana, pois não consideram:

· Que a morte é algo não natural, ou seja, é fruto do pecado e sobreveio ao homem em função da queda (Rm. 5.12).

·  Que a morte dos santos é “preciosa aos olhos do Senhor” (Sl 116.12), mas em nenhuma passagem há aprovação para que essa morte seja apressada ou para que a vida seja terminada arbitrariamente, essa morte ocorre por uma decisão do próprio Deus.

· Que a morte dos ímpios, longe de ser liberação  de sofrimento, é o início do sofrimento eterno maior (Hb 9.27 e 10.31).

· Qualquer compreensão meramente utilitária da vida e da morte, que não leve em consideração o fator “pecado” e o trabalho de redenção do nosso Senhor Jesus Cristo, não pode ser abraçado ou defendido pelo crente, pois fugirá aos ensinamentos da Palavra de Deus, nossa única regra de fé e de prática.

5. O QUE PODERIA DETERMINAR O FIM DA VIDA?

Podemos estabelecer um padrão de término de uma vida dependendo apenas da cabeça e das conclusões de cada um? Se esse padrão, ou essa maneira de gerarmos padrões, for aceita, o que impedirá de partirmos da eutanásia e aborto voluntários para a eutanásia e aborto impostos? O que impedirá que as pessoas virem vítimas, não apenas de seus próprios pecados e decisões erradas próprias, mas também de políticas populacionais, sociais, ou raciais, estabelecidos por um organismoc  maior – governamental ou eclesiástico? Vamos passar a defender o aborto obrigatório para diminuir os bolsões de pobreza? A história nos fala das experiências nazistas, cubanas e russas que executaram milhões de pessoas deficientes sob a alegação de que a vida deles não “valia a pena ser vivida”. Essa sociedade maligna e doente em que vivemos quer usurpar o lugar de Deus determinando quem deve ou pode morrer.

6. O ENSINO DA PALAVRA SOBRE A EUTANÁSIA.

a. A vida é uma dádiva preciosa de Deus (Gn 1.20-25). A vida humana é especialmente preciosa, porque Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Devemos, portanto preservá-la e não tirá-la (Gn. 1.26 e 9.5-6).
b A morte não é o fim e nem uma fuga em si ao sofrimento, mas ela é o resultado do pecado (Rm. 6.23).

c. Muitas vezes ela ocorre com sofrimento e dor, nos propósitos insondáveis de Deus, como tribulação e dor podem ocorrer sem relacionamento direto com a morte (2 Co. 4.8-10). Esse sofrimento nem sempre é uma conseqüência direta do pecado (Jo 9.3), mas ocorre para que Deus seja glorificado.

d. O destemor da morte é uma característica do servo de Deus (Fp. 1.21). É verdade que servos de Deus muitas vezes expressaram o desejo de morrer antes do tempo apontado por Deus, buscando encontrá-lo (Fp. 1.23), mas submeteram-se à vontade de Deus em suas vidas,sendo o exemplo maior o do nosso Senhor Jesus Cristo (Mt. 26.39).
e. O homem é limitado em sua perspectiva e não pode definir os seus passos pelos resultados que espera (pragmatismo), pois esses não lhe são conhecidos (Mt. 26.29). Os padrões éticos do crente são encontrados na Palavra de Deus e nela achamos todo o incentivo para valorizarmos a vida e nos empenharmos em preservá-la,suportando as tribulações com paciência e perseverança, para a Glória de Deus.

Conclusão; A Bíblia fornece uma âncora às decisões individuais que devem ser tomadas com a consciência tranqüila perante Deus. É importante sabermos que não nos compete tomar a vida, mas temos, sim, o dever de preservá-la. Temos que nos lembrar que Deus ama aos Seus e está ciente dos seus sofrimentos e das suas dores. Ele pode nos sustentar e nas ocasiões em que tivermos de tomar decisões, vamos buscar a sua presença em oração, e, com a Palavra de Deus na mão, aplicar os Seus princípios.

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