quarta-feira, 2 de setembro de 2015

LANÇANDO NOSSA ANSIEDADE SOBRE DEUS

LANÇANDO NOSSA ANSIEDADE SOBRE DEUS

Texto Básico: 1 Pedro 5.5-7

Introdução
Você já se viu como alguém ansioso? O apóstolo Pedro, sim… ele foi do tipo ansioso. Temeu afundar quando estava caminhando sobre as águas, mesmo estando Jesus ao seu lado (Mt 14.29-31). Também teve medo do que aconteceria com Jesus no Jardim do Getsêmani, o que o fez puxar sua espada e tentar enfrentar um batalhão de soldados romanos (Jo 18.2-3,10) (o medo pode ser muitas coisas, mas nunca é esperto!). Como você, Pedro foi ansioso. Mas aprendeu a lidar com sua ansiedade segundo Deus. As lições que ele aprendeu foram ensinadas a nós em uma das cartas que escreveu. Observaremos que ele mudou, e isso enche de esperança até o mais ansioso dos corações.
Uma roupa do tamanho certo
A indústria da moda é implacável. Quando ela determina um modelo, fica praticamente impossível achar roupas que fujam àquela regra preestabelecida pelos gurus de estilo. Sem considerar quem é de fato seu mercado consumidor, estipulam o tamanho e a silhueta “da moda”. O que acaba acontecendo, ao final das contas, é que nem toda roupa cabe em todo mundo e procuramos nos “amoldar” à roupa do momento. Essa situação, embora não tenha nada de santo, ilustra a maneira como Deus trabalha conosco: Pedro exorta que nos cinjamos de humildade na luta contra a ansiedade (1Pe 5.5). Constantemente lemos na Palavra de Deus repetidos apelos para que nos revistamos de trajes piedosos (Rm 13.14; Ef 6.11; Cl 3.12). É digno de nota o fato de que a primeira roupa que foi feita pelo próprio Deus. O Criador rejeitou o estilo do homem e providenciou outro melhor, duradouro. Espiritualmente não é diferente.
A humildade, entretanto, já foi alvo de maiores louvores. Hoje o termo tem sido usado para se referir à pobreza de bens materiais ou de capacidade intelectual. As pessoas humildes hoje são ridicularizadas e maltratadas. O mundo as coloca em segundo plano, enquanto exalta o tipo orgulhoso. Pedro nos incentiva a ser diferentes. De fato, o apóstolo Pedro espera que, assim como um escravo de seu tempo, que se cingia para servir a seu senhor, ou seja, amarrava sobre si trajes de serviçal para manter limpas suas roupas, o crente também deve revestir sua vida da fina roupa da humildade.
Vestimo-nos com humildade para com outros quando vamos ao encontro das suas necessidades. A humildade é a atitude daquele que não se considera tão bom que não possa servir aos outros, ou de quem se julga tão superior que não possa se curvar. Trata-se de considerar o próximo alguém mais importante do que a si mesmo.
Precisamos considerar aqui o exemplo de humildade de nosso Senhor Jesus Cristo. As Escrituras afirmam que Jesus, ao assumir nossa natureza, se humilhou obedientemente, indo até a morte para nos servir com a redenção por ele propiciada (Fp 2.5-10). É um desafio considerar outra pessoa mais importante do que nós mesmos.O primeiro passo para desfrutar das bênçãos da humildade, seguindo o exemplo de Cristo, é curvar-se para servir até mesmo o considerado indigno.
O apóstolo Pedro, com o propósito de dar peso ao seu argumento, lembra-nos do texto de Provérbios 3.34, que diz: “Certamente, ele escarnece dos escarnecedores, mas dá graça aos humildes”. Tiago, como Pedro, também se lembra desse texto de Provérbios em sua carta: “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4.6); Pedro chega à mesma conclusão: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus” (1Pe 5.5- 6). A falta de humildade é, em primeira instância, um problema diante de Deus, pois acima de todos, devemos nos humilhar diante dele. A recusa em se humilhar é uma recusa diante de Deus. Deus reserva sua graça aos humildes, e diz, por meio do profeta Isaías, que faz sua habitação com o “abatido de espírito” (Is 57.15), que olha para “o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra” (Is 66.2). Por intermédio de Miqueias, O Senhor nos informa o que requer de nós: “andes humildemente com o teu Deus” (Mq 6.8).
Quando Pedro nos orienta na direção da humildade, diz que o façamos “sob a poderosa mão” de Deus. Essa expressão, no Antigo Testamento, simbolizava o poder controlador de Deus. A pessoa humilde constata que Deus está no comando, sempre cumprindo seus propósitos soberanos, operando sabiamente todas as coisas para o bem daqueles a quem ele ama (Rm 8.28).A chave é nunca contestar a sabedoria de Deus, ao contrário, aceitar humildemente qualquer coisa que Deus trouxer à sua vida como vinda de sua poderosa mão.
Essa humildade foi exemplificada na vida de Jó. Muitas coisas foram questionadas por Jó, mas ele nunca fez isso para questionar a sabedoria soberana de Deus em escolhê-lo para manifestar sua glória. Pelo contrário, no lugar de contestar a sabedoria de Deus, ele a louvou (Jó 1.20-21), reconheceu que tudo provinha das mãos do Senhor (Jó 2.10). As Escrituras atestam que “Em tudo isto não pecou Jó com seus lábios”.
Nunca veja a mão poderosa de Deus em sua vida como pronta para dar um bofetão, e sim como motivo de esperança. Observe que ele só quer ver bons resultados em suas atuais circunstâncias. Essa atitude não deixa nem um pouquinho de energia para a ansiedade movimentar-se.
Aprenda a confiar
A confiança de que Deus realiza as coisas no tempo correto, no tempo dele, não é uma questão trivial ou periférica à fé cristã. A humildade requer plena confiança no Deus zeloso. A ansiedade se instala quando as dúvidas que temos não são corretamente respondidas. Afinal, como posso confiar em alguém se não estou certo de que ele se importa? E se ele se importa, como poderei confiar em quem não sei se tem poder para cuidar de mim? Perguntas como essas são relevantes, se quisermos dar um basta na ansiedade. O apóstolo Pedro colocou a base dessa confiança no cuidado amoroso que Deus nos tem mostrado repetidamente. Sua poderosa mão atesta o seu poder e, ao dizer que Deus “tem cuidado de vós”, o apóstolo responde que quem tem poder se importa, e já o tem feito o que nos é necessário ao nosso bem.
Sobre essa base, Pedro nos diz como devemos lidar apropriadamente com a ansiedade: “lançando…”. A palavra traduzida por “lançar” era usada para indicar que se atirava alguma coisa sobre outra, assim como uma manta sobre um animal de carga (leia Lc 19.35). O que Deus nos está ordenando, por intermédio de Pedro, é que reunamos toda nossa ansiedade, todo descontentamento, desânimo, desespero, dúvida, dor e sofrimento, e lancemos tudo isso sobre Deus.
A – Um exemplo encorajador
Quando lutamos contra a ansiedade, precisamos nos lembrar de que Deus realmente cuida de nós. O exemplo de Ana será de grande ajuda para que nos lembremos do cuidado de Deus. Sua história está registrada nos primeiros capítulos de 1Samuel.
Ana era uma mulher hebreia que não tinha filhos. Isso era motivo de sofrimento significativo para uma mulher naquele tempo, dentro da comunidade da aliança. No primeiro capítulo da profecia de Samuel, encontramos Ana orando no templo. Lá ela derramava o sofrimento de sua alma, que era tão grande que o profeta Eli a tomou por embriagada (1Sm 1.14). Lamentavelmente, não é raro encontrar quem, vendo-nos carregar nossos fardos, nos trate sem nenhuma sensibilidade, muitas vezes amontoando mais peso sobre nós.
Quando o profeta Eli falou novamente, agora usado por Deus, para tranquilizar aquela serva, diz a Escritura que ela mudou completamente (1Sm1.10-18). O que aconteceu com ela? Por que ela não estava mais triste?
Sua situação continuava a mesma, mas ela mudou quando lançou sua aflição sobre o Senhor. Pela benevolência do Senhor, sua situação seria mudada (ela teria um filho), mas o alívio veio antes disso. O que é importante lembrar é que o alvo de Deus nem sempre é alterar a situação.Tudo que passamos nesta vida tem o objetivo de nos alterar! Ana é a prova: quando você se humilha sob a poderosa mão de Deus, lançando toda a sua ansiedade sobre seu amoroso cuidado, ele o exaltará no devido tempo.
B. Exaltação no tempo oportuno
Pedro diz que quando nos humilhamos diante de Deus, ele, em tempo oportuno, nos exalta (1Pe 5.6). Em Filipenses, Paulo nos diz que essa foi a ação de Deus em relação a seu filho, a quem “exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome” (Cf. Fp 2.9). Não obstante, o próprio Senhor Jesus havia ensinado que “Quem a si mesmo se exaltar será humilhado” (Mt 23.12). Essa é uma promessa, e Deus, cujas promessas ele sempre cumpriu, não fará diferente.
A ansiedade começa, entretanto, quando nossa dificuldade em esperar pelo “tempo oportuno” é maior do que a fé na promessa da futura “exaltação”. Mas qual seria o tempo oportuno? Quando será? Não podemos nos esquecer de que tudo o que acontece em nossa vida não foi apenas permitido mas também projetado por Deus, que soberanamente desenhou esses acontecimentos com o objetivo de imprimir em nós a imagem de seu filho, Cristo Jesus.
Não se esqueça de que Deus está trabalhando em você, e ele não desistirá até ver sua obra concluída (Fp 1.6). Portanto, o tempo oportuno é quando ele tiver cumprido em nós o seu propósito. Embora essa pareça ser uma resposta vaga, lembre-se de que Deus sempre age no momento certo, com um objetivo claro para cada acontecimento, e o objetivo é nos fazer cada vez mais parecidos com Cristo.
Conclusão
A luta contra a ansiedade é uma luta diária pela humildade. Nosso coração rebelde tem dificuldades em se submeter ao bom querer do soberano Deus; e o que se colhe com essa atitude é a ansiedade. Quando aprendemos a descansar na providência amorosa do Criador soberano e zeloso, aprendemos o  verdadeiro segredo das pessoas felizes, que vivem sem ansiedade, confiadas no cuidado que Deus tem por nós.

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