Como superar a ansiedade e o medo
Texto básico: Filipenses 4.2-8
Introdução
Ainda que tenhamos recebido a Cristo como Salvador, e com Ele o
perdão de todos os nossos pecados (1Jo 1.7), continuamos vulneráveis em
nossos sentimentos e emoções. Já somos novas criaturas (2Co 5.17), mas a
nossa velha natureza ainda é suscetível às circunstâncias que nos
advêm. Sendo assim, não é anormal ficarmos ansiosos, com medo,
desanimados e abatidos. O próprio apóstolo Paulo experimentou tais
sentimentos em sua vida cristã (2Co 6.4-10; 7.5-6). Mesmo o Senhor
Jesus, nos Seus últimos dias, revelou a nós a tristeza do Seu coração
(Mc 14.34); contudo, essa tristeza não provém de uma velha natureza no
caso de Jesus e nem havia vulnerabilidade Nele.
Qual de nós não se sente ansioso e com medo diante de uma
enfermidade, do desemprego, de uma crise familiar, da violência que nos
cerca, dos desafios que temos que assumir ou mesmo diante das lutas
pelas quais a nossa igreja passa?
O terapeuta cristão Gary R. Collins faz uma distinção entre a
ansiedade normal, que é uma reação natural diante dos perigos e ameaças,
que é controlada ou diminuída quando as circunstâncias exteriores se
modificam; e a ansiedade aguda ou neurótica, que desenvolve sentimentos
exagerados de desespero e medo, mesmo quando o perigo é inexistente.
Para ambas Deus providenciou recursos para nos ajudar nestes momentos.
No texto de Filipenses 4, a partir do versículo 2, notamos que a igreja
ou alguns de seus membros estavam em crise de relacionamento.
Aparentemente, as irmãs Evódia e Síntique andavam em desacordo. Tal
desavença estava entristecendo demais os irmãos. Paulo, então, pediu a
um obreiro amigo que promovesse a reconciliação (v.3) e à igreja que,
resolvida a questão, voltasse a se alegrar no Senhor (v.4). Vejamos, nos
versículos 6 e 7, o apóstolo Paulo ensinando o que fazer para vencer a
ansiedade e o medo.
I – IDENTIFICAR A CAUSA DO PROBLEMA
Talvez a dor dos irmãos e a sua ansiedade tivessem como origem a
briga das duas irmãs (v.2), e Paulo foi direto ao ponto de tensão. Ou
seja, descobrir a causa da ansiedade dá início à solução do problema.
Através da observação, reflexão, autoanálise, leitura da Bíblia,
aconselhamento, podemos descobrir o que de fato nos preocupa. Às vezes,
não é fácil esse exercício, mas pode nos fazer muito bem, se feito
adequadamente. Você sabe bem as causas da sua ansiedade quando a sente?
Davi, certa vez, pediu que Deus vasculhasse o seu coração e fizesse
aflorar os males que ali estavam (Sl 139.23-24).
II – CONSIDERAR A AJUDA DE UM IRMÃO EM CRISTO
Depois de descobrirmos a causa de nossa ansiedade, devemos atacá-la. O
apóstolo Paulo não teve dúvida, repreendeu as irmãs e as admoestou a
pensarem concordemente no Senhor.
Para ajudar na resolução do conflito, pediu ajuda de um obreiro. Não sabemos quem era esse “companheiro de jugo”
(v.3), mas o certo é que a sua ajuda foi muito importante naquela hora.
Todo crente deve ter os seus companheiros de jugo, aquelas pessoas que,
em momentos difíceis, ajudam-no em oração e aconselhamento. Esse apoio
fraternal é de especial significado quando o problema é o tratamento do
medo e da ansiedade. A Bíblia afirma que o “perfeito amor lança fora o medo”.
Collins, já citado, afirma que o inimigo do medo é o amor.
Especialmente, demonstrar o amor de Cristo é ajudar também aqueles que
sofrem de ansiedade e medo. Pregar o evangelho do Salvador com paciência
e amor é a melhor maneira de levar outros a expulsar de sua vida o medo
e a ansiedade.
III – ALEGRAR-SE SEMPRE NO SENHOR
Possivelmente a crise de relacionamento das duas irmãs estava tirando
a alegria da igreja. De fato, toda divisão no corpo de Cristo traz
consigo uma tristeza imensa. Talvez seja por isso que Jesus orou tanto
pela unidade de Seus filhos ( Jo 17.11).
No entanto, em meio às lutas, os irmãos foram exortados a se alegrar
no Senhor (v.4). Por maiores que sejam as lutas sempre haverá no
Senhor, motivo de alegria. No versículo 6, no meio da ansiedade e medo,
deveria, ainda assim, haver ações de graças. Se olharmos somente para os
problemas, ficaremos mais ansiosos ainda. Se olharmos para alegrar
sempre Nele.
Segundo Collins, alegrar-se, para os cristãos, é uma ordenança
permanente do Senhor, pois Ele disse que jamais nos deixaria. Temos
ainda a expectativa de Sua volta e da vida com Ele num lugar
especialmente feito para nós, Seus filhos. Baseados nessa promessa,
podemos viver livres do medo. Precisamos conhecer a palavra do Senhor
para que sejamos consolados e fortalecidos!
IV – CONFIAR EM DEUS EM ORAÇÃO
Em Filipenses 4.6, está escrito que a oração é o melhor remédio à
ansiedade e ao medo. Foi em oração que muitos dos heróis da Bíblia
aprenderam a confiar no Senhor.
Jó orou muito durante a sua crise existencial. Foi crescendo tanto em
confiança em Deus que, no final de suas provações, ele declara: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem”
( Jó 42.5). Ana, por sua vez, foi embora contente após ter orado com
tanta dedicação ao Senhor e ouvido as palavras do sacerdote Eli (1Sm
1.9-18). Asafe se mostrou confiante na soberania de Deus após entrar no
santuário e orar (Sl 73.17-28). À medida que confiamos mais no Senhor em
oração, menos a ansiedade e o medo habitam em nós. Em Mateus 6.25-34, o
Senhor Jesus ensina que não devemos ficar ansiosos com a nossa vida. O
que devemos fazer é buscar o reino de Deus e a Sua justiça (v.33). A
oração vence a ansiedade. Quem ora bastante vive bem.
Conclusão
O texto de Filipenses começa relatando uma crise de relacionamento
(v.2), mas termina com uma promessa de paz (v.7). É possível ter a paz
de Cristo ocupando o lugar do medo e da ansiedade em nossa mente e
coração, mesmo que as circunstâncias externas não mudem.
O que determina a paz no barco não é a ausência da tempestade lá
fora, mas a presença de Jesus do lado de dentro (Mt 8.23-27). Jesus nos
prometeu uma paz que o mundo não pode dar ( Jo 14.27), no entanto,
afirmou, também, que no mundo teríamos aflições ( Jo 16.33). Paz não é a
ausência de problemas e aflições, mas é uma dependência completa do
cuidado de nosso Pai Celeste. Que os recursos espirituais citados neste
texto nos ajudem a vencer a ansiedade e o medo. Que o Espírito Santo
aplique em nosso coração Filipenses 4.2-8, o que nos fará muito bem.
Faz-nos bem refletir esta estrofe de um hino que diz: “Com Tua mão
segura bem a minha, e pelo mundo alegre seguirei. Mesmo onde as sombras
caem mais escuras, Teu rosto vendo, nada temerei” (H.M. Wright).
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