quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Um retrato da Igreja de hoje

Um retrato da Igreja de hoje


Textos: - Apocalipse 2:4,5,14,15 e 20; 3:1 e 15
Introdução: - O que está acontecendo com a Igreja de hoje? Esta pergunta, não me foi feita por nenhum membro da Igreja, nem tampouco por membros de outras Igrejas. Não! Esta pergunta eu tenho feito a mim mesmo.
Meus pais abraçaram a fé evangélica no ano de 1960. Eu tinha na época seis anos de idade, porém começando a entender um pouco da vida. Fui criado então a partir dessa idade, num ambiente cristão, e até certo ponto muito rígido, ouvindo quase que diariamente que nós cristãos éramos diferentes do mundo “lá fora” e que por isso tínhamos que dar um bom testemunho de nossa fé, não só em função da Igreja e seu bom nome, mas principalmente por causa do nome de Cristo.
A igreja era para nós um oásis em meio à pobreza, a ignorância educacional, a falta de saúde pública e muitas outras necessidades experimentadas pela população de uma maneira geral. Tínhamos um profundo respeito pela nossa Igreja, pois era constituída por pessoas, que outrora viviam no pecado e que agora depois do seu encontro com Jesus eram pessoas respeitadas na sociedade.
Ouvíamos sempre dos comerciantes da época o seguinte: “Se é crente, eu vendo até o mercado para ele, pois sei que é pessoa de bem, honesto, cumpridor de seus deveres, bom vizinho, bom pagador, bom pai de família, bom empregado, principalmente se for da Igreja tal!”
A Igreja exalava o bom perfume de Cristo e por isto atraía muita gente para o seu meio. O evangelho não só era pregado a todo pulmão nas praças ao ar livre, mas pregado principalmente pela postura que a Igreja tinha diante de uma sociedade ainda dominada pelas tradições religiosa deste país.
 
A mensagem pregada pela Igreja era o genuíno Evangelho de Cristo, livre das heresias que hoje a permeiam. As doutrinas estranhas ao Cristianismo eram logo rechaçadas para que não causassem males espirituais ao rebanho do Senhor. Indivíduos que surgiam, pregando novidades eram logo convidados a se retirarem do meio da comunidade em que estavam, para que o bom nome de Cristo não fosse manchado.
 
Mesmo os membros da Igreja, tinham um cuidado extremo de fugir de novidades e heresias, mesmo não tendo um conhecimento teológico primoroso. Tinham, entretanto, uma coisa altamente benéfica à alma que é o Temor de Deus!
 
A igreja tinha uma importância tão grande, que quando uma pessoa ficava doente, não era o médico que seria procurado primeiro, mas o PASTOR o PRESBÍTERO ou o DÍACONO, para que estes orassem ou mesmo dessem uma orientação sobre o que fazer nestas ocasiões.
 
Eu mesmo, quando criança, presenciei diversas vezes, pessoas que foram curadas de doenças consideradas incuráveis pela medicina da época, através das orações dos líderes da igreja que meus pais eram membros. Sou testemunha viva e ocular de um milagre operado por Deus, em nossa igreja, quando um diácono da mesma que fazia já algum tempo estava numa cadeira de rodas, recebeu uma “simples oração” de alguns outros diáconos desta mesma igreja, e para honra e glória do nome do Senhor Jesus, este homem voltou a andar normalmente.
 
Eu tenho me perguntado nestes dias: “O que aconteceu com aquela igreja, para que se tornasse esta instituição que hoje chamamos também de Igreja?”.
 
Orando e pedindo que o Senhor me desse a sua preciosa graça de forma abundante, lancei-me à tarefa de escrever este artigo, onde procuro fazer uma reflexão e uma análise da forma mais simples possível, tentando ao mesmo tempo entender eu mesmo o que está acontecendo com a Igreja do Senhor Jesus, bem como esclarecendo aos leitores do mesmo, sobre as razões que levaram a Igreja ao estado atual em que ela se encontra.
 
Para tanto, debrucei-me sobre o livro de Apocalipse nos seus primeiros capítulos bem como em parte da história da igreja nos seus primórdios, procurando aí fatos que já no passado, suscitaram a mesma pergunta que faço hoje.
 
AS CARTAS ÀS IGREJAS DA ÁSIA EM PARTE RESPONDEM A PERGUNTA!
 
As cartas endereçadas às sete igrejas da Ásia têm interpretações diferentes no meio evangélico. Uns afirmam que as igrejas aí mencionadas, representariam períodos específicos da história, culminando a sétima carta à igreja de Laodicéia com o início do século XX.
 
Outros descartam esta interpretação, dizendo que as igrejas aí mencionadas eram igrejas existentes na Ásia Menor, no final do século I. Independente de qual interpretação que o querido leitor tiver, uma coisa é certa, elas representam as principais condições que podem ser encontradas na igreja universal, em qualquer período da história.
 
É debaixo desta forma de entendimento que faço um relato de doutrinas e acontecimentos, aí mencionados, com louvor ou censura às igrejas que receberam estas cartas.
 
A carta à igreja em Éfeso (Ap 2:1-7)
 
Éfeso, era a maior cidade da Ásia e o centro da administração romana daquela província. Tomou o título de “Guardiã do Templo”, originalmente em referência ao famoso templo de Ártemis, posteriormente, porém estende-se aos dois ou três templos devotados ao culto dos imperadores.
 
Paulo fundou aqui a igreja que se tornou o centro para a evangelização do resto da província e aqui residia o apóstolo João. A igreja em Éfeso, consequentemente, deve ter-se tornado a principal do leste, com a possível exceção de Antioquia. Há estudiosos e escritores que sugerem que esta carta foi colocada em primeiro lugar, não tanto pela importância da igreja, mas pela advertência que lhe foi entregue.
 
O que motivou a advertência à igreja em Éfeso?
 
A falta dos efésios é talvez a perversão de sua principal virtude; sua oposição aos falsos irmãos os conduzia a repreensão e dissensão dentro da igreja, levando-os assim a deixar o seu primeiro amor.
 
Quando pensamos no primeiro amor, sempre nos reportamos ao entusiasmo que toma conta daqueles que se convertem ao Senhor Jesus. Dizemos que quando éramos novos na fé, tínhamos mais disposição para evangelizar, para orar, para visitar os enfermos e para irmos à igreja cultuar a Deus!
 
Agora, não somos nem sombra do que éramos! Perdemos o primeiro amor! Será que é isto que a carta menciona? Não há aí um equívoco, quanto ao que venha ser “primeiro amor”?
 
Ao que tudo indica falsos irmãos estavam misturados ao rebanho, causando dissensão.
 
Dissensão é o ato de divergir, ou seja, discordar. No que eles os efésios discordavam desses falsos irmãos? Tudo indica, que o motivo da discórdia, era a doutrina dos nicolaítas. Nicolaítas eram seguidores do diácono Nicolau de Antioquia, um dos sete diáconos escolhidos no início da igreja para servirem as mesas.(At 6:5). Deduzimos em (Ap 2:14-15) que eles mantinham o mesmo erro que os balaamitas, a saber: ensinar a comer coisas sacrificadas aos ídolos e a adulterar.
 
Foram estas as principais matérias condenadas por decreto do concílio apostólico em Jerusalém (At 15:29). É notável que os nomes de Balaão e Nicolau sejam cognatos (Balaão – “Ele tem consumido o povo”; Nicolau – “Ele vence o povo”).
 
Ao pensarmos no tumulto que causaram estes falsos irmãos, com estas doutrinas, veremos que a discussão gerou inimizades, onde o amor fraternal foi deixado de lado, suplantado pelo extremo zelo dos efésios, que acabou se transformando em ódio.
 
Falsas doutrinas separam os melhores irmãos e amigos! Veja o G 12, o que tem feito: Por causa de doutrinas estranhas ao meio evangélico, baseadas em “experiências e novas revelações”, disseminadas dentro de igrejas outrora cordatas e pacíficas, surgem divisões dando origens a grupos que acabam se odiando. Onde está o amor fraternal, o primeiro amor? Podemos dizer que a falsa doutrina o destruiu! È o começo do declínio.
 
Podemos afirmar que esta é uma das razões que podem explicar o estado atual da Igreja! Deus não pode operar no meio de divisões; o Senhor Jesus disse que “um reino dividido não pode subsistir”. (Lc 11:17)
 
A carta à igreja em Esmirna (Ap 2:8-11)
 
Esta cidade era uma das mais prósperas na Ásia Menor e tomou o nome de “Metrópole”. Ali os judeus constituíam uma colônia excepcionalmente numerosa e próspera; seu antagonismo à igreja cristã aparece, não somente nesta carta, mas também na de Inácio aos esmirnenses. Esta igreja, prestes a ser provada, necessitava relembrar que o seu Salvador era o Senhor da história e conquistador da morte.
 
Por que o louvor, e não reprimenda expressa nesta carta?
 
A igreja na cidade de Esmirna, era uma igreja pobre materialmente falando, contrastando com a riqueza material e a pobreza espiritual da igreja em Laodicéia!
 
Os judeus ricos e opulentos, aliaram-se aos pagãos de Esmirna segundo relatos dos próprios crentes, para blasfemarem contra Jesus, e eram capazes de blasfemar contra Deus, o mesmo que eles confessavam.
 
Jesus dirigindo-se ao Pastor daquela igreja, disse-lhes que não temessem os judeus, aqui chamados de a sinagoga de Satanás.
 
"Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo antes, sinagoga de Satanás." (Ap 2:9).
 
O que isto nos leva a refletir?
 
A verdadeira igreja do Senhor, não deve ter vergonha de sua pobreza material, de sua insignificância na sociedade dos ricos e opulentos. Ela deve manter-se fiel ao seu Senhor, e nunca desprezá-lo.
 
Certo membro do clero romano ouviu de um pontífice, logo após a construção da Basílica de S. Pedro o seguinte: “Agora, não mais precisamos dizer não temos ouro e nem prata”. Ao que lhe respondeu o clérigo: “Mas agora já não podemos mais dizer em nome do Senhor Jesus, levanta e anda” obviamente numa clara referência ao episódio de Pedro e João diante do paralítico na porta do templo em Jerusalém.
 
Não é porque somos muitas vezes desprovidos de condições materiais, que deixamos de ser filhos do Rei! Esta é uma doutrina maligna, que penetrou no meio da Igreja, levando um grande número de pessoas a abandonarem a fé porque não eram capazes de conseguir riquezas materiais. Tinham vergonha de serem chamados “pobres”.
 
Lá no Antigo Testamento, no livro do profeta Isaías no capítulo 41:14, Deus procura valorizar o seu povo, chamado pelos gentios de povinho, dizendo o seguinte: “Não temas, ó vermezinho de Jacó, povozinho de Israel; eu te ajudo, diz o Senhor, e o teu Redentor é o Santo de Israel”.
 
O apostolo Paulo diz que Deus usa as coisas fracas e vis e aquelas que não são, paras confundir as que são.
 
A igreja não precisa ter milhões para fazer a obra de Deus; o que ela precisa é da preciosa e sublime Graça de Deus! È o que está faltando! Sobra dinheiro, mas falta graça e a unção do Santo!
 
A carta à igreja em Pérgamo
 
Pérgamo era descrita por Aretas como “dada à idolatria mais do que toda a Ásia”. Atrás da cidade situava-se uma colina, a mais de 300 metros de altitude, coberta de templos pagãos.
 
Entre eles o mais destacado de todos era o grande altar de Zeus, colocado sobre uma plataforma, esculpido na rocha, dominando a cidade. O culto ao imperador foi estabelecido ali primeiro que em Èfeso ou Esmirna, de sorte que posteriormente, Pérgamo se tornou reconhecido centro do culto na Ásia. Daí dizia-se desta igreja, que habitava onde está o trono de Satanás.
 
Os versículos 14 e 15 de Ap 2 nos falam de forma bem clara, o motivo da advertência mandada ao pastor desta igreja. Diz o texto o seguinte:
 
“Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição. Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas.”
 
O ensinamento básico de Balaão era confundir assuntos espirituais e morais com interesses materiais. O assunto refere-se aqui ao gnosticismo libertino, também mencionado na carta de Judas 1 a 16.
 
Veja se não é o que acontece em nossos dias no meio evangélico. Quantos versículos, notadamente do Antigo Testamento, são distorcidos para se adequarem ao pensamento comercial de algumas Igrejas e respectivamente seus pastores? São poucos?
 
Quase tudo que pode ser usado para manipular as emoções dos ouvintes, para extorquir-lhes dinheiro é usado sem nenhum escrúpulo quanto às regras de interpretações da Hermenêutica Bíblica! Veja alguns exemplos de distorções:
 
“Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu prometi a Moisés.” (Js 1:3).
 
Imagine você, se fosse esta simplória ou maldosa interpretação uma verdade, contida na palavra, como não seria fácil de viver nestes dias! Você não precisaria mais gastar dinheiro com praticamente nada! Olhou uma bela mansão, é sua! Uma fazenda que você foi visitar pisou a planta de seus pés nela, é sua e de mais ninguém! Ora! Prá que gastar dinheiro se tudo já é meu?!
 
A que se refere o texto? As propriedades que os crentes atuais podem conquistar, somente profetizando ou decretando a sua posse? Não!
 
O texto fala dos limites geográficos da terra prometida (Js 1:4),com a responsabilidade de Josué e de todo o povo, percorrerem este território para o ocuparem. Onde pisar a planta de vosso pé, vo-lo tenho dado! É só isto e mais nada! O território de Israel é muito pequeno; não houve uma atitude de conquistar outras terras seguindo a promessa de Deus.
 
Ocuparam somente o que lhes mandou, aliás, nem isto eles foram capazes de fazer, pois quando Josué estava já para morrer, a Bíblia nos diz que havia muito território para se possuir, mas Josué já era avançado em dias. (Js 13:1-13)
 
Onde a planta dos pés dos israelitas não pisou, continuou a terra em posse dos gentios (Js 13:13)
 
Deus falhou em sua promessa ou o povo não cumpriu o que lhe era ordenado?
 
Podemos nos dias atuais, reivindicar para nós esta promessa? Não é confundir promessas feitas a Israel, com sonhos de riquezas de hoje? É preciso distinguir o que é promessa de natureza exclusiva dos judeus, o que é promessa de riqueza espiritual, mesmo estando no Antigo Testamento, o que é ensino moral como o livro de Próverbios, daquilo que Jesus nos prometeu! Em que lugar do Novo Testamento, Jesus nos prometeu uma vida de abundantes riquezas materiais? Ele nos dá vida e vida com abundância, não no sentido material, pois seria então um Deus que faz acepção de pessoas, pois uns tem muito e outros não tem nada, isto na Igreja.
 
A confusão do que é espiritual com aquilo que é material, tem desviado a igreja da rota! É o gnosticismo libertino ressuscitado!
 
Outro exemplo clássico de aplicação de texto com sentido claramente espiritual trazido para uma aplicação material é o texto do profeta Isaías no capítulo 53 versículos 4 e 5. Diz o texto:
 
“Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.”
 
A interpretação que se tem dado a este texto pelos adeptos da “Confissão Positiva” é de um total desconhecimento da própria Bíblia! Dizem e ensinam, que Jesus já levou sobre si no Calvário as nossa doenças e enfermidades e que agora é só aprender a determinar que você já está curado!
 
Se Jesus já levou sobre si as nossas enfermidades, por que é que as pessoas continuam morrendo, mesmo depois de serem salvas pelo Senhor Jesus Cristo? O sacrifício de Cristo não é eterno, como diz a carta aos Hebreus? Ou o Senhor tem que ser crucificado todo o dia? O pecado já foi vencido de uma vez para sempre? Qual a razão das doenças no corpo humano? Não são em função da queda no jardim do Édem?
 
Se o pecado foi vencido na cruz, a doença física teria que também ter sido vencida na cruz. Foi? Não! Foi a doença da alma do homem que foi vencida na cruz. Sim, foi a cura da maior enfermidade que se conhece no mundo: o pecado da humanidade, através de Adão.
 
O apóstolo Pedro, escrevendo à igreja de seus dias, disse na sua primeira carta no capítulo 1 versículos 21 a 25 o seguinte:
 
“... Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados. Porque estáveis desgarrados como ovelhas; agora, porém vos convertestes ao Pastor e Bispo da vossa alma.”
 
Observe que o apóstolo Pedro, usa praticamente a mesma expressão que Isaías usou! A cura foi da alma, não do corpo.
 
A cura completa do corpo só se dará, quando a Igreja for tirada da terra para estar para sempre com o Senhor. Isto nos afirma o apóstolo Paulo na sua primeira carta aos Coríntios no capitulo 15 versículos 51 a 56 o seguinte:
 
“Eis vos digo um mistério; nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir da imortalidade", então se cumprirá a palavra que está escrita: (Is 25:8)
 
“Tragada foi a morte pela vitória. Onde está ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado. E a força do pecado é a lei.” O pecado é a doença e a enfermidade levadas por Jesus sobre si na cruz do Calvário. Graças a Deus por isto!
 
Você entende por que a igreja está nesta situação atual? São ensinamentos, que uma vez já foram rechaçados pela igreja, que tornam a vir à existência, causando dúvidas e confusão no meio do povo de Deus.
 
A confissão positiva ensina que você tem um conhecimento que não é revelado a outros. Só os que professam tal doutrina, a doutrina da fé na fé, é que podem receber tal “revelação de Deus”. Gnosticismo puro!
 
A carta à igreja em Tiatira
 
Tiatira era a menor das sete cidades. Não tinha nenhum templo devotado ao culto dos imperadores, de sorte que os cristãos não eram tão perturbados por aquele culto como as igrejas precedentes. O problema desta igreja centralizava-se nas situações comprometedoras criadas pelos interesses comerciais.
 
Tiatira era uma cidade industrial, célebre pelos seus muitos grêmios comerciais. Era tão necessário unir-se a essas sociedades como é para o artesão hodierno, ser membro do seu determinado sindicato comercial; de outra forma, envolvia um ostracismo que tornaria quase impossível seu negócio.
 
A dificuldade no caminho do cristão que se unia a tais grêmios era necessidade de participar das periódicas refeições comuns quando se comia carne que fora dedicada à deidade pagã (talvez o padroeiro do seu grêmio). Pode-se entender que certos cristãos liberais não hesitariam em participar de tais festividades, alegando que “um ídolo não é nada” (I Co 8:4)
 
Logo, a desculpa podia achar-se pela licenciosidade em que muitas vezes estas refeições culminavam, e o próximo passo seria participar da devassidão geral. Isto era geralmente aconselhado pelos nicolaítas, e pode-se entender como isto encontrava fácil aceitação em Tiatira, onde a frase “negócio é negócio” seria bem aceita.
 
Qual era o erro ou doutrina herética ensinada em Tiatira, que motivou a advertência ao Pastor desta Igreja? Diz o Texto:
 
“Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos. Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição.” (Ap 2:20-21)
 
A profetisa que propaga o ensino dos nicolaítas é simbolicamente chamada Jezabel, pois a rainha daquele nome tentou estabelecer um culto idólatra em lugar do culto a Jeová e ela mesma foi acusada de prostituição e feitiçaria (2 Rs 9:22)
 
Alguns manuscritos inserem a expressão “tua mulher Jezabel”, dando nitidamente a impressão de ser ela mulher do anjo, administrador, Pastor daquela igreja.
 
Há neste texto, três expressões que saltam aos olhos do leitor ávido por conhecimento. São elas: IDOLATRIA, PROSTITUIÇÃO E FEITIÇARIA.
 
IDOLATRIA
 
Qualquer coisa que se interponha entre Deus e o homem, no sentido da adoração, que não seja Jesus Cristo, é idolatria. Qualquer coisa que receba o louvor ou adoração que só pertencem a Deus é ídolo, seja pessoa, objeto, animal, plantas, astros estelares, montes, vales ou qualquer outra coisa.
 
Assim sendo, passamos a seguinte indagação: O povo evangélico tem ídolos? O povo evangélico pratica a idolatria? Sim ou Não? A resposta é Sim!
 
Todo o homem ou mulher, que se diz servo de Deus, que se diz adorador de Deus, que diz temer e tremer diante da presença de Deus, mas recebe a glória que é outorgada a ele, é um IDOLO!
 
Observe atualmente o que acontece no meio musical evangélico, ou seria “gospel”? Já não temos mais cultos e sim Shows! Todo show tem um ARTISTA, UM IDOLO PRESENTE.
 
A reação das platéias é idêntica aos shows produzidos por músicos e artistas mundanos. Há gritos, assobios, desmaios, histeria coletiva, tudo o que se vê em shows produzidos por grandes artistas mundanos. Quando as pessoas, que se dizem evangélicas agem desta forma, estão criando seus próprios IDOLOS! Onde Deus entra nesta “louvação”?
 
A Bíblia registra um episódio, em que o rei Herodes, homem de grande oratória, colocou-se um dia diante da multidão para proferir um discurso. A sua oratória foi tão arrebatadora que a multidão começou a ovacioná-lo dizendo ser “voz de Deus e não de Homem” o que estavam ouvindo.
 
Diz-nos o texto sagrado do Novo Testamento, que imediatamente após ter recebido esta “louvação”, Herodes caiu da tribuna em que estava comido de bichos! (At 12:20-25) Ele não morreu de imediato, mas segundo os historiadores do NT, foi quatorze dias de agonia, sendo literalmente devorado por vermes famintos! Por quê? Porque recebeu a glória que era devida somente a Deus! O próprio Deus disse: “A minha glória eu não darei a outrem.” (Is 42:8)
 
PROSTITUIÇÃO
 
Na Bíblia a prostituta aparece como uma aventureira que arrasta os homens à ruína (Pv 23:27). Uma sociedade ou nação ímpia e idólatra é comparada a uma prostituta coletiva (Ap 17:5,15-17)
 
Uma prostituta sabe seduzir mortalmente (Na 3:4). Nações foram assemelhadas a prostitutas, devido às suas imoralidades e à sua idolatria (como Nínive, Na 3:4; ou Tiro, Is 23:15-17). A idolatria é prostituição, tal como sucede à apostasia (ver Is 1:21; Jr: 13.27; Ez 16:16; Os 1:2)
 
O que entendemos é que quando o homem cria uma divindade para si ou um ídolo para si, ele está prostituindo-se, após outros deuses.
 
Também entendemos, que o vocábulo grego Porneía, que traduzido quer dizer “prostituição”, refere-se à prostituição no sentido sexual, ou seja, mercadejar o corpo em troca de dinheiro. Seja a prostituição masculina ou feminina, ela é condenada por Deus.
 
Repetindo: A idolatria leva à prostituição, ou seja, o povo de Deus quando cria um ídolo para si, está prostituindo-se após outros deuses ou deus!
 
Reflita um pouco e responda-me: “Não é isto o que atualmente acontece no meio evangélico?”
 
FEITIÇARIA
 
A Bíblia menciona a feitiçaria, como pratica abominável, bem como menciona uma atitude que é comparada ao pecado de feitiçaria.
 
Eu venho de uma família que no passado antes de conhecer o Senhor Jesus, era espírita. Conheço muitos rituais do espiritismo e para meu espanto e descrença estou vendo muitos deles serem praticados no meio neopentecostal e por que não dizer até mesmo no meio pentecostal.
 
Onde se tem o hábito de colocar copo com água, para ser energizado ou receber fluidos positivos? No espiritismo. Onde se usa sal grosso para afastar mal olhados e maus fluídos? No espiritismo. Onde se usam fitas coloridas, usadas como amuletos? No espiritismo e no catolicismo sincretista. Onde se usa galho de arruda para fazer descarrego? No espiritismo. Onde se usa fazer sessão de descarrego? No espiritismo. Onde se usa roupas brancas, religiosamente falando, para poder comandar uma sessão? No espiritismo. Onde acontecem manifestações que levam o fiel a ficar girando como pião, até cair em transe? No espiritismo. Onde acontecem manifestações que levam o fiel a cair violentamente no chão? No espiritismo. Onde se usam pandeiros e palmas para marcar o ritmo, enquanto os fiéis rodopiam? No espiritismo. Onde se levam peças de roupas, fotos ou objetos de uso pessoal para se fazer um trabalho sobre eles? No espiritismo.
 
É muita coisa que nada tem e nunca teve relação com o culto de adoração a Deus!
 
Eu poderia estender-me um bocado, mostrando práticas espíritas e sua relação correlata com o meio evangélico nos dias de hoje.
 
De onde tiraram estas ideias malignas? De cultos idolatras! Da Bíblia não foi!
 
Querer usar objetos, amuletos, fotografias ou outros em um culto, já foi motivo de muita polêmica no meio cristão. A igreja católica oriental, diferente da Igreja Romana, é responsável pela iconolatria, esta se desculpa dizendo não ser idólatra, mas iconólatra. O que isto quer dizer?
 
Dizem eles que os objetos ou fotos ou quadros retratando pessoas colocadas a sua frente, servem somente para elevar os seus pensamentos a Deus e não transformá-los em objetos de adoração. Dá na mesma, quando não, os transforma em praticantes de feitiçaria.
 
Alguns se defendem usando o episódio dos lenços e aventais do apóstolo Paulo que foram levados e colocados sobre enfermos, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam. (At 19:12), contudo é preciso se entender que isto não era costume da igreja primitiva, foi um caso isolado, não se constituiu em “doutrina” nem tampouco foi usado pelos pais da igreja, já no século seguinte, século II.
 
Outra coisa de suma importância: O livro de Atos é um livro histórico, não doutrinário, e em hipótese alguma se deve fazer doutrina em cima de fatos históricos!
 
A outra vertente da feitiçaria mencionada na Bíblia tem a ver com a “rebelião”.
Na Bíblia, há um texto, onde lemos que Miguel quando disputava o corpo de Moisés com Satanás, não ousou pronunciar juízo de blasfêmia e nem desacato contra ele. (Jd 5-16)
 
Desobedecer intencionalmente a orientação da palavra de Deus, julgando-se superior as potestades, pronunciando contra elas juízos de blasfêmia, zombaria, escárnios, submissão física para fazer delas espetáculo, ridicularizar as potestades ou coisas semelhantes, é como pecado de feitiçaria!
 
Não é isto que temos presenciado na mídia televisivos, nos meios que se dizem evangélicos?
Não estão eles praticando um culto sincrético?
 
O que é sincretismo? Sincretismo é a mistura de cultos religiosos em uma só celebração.
 
Eu li recentemente um artigo do Pr. Augustus Nicodemus Lopes. Intitulado “A alma católica dos evangélicos no Brasil”, que transcrevo aqui na íntegra.
 
A ALMA CATÓLICA DOS EVANGÉLICOS NO BRASIL
 
Postado por Augustus Nicodemus Lopes às 16h45min
 
Os evangélicos no Brasil nunca conseguiram se livrar totalmente da influência do Catolicismo Romano. Por séculos, o Catolicismo formou a mentalidade brasileira, a sua maneira de ver o mundo ("cosmo visão"). O crescimento do número de evangélicos no Brasil é cada vez maior – segundo o IBGE, seremos 40 milhões esse ano de 2006 – mas há várias evidências de que boa parte dos evangélicos não tem conseguido se livrar da herança católica.
 
É um fato que conversão verdadeira (arrependimento e fé) implica numa mudança espiritual e moral, mas não significa necessariamente uma mudança na maneira como a pessoa vê o mundo. Alguém pode ter sido regenerado pelo Espírito e ainda continuar, por um tempo, a enxergar as coisas com os pressupostos antigos. É o caso dos crentes de Corinto, por exemplo. Alguns deles haviam sido impuros, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes e roubadores. Todavia, haviam sido lavados, santificados e justificados "em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus" (1Co 6:9-11) sem que isso significasse que uma mudança completa de mentalidade houvesse ocorrido com eles. Na primeira carta que lhes escreve, Paulo revela duas áreas em que eles continuavam a agir como pagãos: na maneira grega dicotômica de ver o mundo dividido em matéria e espírito (que dificultava a aceitação entre eles das relações sexuais no casamento e a ressurreição física dos mortos – capítulos 7 e 15) e o culto à personalidade mantida para com os filósofos gregos (que logo os levou a formar partidos na igreja em torno de Paulo, Pedro, Apolo e mesmo o próprio Cristo – capítulos 1 a 4). Eles eram cristãos, mas com a alma grega pagã.
 
Da mesma forma, creio que grande parte dos evangélicos no Brasil tem a alma católica. Antes de passar às argumentações, preciso esclarecer um ponto. Todas as tendências que eu identifico entre os evangélicos como sendo herança católica, no fundo, antes de serem católicas, são realmente tendências da nossa natureza humana decaída, corrompida e manchada pelo pecado, que se manifestam em todos os lugares, em todos os sistemas e não somente no Catolicismo. Como disse o reformado R. Hooykas, famoso historiador da ciência, “no fundo, somos todos romanos” (Philosophia Liberta, 1957). Todavia, alguns sistemas são mais vulneráveis a essas tendências e as absorveram mais que outros, como penso que é o caso com o Catolicismo no Brasil. E que tendências são essas?
 
(1) O gosto por bispos e apóstolos – Na Igreja Católica, o sistema papal impõe a autoridade de um único homem sobre todo o povo. A distinção entre clérigos (padres, bispos, cardeais e o papa) e leigos (o povo comum) coloca os sacerdotes católicos em um nível acima das pessoas normais, como se fossem revestidos de uma autoridade, um carisma, uma espiritualidade inacessível, que provoca a admiração e o espanto da gente comum, infundindo respeito e veneração. Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos autonomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira. A doutrina reformada do sacerdócio universal dos crentes e a abolição da distinção entre clérigos e leigos ainda não permearam a cosmo visão dos evangélicos no Brasil, com poucas exceções.
 
(2) A idéia que pastores são mediadores entre Deus e os homens – No Catolicismo, a Igreja é mediadora entre Deus e os homens e transmite a graça divina mediante os sacramentos, as indulgências, as orações. Os sacerdotes católicos são vistos como aqueles através de quem essa graça é concedida, pois são eles que, com as suas palavras, transformam, na Missa, o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo; que aplicam a água benta no batismo para remissão de pecados; que ouvem a confissão do povo e pronunciam o perdão de pecados. Essa mentalidade de mediação humana passou para os evangélicos, com algumas poucas mudanças. Até nas igrejas chamadas históricas os crentes brasileiros agem como se a oração do pastor fosse mais poderosa do que a deles, e que os pastores funcionam como mediadores entre eles e os favores divinos. Esse ranço do Catolicismo vem sendo cada vez mais explorado por setores neopentecostais do Evangelicalismo, a julgar por práticas já assimiladas como “a oração dos 318 homens de Deus”, “a prece poderosa do bispo tal”, “a oração da irmã fulana, que é profetisa”, etc.
 
(3) O misticismo supersticioso no apego a objetos sagrados – O Catolicismo no Brasil, por sua vez influenciado pelas religiões afro-brasileiras, semeou misticismo e superstição durante séculos na alma brasileira: milagres de santos uso de relíquias, aparições de Cristo e de Maria, objetos ungidos e santificados, água benta, entre outros. Hoje, há um crescimento espantoso entre setores evangélicos do uso de copo d’água, rosa ungida, sal grosso, pulseiras abençoadas, pentes santos do kit de beleza da rainha Ester, peças de roupa de entes queridos, oração no monte, no vale; óleos de oliveiras de Jerusalém, água do Jordão, sal do Vale do Sal, trombetas de Gideão (distribuídas em profusão), o cajado de Moisés... É infindável e sem limites a imaginação dos líderes e a credulidade do povo. Esse fenômeno só pode se explicado, a meu ver, por um gosto intrínseco pelo misticismo impresso na alma católica dos evangélicos.
 
(4) A separação entre sagrado e profano – No centro do pensamento católico existe a distinção entre natureza e graça idealizada e defendida por Tomás de Aquino, um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica. Na prática, isso significou a aceitação de duas realidades coexistentes, antagônicas e frequentemente irreconciliáveis: o sagrado, substanciado na Santa Igreja, e o profano, que é tudo o mais no mundo lá fora. Os brasileiros aprenderam durante séculos a não misturar as coisas: sagrado é aquilo que a gente vai fazer na Igreja: assistir Missa e se confessar. O profano – meu trabalho, meus estudos, as ciências – permanece intocado pelos pressupostos cristãos, separado de forma estanque. É a mesma atitude dos evangélicos. Falta-nos uma mentalidade que integre a fé às demais áreas da vida, conforme a visão bíblica de que tudo é sagrado. Por exemplo, na área da educação, temos por século deixado que a mentalidade humanista secularizada, permeada de pressupostos anticristãos, eduque os nossos filhos, do ensino fundamental até o superior, com algumas exceções. Em outros países os evangélicos têm tido mais sucesso em manter instituições de ensino que além de serem tão competentes como as outras, oferecem uma visão de mundo, de ciência, de tecnologia e da história oriunda de pressupostos cristãos. Numa cultura permeada pela ideia de que o sagrado e profano, a religião e o mundo, são dois reinos distintos e frequentemente antagônicos, não há como uma visão integral surgir e prevalecer a não ser por uma profunda reforma de mentalidade entre os evangélicos.
 
(5) Somente pecados sexuais são realmente graves – A distinção entre pecados mortais e veniais feita pelo romanismo católico vem permeando a ética brasileira há séculos. Segundo essa distinção, pecados considerados mortais privam a alma da graça salvadora e condenam ao inferno, enquanto que os veniais, como o nome já indica, são mais leves e merecem somente castigos temporais. A nossa cultura se encarregou de preencher as listas dos mortais e dos veniais. Dessa forma, enquanto se pode aceitar a “mentirinha”, o jeitinho, o tirar vantagem, a maledicência, etc., o adultério se tornou imperdoável. Lula foi reeleito cercado de acusações de corrupção. Mas, se tivesse ocorrido uma denúncia de escândalo sexual, tenho dúvidas de que teria sido reeleito, ou que teria sido reeleito por uma margem tão grande. Nas igrejas evangélicas – onde se sabe pela Bíblia que todo pecado é odioso e que quem guarda toda a lei de Deus e quebra um só mandamento é culpado de todos – é raro que alguém seja disciplinado, corrigido, admoestado, destituído ou despojado por pecados como mentira, preguiça, orgulho, vaidade, maledicência, entre outros. As disciplinas eclesiásticas acontecem via de regra por pecados de natureza sexual, como adultério, prostituição, fornicação, adição à pornografia, homossexualismo, etc., embora até mesmo esses estão sendo cada vez mais aceitáveis aos olhos evangélicos. Mais um resquício de catolicismo na alma dos evangélicos?
 
O que é mais surpreendente é que os evangélicos no Brasil estão entre os mais anticatólicos do mundo. Só para ilustrar (e sem entrar no mérito dessa polêmica) o Brasil é um dos poucos países onde convertidos do catolicismo são rebatizados nas igrejas evangélicas. O anti-catolicismo brasileiro, todavia, se concentrou apenas na questão das imagens e de Maria, e em questões éticas como não fumar, não beber e não dançar. Não foi e não é profundo o suficiente para fazer uma crítica mais completa de outros pontos que, por anos, vêm moldando a mentalidade do brasileiro, como mencionei acima. Além de uma conversão dos ídolos e de Maria a Cristo, os brasileiros evangélicos precisam de conversão na mentalidade, na maneira de ver o mundo. Temos de trazer cativo a Cristo todo pensamento e não somente os nossos pecados. Nosso cosmo visão precisa também de conversão (2Co 10:4-5).
 
Quando vejo o retorno de grandes massas ditas evangélicas às práticas medievais católicas de usar no culto a Deus objetos ungidos e consagrados, procurando para si bispos e apóstolos, imersas em práticas supersticiosas, me pergunto se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro não é, na verdade, um filho da Igreja Católica medieval, uma forma de neocatolicismo tardio que surge e cresce em nosso país onde até os evangélicos têm alma católica.
 
Como pode a igreja sobreviver espiritualmente sadia, com todas estas praticas em seu meio? Só poderia ter recebido uma advertência da parte de Deus!
 
A carta à igreja em Sardes
 
Sardes era uma cidade de glória deslustrada. Outrora tinha sido a capital do antigo reino da Lidia, mas entrou em ocaso, depois da conquista persa, até que Tibério a reconstruiu depois de um terremoto. A cidade era célebre por duas coisas: a sua indústria de tintura e lã, e a libertinagem.
 
A igreja em Sardes parece refletir a história da cidade. Houve tempos quando tinha um nome para progresso espiritual, mas agora era sem vida; a libertinagem caracterizava tantos os cristãos como os pagãos, de sorte que ali havia poucas pessoas que não tinham contaminado os seus vestidos, isto é, manchado a sua profissão cristã. Consequentemente, ela foi censurada com uma severidade igualada somente na carta aos laodicenses.
 
É de supor que os cristãos contaminavam os seus vestidos acomodando-se aos costumes pagãos dos seus próximos.
 
Estamos vendo a igreja brasileira, adotando práticas estranhas ao meio evangélico, no afã de conquistar almas para o reino de Cristo.
 
Muitos se valem de um texto do apóstolo Paulo escrito à igreja em Corinto (1 Co 9:19:23), para justificar as suas ações. Temos conhecimento de igrejas que promovem bailes “Gospel”, festas juninas ou julinas, concurso de piadas, isto mesmo, concurso de piadas, liberalização e tolerância da prática sexual pré-casamento, tolerância no uso de entorpecentes, tolerância de casamento misto, em pleno desacordo com a palavra de Deus que proíbe o jugo desigual, bingos com sorteio de veículos, para estimular a presença dos fiéis nos cultos, igrejas com caixa dois na tesouraria, pastores que mandam contadores manipularem os seus vencimentos, com falsas informações e fraudes para burlarem o Imposto de Renda.
 
Não vamos aqui nominar igrejas, mas recentemente todos fomos testemunhas dos escândalos financeiros que atingiram determinada instituição religiosa, levando inclusive os seus lideres e fundadores à prisão, fora do Brasil. Há inclusive igrejas, sobre as quais pesa até hoje a acusação de serem verdadeiras lavanderias do tráfico internacional de drogas.
 
Qual punição seria aplicada aos membros da igreja de Sardes, que estavam agindo desta maneira? O texto de (Ap 3:5), sugere que muitos dos seus membros teriam os seus nomes riscados do Livro da Vida. Isto se aplica também nos nossos dias!
 
O Senhor Jesus disse o seguinte: "Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” (Mt 7:15,23)
 
Carta à igreja em Filadélfia
 
Filadélfia era uma cidade da província romana da Ásia, na porção ocidental do que agora é a Turquia Asiática. Ficava localizada a cento e vinte quilômetros a sul este de Sardes. Nos tempos do NT, era a segunda cidade mais importante da Lídia.
 
Originalmente, a cidade foi fundada por Eumenes, rei de Pérgamo, no século II A.C., tendo recebido nome de seu irmão, Atalo, cuja lealdade lhe ganhara o título de “Filadelfo”. Filadélfia jazia perto do limiar de um trecho fértil da região do planalto, o que lhe dava grande parte de sua prosperidade. No ano de 17 D.C., a cidade foi destruída por um terremoto; mas uma doação imperial ajudou em sua restauração.
 
Devidos aos frequentes terremotos, a população de Filadélfia era pequena. A igreja parece ter sido numericamente fraca (ver vers. 8, “tendo pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome”).
 
Não há nenhuma alusão à perseguição das autoridades pagãs nem a heresias dentro da igreja. Em contraste notável à carta que precede e à carta que se lhe segue, não há repreensão nem advertência do Senhor para esta igreja, mas apenas elogios e exortação.
 
A igreja para ser vitoriosa, em sua peregrinação aqui no mundo, deve seguir os passos e exemplos dos crentes da igreja em Filadélfia. Cidade pequena, igreja pequena, mas gigante em sua fé, no meio de uma cidade perversamente corrompida.
 
Isto nos mostra, que não é necessário ser uma mega igreja, para que Deus possa manifestar o seu poder. Há uma ideia muito errada, que igreja abençoada é aquela que é gigante numericamente falando; a igreja de Filadélfia mostra o contrário.
 
O que a igreja precisa é guardar todos os preceitos e mandamentos do Senhor, mesmo que seja insignificante em termos numéricos! O próprio Senhor Jesus disse que onde estiverem dois ou três, ele estaria no meio deles!
 
Carta à igreja em Laodicéia
 
Laodicéia era situada á margem dum rio e ficava no entroncamento de três estradas que atravessavam a Ásia Menor. De modo natural, ela se tornou um grande centro comercial e administrativo. Distava 160 km de Éfeso, e 80 km de Filadélfia. Perto de Laodicéia havia fontes de água mineral morna e que provocava vômito, que o viajante sedento rejeitaria com nojo. (V.16)
 
Três fatos que se conhecem acerca da cidade, lançam luz sobre esta carta: 
  • Era um centro bancário de fabulosas reservas financeiras.
  • As indústrias principais eram de tecidos e tapetes de lã.
  • Possuía também uma faculdade de medicina. 
A igreja não era acusada de imoralidade, nem de idolatria, nem tão pouco de franca apostasia (perseguição era desconhecida em Laodicéia). A terrível condenação que se pronunciava sobre ela era devido ao orgulho e autossatisfação do elemento pagão dentro da igreja de sorte que sua comunhão com Cristo se enfraqueceu tragicamente.
 
A mensagem da carta à igreja de Laodicéia tem sido vista, tradicionalmente, como uma advertência clássica contra uma igreja corrupta e míope, dotada de uma fé cristã superficial.
O que se pode entender com esta carta?
 
Simbolicamente, devemos entender que a igreja que merece somente ser vomitada da boca de Cristo pode ser qualquer igreja, qualquer denominação, qualquer indivíduo que encontrou satisfação em uma coisa que não o Senhor. Por igual modo, a congregação local ou pessoa que apostata de Cristo, está nesta situação.
 
As pessoas podem seguir o ateísmo ou heresias nas crenças e na prática diária. Existem muitos crentes professos que são ateus práticos, porquanto agem como se Deus não existisse. Em seu credo, afirmam que “Deus existe”. Mas em suas vidas asseveram que “Deus não existe”. (V. 17 ...pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.) Esses são os filhos espirituais da igreja de Laodicéia.
 
A igreja dos dias atuais está substituindo a dependência de Deus pela abundância de riquezas materiais. Não é mais necessário ser salvo, mas ser rico, pois dizem que a riqueza traduz a benção da salvação na vida daquele que a possui.
 
Porém Jesus disse que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus, Marcos 10.25. Não é pecado ser rico! O pecado está em se tornar autossuficiente, achando que as riquezas trarão segurança espiritual.
 
A igreja de Laodicéia é um contraste com a igreja de Esmirna: Laodicéia uma igreja rica, porém desprovida da graça de Deus, Esmirna uma igreja pobre, porém cheia e abundante da graça de Deus.
 
Tudo o que precisamos para ser salvo, não é o dinheiro, mas ter o perdão de Deus na nossa vida e o nome escrito no livro da vida! Muitos têm sido enganados, com promessas de prosperidade e riquezas por falsos apóstolos, que nada mais são do que mercenários, que não tem compaixão do rebanho, arrancando-lhes a pele, a lã, o leite e tudo mais que as ovelhas possam oferecer, tiram tudo o que podem, prometendo aos incautos que dando o seu “tudo” o seu “melhor”, receberão cem vezes mais da parte de nosso Deus.
 
É uma mentira deslavada, uma fraude completa, uma distorção proposital da palavra de Deus. Para estes disse o apóstolo Pedro: “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão COMÉRCIO DE VÓS, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme." (I Pe 2:1,3)
 
Assim concluindo, podemos estar certos de que a igreja de Laodicéia em vez de incorporar em si mesma qualquer bem que havia nas demais igrejas estão investidas somente de todos os seus males. Não tem amor, pois abandonou seu primeiro amor (maldade em Éfeso).
 
Habita onde está o trono de Satanás, tendo sido apanhada na imoralidade de Balaão (como sucedia em Pèrgamo). Tolera e entroniza a Jezabel, por ser abertamente maligna e entregue ao paganismo (como se via em Tiatira). Poderá ter nome de ser uma igreja viva, mas na realidade está morta (como em Sardes).
 
Não compartilha das características do remanescente fiel de Filadélfia, mas antes, na realidade, é a “sinagoga de Satanás”, que perseguia aos fiéis crentes filadelfianos. Mostra-se distintamente miserável, pobre, cega e nua. Esqueceu-se da fonte de águas vivas. Haverá algum vencedor nessa igreja?
 
Este é o retrato da igreja de hoje! Que Deus tenha misericórdia do rebanho remanescente, que está espalhado por este Brasil a fora, levantando verdadeiros pastores que amem o Senhor e a sua igreja, fazendo-a voltar aos princípios que mercenários, ladrões e salteadores a espoliaram e despojaram-na! A sã doutrina!
 
Pr. Ubirajara Quintino

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